Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Jethro Tull - o Som Mágico que Ilumina os Pirados (Revista Pop 1975)

Em sua edição nº 36 (outubro de 1975) a revista Pop trazia uma matéria com a banda Jethro Tull. Na chamada da matéria, a revista trazia o seguinte texto:
"Da flauta mágica de Ian Anderson sai um som que lembra contos de fada, florestas encantadas e outras transas que levam a moçada para um mundo onde a realidade e fantasia são uma coisa só. Ele é a alma do Jethro Tull, grupo de cinco ingleses que estava em recesso por causa da crítica. Mas que voltou com muito mais magia, iluminando os pirados do mundo."
Na época, a banda realmente entrou em recesso, e estava voltando à ativa, mas não creio muito que o período de recesso tenha sido motivado pela crítica musical. Talvez tenha sido uma necessidade de reformular o som, pensar em novas sonoridades, já que o líder da banda, Ian Anderson sempre foi um artista inquieto. Mas é verdade que o disco A Passion Play, de 1973, foi muito mal recebido pela crítica da época. Abaixo a matéria:
"Os caras que curtem a música pop a sério costumam dizer que 'se você quer ouvir alguma coisa no estilo do Jethro Tull, não há outro jeito: tem que ouvir o próprio Tull'. Isso tem uma explicação: desde que apareceu na Inglaterra, em 1968 (com o LP This Was), até agora - quando voltou a se apresentar ao vivo depois de mais de um ano de recesso - o grupo dedicou-se a um estilo de música original e único, que nenhum outro grupo pop se aventurou a imitar ou desenvolver. E superficialmente, a fórmula do Tull parece não ter segredos: baseia-se em rock, sons eruditos, canções medievais e jazz.
Ian Anderson
Mas o segredo é Ian Anderson, o líder do grupo, e sua flauta mágica. Ele é um dos caras mais inquietos, inteligentes, pirados, criativos e brilhantes de toda a história da  música pop. Em cena, parece um duende tocando uma flauta encantada. Dança como um louco, voa entre os outros caras do conjunto, cria um clima que conduz os ouvintes ao universo dos contos de fadas, florestas encantadas, sapos que se transformam em príncipes e por aí a fora. Dizem até que sua flauta é encantada e tem vida própria.
Ao redor dele, quatro músicos de grande sensibilidade e poder de improvisação seguram o conjunto: John Evan (teclados), Jeffrey Hammond-Hammond (baixo), Martin Barre (guitarras) e Barriemore Barlow (bateria e percussão). O resultado do envolvimento desses caras com a lúcida piração de Anderson, que usa desde a flauta, até violão e acordeão, é realmente inimitável: como bruxos ou mágicos, eles conseguem levar as cabeças do público aos limites mais remotos da consciência, onde a realidade e a fantasia transformam-se numa coisa só.
E o sucesso parece não ter muita importância para eles: acima dele, está a preocupação com  a música e  o prestígio.
Barriemore Barlow e John Evan
Quando o Jethro Tull surgiu, em 1968, ao mesmo tempo que seu primeiro LP subia nas paradas, a crítica inglesa saudava o grupo como inovador e surpreendente. Uma série de shows irrepreensíveis e dois novos discos (Stand Up, em 69, e Benefit, em 70), com um repertório baseado em baladas acústicas, serviram para confirmar o sucesso. Mas Ian Anderson não estava satisfeito. E em 1971 ousou lançar Aqualung, um álbum conceitual questionando valores religiosos e sociais. No ano seguinte, novo trabalho conceitual, Thick as a Brick, enfatizando a preocupação humana e social com minorias rejeitadas pela sociedade. As músicas do disco, apresentadas de forma teatral pelo grupo, foram saudadas como 'a coisa mais inteligente apresentada pelo rock até então'. O segundo disco do ano (Living in the Past) também bateu recordes de vendagem.
E em 73, o Jethro Tull apresentou A Passion Play, outro trabalho ousado que rendeu muito dinheiro mas sofreu críticas violentas da imprensa. Por isso, em agosto desse ano, justo quando o LP chegava ao primeiro lugar das paradas inglesas, Ian Anderson anunciou que o Jethro Tull entraria em recesso, por tempo indefinido. Ficou um buraco na música pop.
Mas, no ano passado, o mago Anderson entrou novamente em transe e reuniu outra vez os músicos, escreveu novo álbum (War Child), falando das trágicas consequências da guerra atômica, e o Jethro Tull voltou para a estrada. E foi muito bem recebido por todo mundo."

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