quarta-feira, 21 de abril de 2010
Uma Maratona Inesquecível- parte 2
No sábado, após trabalhar até o meio-dia, e cerca de 30 horas sem dormir, almocei, cai na cama e apaguei. Dormi a tarde toda, e quando acordei já era quase hora de pegar o ônibus para a segunda noite do festival. Precisava daquela tarde de sono para me recuperar. No sábado seriam dois shows: a banda mineira de rock progressivo, Sagrado Coração da Terra e Titãs. Aquele segundo dia seria menos cansativo. Havia recuperado minhas forças, e no dia seguinte, domingo, não iria trabalhar. Cheguei no mesmo horário do dia anterior, e já conhecendo melhor a cidade, sabia o caminho para o campus da universidade. O local estava bem cheio, principalmente por causa dos Titãs, uma das bandas mais populares da época. O local estava bem mais lotado que na noite anterior. Já havia muita gente gente louca, e a exemplo da sexta, muita maconha era consumida livremente, sem repressão. O Sagrado Coração da Terra, a banda que abriu a segunda noite, fez um grande show. Um rock progressivo da melhor qualidade, que agradou a todos. Era o aquecimento para o tão aguardado show dos Titãs. Poucos minutos depois de encerrado o primeiro show, começou a chover. A chuva aumentava, e quando os Titãs subiram ao palco já caía uma verdadeira tempestade. O chão de barro virou um enorme lamaçal. Eu que estava com uma jaqueta de jeans, me cobri com ela, embora não resolvesse muita coisa. Mas ninguém arredou pé, e o show, mesmo com toda a chuva, foi fantástico e inesquecível. Saí com os pés e a barra da calça completamente enlameados. Novamente tive que aguardar durante horas o primeiro ônibus na rodoviária, e era interessante reconhecer quem estava no show pela lama nos pés e nas calças. Cheguei de manhã, menos cansado do que no dia anterior. Lavei minhas calças e meu par de tênis enlameados, e dormi bastante. O show de domingo estava programado para começar mais cedo, pela tarde. Era tudo que eu precisava. Começando mais cedo, terminaria também mais cedo, e eu poderia voltar no mesmo dia. Havia um ônibus para Ubá a uma da manhã. Minha preocupação era com o horário, pois tinha que abrir a estação às 7:30. Como não daria tempo de almoçar antes de viajar, por causa da hora que acordei, resolvei almoçar por lá. A cidade estava tomada pelo público do evento. Era um clima bem legal. Após almoçar me dirigi ao local do show, e após algum tempo o público foi informado que haveria um atraso nos shows, que só começariam à noite. Comecei a desconfiar que teria que voltar no mesmo horário de ônibus das noites anteriores. Só poderia chegar pra trabalhar com uma hora de atraso. O problema é se tivesse algum trem circulando cedo. Eu teria que dar explicações, e eu era novo na empresa. Mas o que eu pensava naquela hora era nos shows. Na entrada comprei uma camisa com uma foto de Hermeto Pascoal, essa da foto, que guardo até hoje. O primeiro show foi de Egberto Gismonti. Muito bom, embora Egberto não tenha se comunicado muito com o público. Falou através de sua música. Depois subiu um violonista chamado Romero Lubambo. O show final do festival foi de Hermeto Pascoal, que foi de arrepiar. Eu já havia tomado muita cerveja, e estava mais do que empolgado. No fim do show, eu não me esqueço que o cara da barraca em que eu comprei as cervejas me falou que eu fui a figura mais marcante pra ele de todo o festival. Novamente esperei por horas na rodoviária de Viçosa, preocupado com o meu atraso. Ao chegar à estação, apreensivo pelo atraso e esgotado por mais uma noite virada, verifiquei que não houve movimento algum, e meu atraso não foi notado. Apesar do cansaço e de todo sufoco que passei, aquele fim de semana mineiro foi perfeito e inesquecível.
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