Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Revista Bizz Especial - New Wave (1987)


A revista Bizz, que circulou entre os anos de 1985 e 2001, foi durante esse período o principal veículo de informação sobre música, (especialmente rock), cultura pop e informações culturais direcionadas ao ´principalmente ao público jovem. Vez ou outra a revista trazia um suplemento especial destacando determinado assunto, ligado ao mundo do rock. Também costumavam lançar edições especiais, vendidas separadamente. Em sua edição nº 24, de julho de 1987, a revista trouxe um suplemento especial encartado, destacando a New Wave, um movimento que dominou a cena musical entre o fim dos anos 70 e os primeiros anos da década seguinte. Trazendo textos de jornalistas especializados, colaboradores da revista, como Fernando Naporano, Jean-Yves de Neufville e Thomas Pappon, o suplemento traz um resumo da cena musical que deu origem ao movimento New Wave, e seus vários desdobramentos, origem e derivados, desde o Punk Rock (Sex Pistols, Clash, Buzzcocks), o Pós-Punk (PIL, Magazine, Gang Of Four, Durutti Column), o Tecnopop (Human League, Heaven 17), New Romantic (Japan) Two Tone (Specials, Beat), New Pop (SABC, Orange Juice), Gótico (Bauhaus) e Industrial (Cabaret Voltaire, Psychic Tv).

Trazendo na capa uma figura icônica da New Wave, a cantora Debbie Harry, uma ex- coelhinha da Playboy (que aparece também na foto acima), o suplemento em seu texto introdutório diz:
"Esse  suplemento especial foi concebido para jogar alguma luz sobre o assunto, suas origens, paralelos com o punk, e ramificações pós-punk. Uma das revelações que podem parecer surpreendentes é a New Wave não representar nenhuma ruptura - foi muito mais uma sobrevivente de um veio aberto pelos Stooges e pelo Velvet Undergroung, levada por bandas de Nova York como o Television (cujo líder Tom Verlaine, aparece na foto abaixo) e os New York Dolls pouco após a dissolução dos grupos citados."
Dentre as bandas que começavam sua carreira ainda nos anos 70, e que viriam a formar o cenário de um novo panorama do rock , um nome importante foi os Talking Heads, que começaram em 75, e gravariam seu primeiro disco dois anos depois, e se tornaram uma das bandas de maior destaque da New Wave, que surgia. Liderada por David Byrne, um multiartista com uma visão ampla e aberta a experimentações, a banda fazia um som que trazia influências das mais amplas, desde o funk até o pop.
Outra banda marcante da New Wave, e que em sua época conseguiu alcançar  sucesso comercial, foi o The Cars, uma banda de Boston, que lançou seu primeiro disco em 78, e que tinha como líder Ric Ocasek. O crítico Thomas Pappon em seu texto destaca que "este quinteto fazia um som despretencioso, cool, com melodias delicadas em beats bem dançantes (aliás, esta é a maior característica da New Wave)."
Outra banda marcante do estilo, e que trouxe um trabalho bem original é o Devo (foto acima), formado na cidade de Akron, Ohio por estudantes de arte da universidade local. "Com seus uniformes futuristas, gestos robotizados e letras cínicas, o Devo virou um protótipo da new wave americana", diz o texto de Pappon.


Bandas como B'52, outro ícone do estilo, também são citadas, assim como algumas outras que se desdobraram em outras correntes, como o Psychobilly, que nasceu a partir do trabalho do The Cramps (foto acima), também destacado no suplemento. Outras bandas, algumas hoje esquecidas, também são citadas, como A Certain Ratio, Associates, Au Pairs, Birthday Party, Dexis Midnight Runners, Fall, Killing Joke, League Of Gentlemen, Psychedfelic Furs, Teardrop Explodes, XTC, etc. Trata-se de um bom trabalho de pesquisa sobre um período interessante do rock.

3 comentários:

  1. Eu não estara exagerando ao dizer que essa revista mudou a minha vida Márcio. Não tinha internet e a Bizz era tudo o que eu tinha. Eu já simpatizava bastante com a New Wave e o Pós-Punk (e principalmente o punk). Ia na Caina e pedia para o Paulo André para ouvir quase todas essas bandas. Eu me lembro dessa revista com muita saudade, mas muita mesmo, pois ela foi um divisor de águas para mim. Construi a minha musicalidade ouvindo os punks da década de 70 e 80 e moldei todo o resto depois que li essa revista. Tinha todas essas bandas no vinil e hoje tenho todas (todas mesmo!) em CD ou DVD.
    Uma das melhores lembranças que tenho do temp mais feliz da minha vida! Valeu por ter postado isso!

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  2. Valeu, Cassio. A coleção completa da Bizz é uma riqueza que possuo. Obrigado pelo comentário. Abraço

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  3. Essa revista realmente mudou minha vida também, nessa época não se tinha acesso às bandas,só a bizz realmente nos deixava à par de tudo que acontecia, fui assinante e grande colecionador dessa revista,saudades.

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