Palavras Domesticadas

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terça-feira, 23 de março de 2010

Memórias Esportivas - Parte 2


Alguns jogos de times amadores, que assisti no Estádio Ângelo de Carvalho, do Campos A.A. também ficaram na memória, como um jogo da AABB !(Associação Atlética Banco do Brasil), quando eu assisti a maior performance de um goleiro em jogos naquele período. O cara simplesmente pegava tudo. Foi uma sucessão de defesas cinematográficas e saídas precisas, com direito até a um pênalti defendido. Saí do estádio impressionado com o goleiro da AABB, e nunca me esqueci daquela tarde de sábado.
Um treino inesquecível para mim foi um dos juvenis. Não por causa de um golaço ou de alguma jogada em especial. O treino corria normal, quando entra no estádio um garoto, e próximo ao campo chama pelo nome do irmão, que estava treinando, e grita: “Mamãe ta chamando!”. Os torcedores que acompanhavam o treino começaram a rir da situação. Em pleno treino uma voz gritando para um dos jogadores e pedindo para abandonar o treinamento porque sua mãe estava chamando, virou motivo de piada e constrangimento para o futuro craque, que indiferente, continuou treinando até o fim.
Em 6 de agosto de 1974, nos festejos do padroeiro da cidade, o time do Palmeiras, de Leão, Luís Pereira, Leivinha e Ademir da Guia veio fazer um amistoso em Campos, no campo do Goitacaz. Naquela época não era comum grandes equipes do futebol brasileiro virem jogar em Campos. A participação do Americano no Campeonato Nacional (como era na época chamado o Campeonato Brasileiro) só aconteceria no ano seguinte, assim como a presença de Americano e Goitacaz no campeonato estadual só viria acontecer em 1976. Portanto, a presença do timaço do Palmeiras, que se tornaria campeão brasileiro daquele ano de 74, conhecido como “Academia”, se tornou um acontecimento marcante nos meios esportivos. O adversário que enfrentaria o temido “verdão” não seria o Americano, Goitacaz, nem um combinado campista, mas sim o Campos A.A.. Outra atração para essa partida seria a presença do meia Afonsinho, um jogador que se notabilizou não só por seu excelente futebol, mas também por ser talvez o primeiro jogador a lutar pelos direitos do atleta profissional, e bater de frente com treinadores e cartolas. Afonsinho veio, inclusive, a ser homenageado por Gilberto Gil em uma música chamada “Meio de Campo” (Prezado amigo Afonsinho/ Eu continuo aqui mesmo/ Aperfeiçoando o imperfeito/ Dando um tempo/ Dando um jeito/ Desprezando a perfeição). Afonsinho atuou durante 45 minutos com a camisa do Campos.
Eu não poderia terminar sem lembrar de outra partida do Campos, que eu vi dois anos depois. Os tempos já haviam mudado. Americano e Goitacaz passaram a disputar o campeonato estadual, após a fusão da Guanabara com o antigo Estado do Rio, e se tornou inviável disputarem ao mesmo tempo o campeonato campista. Naquele ano de 1976, pela primeira vez o campeonato campista era disputado sem suas duas grandes forças.
Eu já não acompanhava muito o futebol de Campos, mas não pude deixar de comparecer àquela partida. Decisão do campeonato: Campos x Paraíso, no campo do Americano. Vi o Campos sair de lá campeão do último campeonato campista de futebol. Não me lembro do placar (talvez 3x1) nem do nome de nenhum jogador. Meu avô, que havia me ensinado a amar o “roxinho”, já não estava nesse mundo, mas aquele jogo eu vi por ele, e voltamos pra casa campeões.

2 comentários:

  1. Márcio, o placar da final contra o Paraíso em 1976 foi dois a zero para o Campos, gols de Ori aos 38 min do 1º tempo e aos 38 min do 2º tempo (uma dessas coincidências do futebol. O primeiro jogo tinha sido zero a zero. E o Campos foi campeão com Campos: Dilsinho; Sérgio Alcântara, Xavier, Zé Luís e Fernando Gavião; Rubinho, Emilson e Robson (Joãozinho); Ori, Tatalo e Zé Antônio.

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  2. Detalhe: os dois gols de Ori foram de cabeça.

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