sábado, 27 de março de 2010
Os Beatniks de Katmandu
A antiga revista semanal O Cruzeiro trazia em junho de 1967 uma matéria intitulada Os Beatnicks de Katmandu, sobre um grupo de andarilhos que se instalaram no Nepal. Apesar da época ser o auge do movimento hippie, eles eram denominados beatniks, talvez por não seguirem exatamente os mandamentos hippies. Olhando as fotos, realmente eles não traziam a indumentária típica dos hippies, e não eram tão desapegados aos bens materiais, sendo por isso mesmo mais identificados com os beatniks. Eis a transcrição da matéria:
"Eles vieram de Nova Iorque, de Londres, de Paris.E encontraram na capital do Nepal condições para estabelecer seu paraíso terrestre. Em Katmandu, ninguém se incomoda que eles cortem ou não os cabelos. Com o dinheiro que trouxeram, conseguem no câmbio negro local, o suficiente para levar vida de reis, principalmente os que trocaram dólares. Por apenas uma rúpia, no Blackman Bar ou no Globe, podem almoçar fartamente. O resto do dia é consumido nas rodas de haxixe, que eles fumam, um de cada vez, como o cachimbo da paz. Quando o cansaço os domina, os templos budistas lhe servem de estalagens acolhedoras. Repatriação é uma palavra riscada do seu dicionário. Só procuram suas respectivas embaixadas para requerer salvo-condutos que lhes permitam desfrutar, por mais algum tempo, o seu paraíso. Onde não falta sequer o pão do espírito: há a filosofia asiática para inebiá-los, segundo um deles, Larry, um americano, diz que vai fazer-se monge. O francês Michel está aprendendo o nepalês para se entender melhor com os nacionais, e afirma ter encontrado o "essencial", que não explica o que seja. As coisas deste mundo não os interessa, exceto se encontrarão bom arroz para o repasto ou se o preço dos alimentos está em alta ou baixa..."
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Interessante, man. Me bateu a curiosidade de saber mais sobre esses caras, apesar de algo me dizer que seria praticamente impossível.
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