Palavras Domesticadas

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domingo, 22 de julho de 2012

Setentarismo - Uma Bela Estreia

Na última sexta-feira, dia 20, no evento Le Rock, acontecido no espaço Folha Seca, aconteceu a estreia em palcos da banda Setentarismo. É sempre bom ver surgir novas bandas para aquecer a cena do rock na cidade, principalmente quando há alguma proposta de renovação no sentido de apresentar uma vertente pouco explorada. A Setentarismo, cujo nome já é bem interessante, se propõe justamente a trazer um repertório não explorado por bandas locais, e sem se preocupar em trazer músicas já conhecidas e interpretadas por outras bandas. O caráter lado B da banda é que traz esse diferencial.
Formada por Pedro Henrique Meireles (violão e vocal), Ricardo Kadico (violão), Júlia Sciamarella (baixo) e Bernardo Arenari (bateria), a Setentarismo fez sua estreia com competência, demonstrando que tem condições de conquistar seu espaço na cena do rock em Campos, e realizar muitos outros shows. Seu caráter intimista - eles tocam sentados - explorando um formato quase acústico, mas sem cair nas armadilhas de uma possível falta de empolgação que esse tipo de proposta pode exercer sobre o público, a Setentarismo trouxe um repertório formado em sua maioria por músicas de bandas dos anos 80, como The Smiths (Hey Soon is Now), The Cure (In The Between Days), Echo & The Bunnymen (The Killing Moon), Talking Heads (Psycho Killer) e Pixies (Here Comes Your Man e Hey!). A cena dos anos 80, apesar de ter representado uma mudança na forma de se fazer rock, apresentando propostas renovadoras - a conhecida cena de Manchester exemplifica bem essa renovação - é muito pouco explorada pelas bandas atuais, e a Setentarismo vem preencher essa lacuna. Mas a banda também traz em seu repertório bandas de outras épocas, como Pink Floyd (a psicodélica Lucifer Sam, do disco de estreia da banda, The Piper at the Gates of Dawn ), Dick Dale (Misirilou), Smashing Pumpkins (Cherub Rock), Queens Of The Stone Age (You Make It Wit Chu) e Violent Fammes (Blister In The Sun).
A banda subiu ao palco por volta de meia-noite. Pedro Henrique exercia pela primeira vez a função de vocalista, e não fez feio. Nem sempre é tranquila a função de assumir os vocais de uma banda pela primeira vez, mas Pedro se saiu bem. Júlia, o único elemento da banda que eu nunca havia visto tocar, também mostrou boa desenvoltura no baixo. Kadiko, assumiu o outro violão com segurança, e Bernardo na bateria simplificada e percussão, como mandava o caráter intimista.
A proximidade com o público ajudava a passar para a banda a empolgação necessária para que o show de estreia obtivesse uma boa resposta, e assim as músicas, mesmo as menos conhecidas, iam aos poucos empolgando e deixando a banda mais à vontade no palco. The Killing Moon, do Echo & The Bunnymen, por exemplo, foi um dos grandes momentos do show, assim como as duas do Pixies, uma das grandes bandas alternativas dos anos 80 e 90, e a do Smashing Pumpkins, numa levada pessoal. Ouvir Smiths também foi uma boa experiência para quem, como eu, admira as bandas inglesas dos anos 80. A música que mais me empolgou, e que comentei com a banda após o show foi Psycho Killer, uma das melhores músicas de uma de minhas bandas favoritas daquele período, o Talking Heads. Não pude vê-los executar essa música, pois estava na longa fila da cerveja, mas foi interessante ver várias pessoas próximas cantando o refrão da música. A presença de músicas de bandas atuais no repertório, como Violent Fammes e Queens Of The Stone Age, mostra que a banda não se prende a um caráter nostálgico. Foi uma bela estreia, e espero poder assitir a mais shows da Setentarismo, que mostrou que ainda tem muito a oferecer.

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