Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Entrevista com o DJ Tupamaro


Tarati-Taraguá apresenta uma entrevista com o lendário DJ Tupamaro, que nos anos 70 promovia noitadas movidas a muito som, que até hoje são lembradas.

Tarati-Taraguá: Como você começou a atuar como DJ?
Tupamaro: Por volta de 78 eu já tinha uma boa aparelhagem. Era o auge da febre da "disco music", mas eu queria ouvir algo diferente e bom pra dançar.
TT: Foi nessa época que você criou a Papa-Capim Disco Club? Por que esse nome?
T: Exatamente. Eu morava em uma espécie de chácara, onde havia um galpão de madeira onde se guardava só coisas velhas, tipo móveis quebrados e sucata. Então falei com meu pai, joguei fora a velharia e dei uma arrumação pra fazer ali uma mini-danceteria, ou discoteca, como era chamado na época. O nome Papa-Capim foi uma brincadeira com a discoteca Papagaio, uma das mais badaladas da época. Em comparação, a minha era só um papa-capim - um passarinho de gaiola.
TT: A Papa-Capim era famosa por tocar músicas dançantes, mas fora da "onda disco". Como vc conseguiu furar o bloqueio do modismo da época?
T: Não foi fácil. No início muitos dos poucos frequentadores voltavam pra casa reclamando da falta dos hits da época. Mas aos poucos uma galera que também não curtia a "onda disco" sacou o diferencial, e a Papa-Capim acabou virando cult.
TT: O que você tocava?
T: Eu até tocava algumas coisas do estilo discoteque, mas era raro. Tocava mesmo era funk americano, soul, black music em geral, música de balanço.
TT: Sua aparelhagem era famosa.
T: Sim. Eu tinha uma aparelhagem de respeito. A melhor da região. Me lembro até hoje: Dois pré-amplificadores e dois amplificadores Marantz de 125 watts (RMS) por canal, duas pick-ups Philips GA-212 com unidades Shure V-15 Track II, um mixer que fazia a conexão do sistema com o gravador Philips 4450 de 3 motores e 6 cabeças. Os alto-falantes, 22 ao todo eram assim distribuídos: 4 caixas JB Lausing 101 (cada caixa tinha dois auto-falantes de 14" e um extenderange D-145), 4 alto-falantes JBL modelo D-130 montados em caixas de madeira maciça, dois woofers JBL-LE 175 e dois drivers JBL-375 com seus divisores de frequência (4NI200, LLX5 e 4LX10) correspondentes.
TT: Quando e por que a Papa-Capim acabou?
T: Com o crescimento do público, a estrutura do local já não estava suportando o grande afluxo de pessoas. Só havia um banheiro, o barulho já começava a incomodar a vizinhança... então resolvi parar com a Papa-Capim.
TT: Depois você criou a Festa do Tamandy-Tapy, certo?
T: Sim, mas foi quase um ano depois. Eu conheci um cara chamado Mário "Little Bird's Face", que tinha uma estrutura de metal com uma lona. Então ele me propôs criar uma festa itinerante, e assim criamos a Festa do Tamandy-Tapy, onde tocava basicamente o mesmo tipo de som que rolava na Papa-Capim, além de rock e blues.
TT: Obrigado pela entrevista
T: Valeu, cara.

Um comentário:

  1. Meu querido adorei seu blog, incrivelmente inteligente. Tornei-me sua seguidora. Beijoca(se tiver um tempinho de uma passadinha no Devaneios)

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