Existem pessoas que acabam se tornando personagens fortuitos em algum momento de nossas vidas. Personagens que somente fizeram parte de um breve instante que vivenciamos, e que normalmente seriam logo depois esquecidos. Pessoas que nunca soubemos o nome e que nem somos capazes de reconhecer se encontrarmos na rua, mas que por algum motivo permanceram em nossa memória, e acabam ganhando uma denominação especial. Vou citar um desses personagens.
Eu havia entrado para uma empresa, e na fase de treinamento, um dos módulos do curso de preparação acontecia em Petrópolis, onde havia uma grande área onde se localizava um núcleo de treinamento pertencente à empresa. Nossa turma chegou num domingo à noite, para lá pernoitarmos, e iniciarmos nosso curso no dia seguinte.
No local havia salão de jogos, instrumentos de samba, som à disposição, bar com cerveja, campo de futebol society, piscina, etc. Aproveitamos a noite livre e tomamos conta do ambiente. Jogamos sinuca e damas, improvisamos uma roda de samba, tomamos muita cerveja, e tudo a que tínhamos direito.
No dia seguinte, após o curso, já no final da tarde, jogamos futebol e tomamos banho de piscina, apesar do frio que fazia. À noite, fomos para a área de lazer. Mas ao chegarmos, já havia um outro grupo no ambiente, que havia chegado naquele dia, e desfrutando de "nosso" espaço.
A primeira imagem dos invasores que me lembro de ter visto foi um coroa tentando acompanhar com um pandeiro uma gravação de Johnny B. Good com Chuck Berry, que um dos nossos colegas havia levado, de uma coletânea de rocks dos anos 50. Logo pensei comigo: "Esse pessoal vai cortar nossa onda". Esse pensamento foi geral entre o nosso grupo. Tínhamos que disputar com eles os instrumentos de samba, as mesas de sinuca e o espaço. Ficamos putos com a situação, e por isso não houve uma integração entre os dois grupos.
Nosso curso durou três dias, assim como o difícil convívio com a outra galera. No último dia, uma quarta-feira, passaria na tv um jogo entre Cruzeiro e Vasco. Um de nossos colegas, chamado Cláudio, era muito vascaíno, e começou a exaltar o Vasco em voz alta. Um dos membros do outro grupo, também vascaíno, e já meio bêbado, após ouvir as exaltações ao Vasco, se aproximou de nós e falou algo do tipo: "É isso aí!" Mas o pessoal de nosso grupo não se manifestou, nem mesmo o colega vascaíno. Então denominei esse personagem fortuito de Marimbondo Vascaíno Intruso de Fogo.
O "Marimbondo" é porque costumo chamar de marimbondos certas pessoas que preferíamos que não estivessem em determinado lugar onde temos que ficar, pois causam incômodo, como os marimbondos. Se há uma casa de marimbondos em um determinado local por onde temos que passar, nos sentimos incomodados. Por ele ter se manifestado após uma declaração de apoio ao Vasco, virou Marimbondo Vascaíno. O "Intruso" é devido à sua condição para nós, naquele momento. O "de Fogo" é porque uma das formas usadas para definir uma pessoa embriagada é dizer que ela está "de fogo", e é também uma brincadeira com o título de um livro de José Sarney chamado Marimbondos de Fogo.
E assim esse personagem foi denominado de Marimbondo Vascaíno Intruso de Fogo.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
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