Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Pedras Rolando no Sesc com a Vibratto


O SESC Campos vem apresentando neste mês de outubro o projeto 70 - Os Anos Que Não Se Foram. E para falar nos anos 70 nada melhor que a música que se produziu naquele período para se ter uma visão do que foram aqueles anos agitados, conturbados, mas acima de tudo criativos. Dentre os shows programados, ontem aconteceu o da banda Vibratto, já bem conhecida no segmento classic rock/blues de Campos. O show, denominado "Only Rolling Stones", fez um apanhado da carreira da banda inglesa, com músicas que já fazem parte do repertório da banda, além de algumas novidades, já que é a primeira performance da Vibratto dedicada a uma única banda.
Acompanho a carreira da Vibratto desde sua primeira apresentação, no final de 2007, em uma pequena participação após um show do extinto trio Black Dog Blues no Bar do Gordo. A partir de 2008 a banda realmente começou a tocar seu repertório baseado em classic rocks dos anos 60 e 70, e começou a cativar seu público. Daqueles primeiros shows pra cá, a formação da banda é praticamente a mesma. A única alteração foi a saída do baixista original, Felipe Capachão, que foi substituído por Sérgio Máximo. Outra alteração, apenas provisória, foi a entrada do guitarrista Rafael Caetano substituindo Israel Squef, que morou fora em 2010. Os demais membros - Thiago Azevedo (vocais), Felipe Machia (guitarra) e Dario Buján (bateria) sempre fizeram parte da banda.
Foi a primeira vez que vi a Vibratto tocando em um teatro, e também a primeira vez que assisti a um show deles completamente sóbrio, o que não alterou em nada meu entusiasmo, embora tenha sentido falta da cerveja, essencial principalmente por se tratar de um show em homenagem aos Stones, umas de minhas bandas preferidas.
A acústica de um teatro ajuda na qualidade do som, embora tenha achado que a guitarra de Felipe em certos momentos poderia ganhar um pouco mais de volume. O show, pela temática do evento, foi calcado no repertório do Stones dos anos 70, mas curiosamente se iniciou com um hit da banda de 1981, Start Me Up, do disco Tatto You.
Thiago tem uma excelente voz, e é um ótimo intérprete dos Stones, assim como das demais músicas do repertório da Vibratto. Os backig vocals de Israel, Sérgio e Dario ajudam a moldar as interpretações, com um ótimo resultado.

Ao longo do show não poderiam faltar várias das pérolas dos Stones que a banda já interpreta em seus shows, como Brown Sugar, Bitch, Under My Thumb, Honky Tonky Women, Gimmie Shelter, entre outras. Dentre as novidades, I'm Free, Happy (umas das poucas músicas dos Stones com vocal de Keith Richards) e Wild Horses. Nessa última música, por sinal, por se tratar de uma balada, de caráter mais intimista, Israel tocou violão em substituição à guitarra. Um outro senão em relação ao som, é que o som do violão ficou abafado pelo baixo, que poderia ficar num volume menor. Mas esse detalhe não comprometeu a bela interpretação. Para o final da apresentação eles guardaram uma das mais emblemáticas e contagiantes músicas dos Stones: Jupin' Jack Flash - uma excelente maneira de se encerrar qualquer show de rock, independente de ser em homenagem aos Stones ou não.
Foi bom ver o teatro de SESC lotado, e o pessoal curtindo mais um ótimo show de rock. Agora é aguardar a nova empreitada da Vibratto, que é mostrar seu trabalho próprio de composição. Algumas dessas músicas já são tocadas em seus shows, mas uma apresentação somente com repertório próprio é sem dúvida um desafio, já que é sempre mais fácil cativar um público com músicas já conhecidas. Enquanto isso, as pedras continuam rolando.

4 comentários:

  1. Marcinho, mais uma vez é um grande prazer poder ler suas palavras elogiosas ao nosso trabalho. É um trabalho feito com muita paixão e, como vc deve saber, não é muito recompensado. Se por um lado tocar rock não é a coisa mais fácil do mundo, por outro, creio que seja o estilo que tem o público mais fiel. E assim o é com a ViBraTTo. Ontem pudemos lotar o Sesc com o público que sempre nos acompanha, o que é muito gratificante. Pessoalmente, sei que poderíamos ter feito um show ainda melhor pois tivemos alguns imprevistos ontem e tocamos sem fazer a passagem de som devida, por isso a questão do volume do violão. Mas... o retorno da galera foi muito bom e é isso que vale. Mais uma vez muito obrigado pelas palavras e pelo apoio de sempre ao nosso trabalho! Grande abraço! ... and keep on rollling!

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  2. É sempre uma honra ler resenhas suas sobre a Vibratto. As novas do show de ontem incluem também: All down the line, Can't you hear me knocking e Tumbling dice. A propósito, Start me Up foi uma pegadinha mesmo! Acho impressionante a sua 'leitura' dos nossos shows! Ótimas observações! Um abraço!!

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  3. O show foi maravilhoso. O timbre do Thiago lembra mesmo o Mick Jagger, os backing vocals foram precisos (acústica de teatro e boa regulagem do som ajudam). A guitarra de Israel dispensa comentários, sempre sensível e sóbria, limpa e clara, como sugere o desenho telecaster dos seus instrumentos. Adorei o violão de Wild Horses, com a afinação adequada. Concordo com Márcio em relação à guitarra do Machia. As duas Les Paul genuínas, verdadeiras obras de arte, plugadas a um poderoso amplificador Lifesound, soaram muito tímidas. Uma das coisas que acho mais bacana nos stones é justamente o fato de não se ter a classificação de um guitarrista base e outro solo. Wood e Richards tocam praticamente no mesmo volume, um complementando a nota tocada pelo outro, em perfeita harmonia.
    Enfim. O show foi maravilhoso, repertório bem escolhido e músicas interpretadas com responsabilidade e fidelidade. Aguardo ansioso pelo material autoral da banda.

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  4. Agradeço muito os elogios à banda Rodrigo! A gente tem se dedicado bastante à pesquisa por timbres, sempre buscando a sonoridade desta época. Eu e o Felipe usamos afinações alternativas (como a Open G) em algumas musicas, além do violão de Wild Horses. Fico feliz que tenha gostado! Um abraço!

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