Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O Led Zeppelin e o Ocultismo


 O volume dois de uma coleção sobre a história do rock, distribuída em bancas de jornais, chamada "Rock - 40 Anos de História", que engloba as décadas de 60 e 70, fala do Led Zeppelin e seu envolvimento com o ocultismo, fato bem comentado na época. No texto vários fatos ligados à banda, ligados ao assunto são relatados. Segue abaixo a transcrição da matéria:

"Nenhum grupo se tornou tão conhecido pelas suas inclinações ao ocultismo como o Led Zeppelin. Bandas de heavy-metal anos depois transformariam o satanismo num teatrinho de horrores, mas Page e Cia inseriram postura e música dentro de uma tradição secular de magia e misticismo.

Apesar do confuso interesse de Plant por lendas do folclore celta, o único iniciado dos quatro era Jimmy Page. Alesteir Crowley, a Grande Besta 666, era objeto de sua mais profunda admiração. Misto de poeta e filósofo, Crowley levou uma vida dedicada a todos os tipos de auto-abusos físicos e sexuais. Praticante de magia negra e viciado em heroína, sua trajetória foi marcada por processos respondidos por obscenidades em livros e longas viagens pela Europa. Page levou sua identificação ao extremo de comprar a mansão que pertencera ao mago, localizada às margens do lago Ness, onde segundo crença popular, viveria um monstro pré-histórico. A casa tinha péssimos antecedentes; o penúltimo morador se suicidara, o último ficara louco.

As alusões ao ocultismo se tornaram perceptíveis a partir do quarto álbum, que não trazia título, apenas quatro símbolos relacionados a cada um dos integrantes. A capa interna vinha adornada por um desenho do eremita, uma das cartas do tarô. Nas músicas, descrições de batalhas celtas ('Battle of Evernmore') e um título ('Black Dog') que evocava a representação medieval para o demo. Mas é a clássica 'Starway To Heaven' que sintetiza a atmosfera geral em ícones pagãos tais como a 'rainha da primavera', 'o flautista' e imagens como 'florestas que ecoam risadas', além de alusões à alquimia e busca espiritual. as referências prosseguiram em canções como 'No Quarter' e no filme Rock É Rock Mesmo, onde entremeadas às cenas de concertos, todos deram vazão às suas fantasias medievais.

Nunca faltaram boatos sobre ritos de magia praticados após os shows e orgias monumentais que tinham lugar nos hotéis. Intrusos raramente eram admitidos, o que reforçava as especulações, esbarrando no terreno das lendas. O que se sabe é que Page dedicou, anos a fio, seu tempo livre a compor uma nunca utilizada trilha sonora para o filme Lucifer Rising do diretor underground americano Kenneth Anger, outro fanático seguidor de Crowley.
Uma sequência de circunstâncias adversas contribuiu para que se jogasse mais lenha à fogueira. Primeiro Page prendeu o dedo na porta de um trem e ficou impossibilitado de tocar durante meses. Pouco tempo depois numa viagem pela  Grécia com sua família e a filha de Page, Plant sofreu sério acidente automobilístico. Sua participação no álbum Presence teve que ser gravada durante a convalescência numa cadeira de rodas.
Em 77, Karac, filho de Plant, morreu com apenas cinco anos, vítima de uma doença não diagnosticada. O grupo saiu de circulação por um longo período. Os comentários era que Plant culpara Page - que teria levado suas práticas longe demais, pelo acontecido. No ano seguinte Sandy Denny, excepcional vocalista do Fairport Convention, que dividira com Plant os vocais de 'Battle of Evernmore' caiu de uma escada e morreu vítima de hemorragia cerebral em circunstâncias até hoje não explicadas.
Robert Plant
Dois anos depois a última tragédia: John Bonhan ingeriu 40 doses de vodka, apagou na casa de Page durante um ensaio e morreu sufocado pelo próprio vômito. Uma morte nada oculta, mas que aumentou o espectro de destruição em torno do Led Zeppelin. O grupo se separou, mas as especulações não cessaram: Page teria vendido a alma ao tinhoso para conseguir sucesso e ele voltava para cobrar com juros.
Em dezembro de 1980, três meses após a morte de John Bonhan, foi comunicado oficialmente que o Led Zeppelin deixava de existir como grupo, renunciando a alguns milhões de dólares que a preservação do nome mágico poderia trazer. Os três decidiram que seu baterista era insubstituível e partiram por caminhos separados.
Plant foi o primeiro a se aventurar por uma carreira solo, montando uma nova banda e lançando já em 82 o LP Pictures At Eleven. Neste mesmo ano Page compôs a trilha sonora de Desejo de Matar II e logo em seguida criou o grupo The Firm, ao lado do vocalista Paul Rodgers, ex-Bad Company. Dois álbuns foram lançados para uma recepção na melhor das hipóteses morna e o grupo terminou sem deixar saudade."
 


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