Palavras Domesticadas

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domingo, 27 de junho de 2021

A Noite em que Jimi Hendrix Ficou Imortal (JB - 1986)

Em 1986 o mercado fonográfico ainda recebia trabalhos inéditos de Jimi Hendrix. O vasto material ao vivo, principalmente, deixado pelo mago da guitarra ainda trazia um facho de luz e criatividade, mesmo passados mais de 15 anos de sua passagem, para devaneio de seus fãs. No Brasil dois álbuns de Hendrix chegavam às lojas simultaneamente: Jimi Plays Monterey e Johnny B. Goode, um mini-LP, que traz as últimas apresentações do guitarrista, em shows gravados entre maio e junho de 1970, meses antes sua morte. O Jornal do Brasil de 25/07/86 trazia uma resenha dos dois álbuns, em matéria assinada por Luís Antônio Mello, e intitulada “A noite em que Jimi Hendrix ficou imortal’, numa referência a seu incendiário show em Monterey, em 67: “Dezesseis anos após sua morte, o guitarrista Jimi Hendrix ressurge no mercado brasileiro com dois discos inéditos. Jimi Hendrix Plays Monterey, da Polygram, mostra a íntegra da participação do músico no Monterey Pop Festival, que o lançou mundialmente. Johnny B. Good, da EMI-Odeon, é um mini-LP com 5 músicas gravadas no final de vida de Hendrix.
Jimi Hendrix foi imortalizado numa noite de domingo, 18 de junho de 1967, quando subiu no palco do Monterey Pop Festival, na Califórnia. A guitarra canhota de Hendrix, distribuindo rajadas de trovões, não alarmou somente a plateia. Nos bastidores Brian Jones, Eric Clapton, Janis Joplin e Pete Townshend pararam de fazer o que estavam fazendo para assistir a ascensão do novo deus, que transformou a guitarra elétrica num fio-terra, numa confidente, num raio. Anos mais tarde, Townshend chegou a comentar: - Eu estava nos camarins e cutuquei o Eric (Clapton)... Olha lá aquele sujeito. Ele está fazendo o diabo. Decididamente nunca ouvi coisa igual. Inquieto, ansioso, revolucionário, Jimi Hendrix morreu por excesso de drogas aos 27 anos, com três de vida artística consagrada. Seu batismo foi Monterey, que finalmente virou disco, lançado esta semana no Brasil. O nome dispensa comentários: Jimi Plays Monterey. Na capa, uma fotomontagem com uma Fender Stratocaster (guitarra que virou logotipo do músico) em chamas, uma réplica da original que Hendrix tocou, transou, incendiou, e espatifou no palco de Monterey logo após a literal execução de Wild Thing. O disco traz, também, Killing Floor, Foxey Lady, Like A Rolling Stone, Rock Me Baby, Hey Joe, Can You See Me, The Wind Cries Mary e Purple Haze. Jimi Hendrix Plays Monterey foi produzido por Alan Douglas e mixado (em sistema digital) por Mark Linett.
Mais uma vez Hendrix deixa a impressão de que estamos 16 anos atrás de seu som e não à frente de sua morte. Nesse disco, todos os sons produzidos por sua guitarra são aproveitados, dos riffs de blues até a mais mundana microfonia. Jimi era um mestre em brincar com o improviso e gostava de travar diálogos. Mesmo ásperos, com sua Fender. Jimi Plays Monterey é o certificado de eternidade que James Marshall Hendrix deixou impresso em vinil, na testa do mundo.
Já o mini-LP chega ao mercado pela Emi-Odeon mostra o final da vida física de Hendrix e consagra a eternidade de sua obra. O nome do disco é Johnny B. Goode e traz as últimas apresentações do guitarrista, tocando ao vivo em Berkeley (Califórnia) em 4 de maio de 1970 e em Atlanta em 4 de julho. Quem quiser fazer uma comparação com o LP lançado pela Polygram vai sentir que a fome de som e o vigor em palco foram as marcas registradas do músico. Johnny B. Goode traz The Star Spangled Banner, Machine Gun, Voodoo Child, All Along The Watchtower e a faixa-título. Dois discos para serem guardados no armário da eternidade.”

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