Palavras Domesticadas

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Preciosidades em Vinil : Transa - Caetano Veloso


Um disco histórico. É o que se pode falar do álbum Transa, de Caetano Veloso. Gravado em 1971, durante seu exílio londrino, o disco seria lançado no ano seguinte, quando Caetano já havia voltado em definitivo ao Brasil. Com participação e arranjos de músicos brasileiros: Jards Macalé, Tutti Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Sousa, Transa representou uma retomada na carreira de Caetano.
Ainda trazendo em sua grande maioria composições em inglês: You Don't Know Me, Nine Out Of Ten, It's A Long Way, Neolithic Man e Nostalgia ( That's What Rock'n Roll Is All About), o álbum, ao contrário do que pode sugerir, tem uma sonoridade bem brasileira. Os arranjos e a produção musical de Jards Macalé ajudaram a definir a linha musical pretendida por Caetano na época, que segundo o próprio, experimentava um crescimento em virtude do que assimilara em Londres, ao lado de Gilberto Gil.
Sobre Transa, Caetano comentou em seu livro de memórias Verdade Tropical:
"Minha ideia era fazer um grupo que tocasse a partir do meu próprio modo de tocar violão. Tutti Moreno já estava morando em Londres e Áureo de Sousa tinha chegado para passar algum tempo. Juntamente com Tutti, ele se encarregaria da bateria e da percussão. Escrevi para a Bahia chamando Moacir Albuquerque, o belo e talentoso irmão de Perinho, para fazer um 'contrabaixo baiano' para a minha banda. Ele também aceitou. Daí nasceu o Transa, um dos meus discos preferidos(...) Entreguei a direção musical a Macalé, que era um violonista de verdade."

Apesar do excelente resultado no trabalho final do álbum, Transa, segundo se conta, desencadeou uma longa cisão pessoal e artística entre Caetano e Macalé, que teria ficado descontente pelo fato do álbum não ter trazido uma ficha técnica que creditasse sua participação e dos demais músicos na concepção do disco.
Caetano, mais tarde, em uma entrevista ao Jornal do Brasil diria:
"Como é que bota essa bobagem de dobra e desdobra, parece que vai fazer um abajur com a capa, e não bota a ficha técnica? Era importantíssimo. Era um trabalho orgânico, espontâneo."
As duas faixas cantadas em português: Triste Bahia (Gregório de Matos Guerra e Caetano) e Mora na Filosofia (Monsueteo Menezes e Arnaldo Passos) completam o álbum com duas gravações primorosas.
Transa, com todo merecimento, sempre entra em qualquer listagem de melhores discos brasileiros de todos os tempos. Na edição especial da Rolling Stone brasileira dos 100 melhores discos brasileiros de todos os tempos, aparece em oitavo.

Um comentário:

  1. Legal saber que taratitaragua existe desde 2009 e só agora soube da sua existência. Legal...

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