Em 1970, ano de sua morte, Janis Joplin veio ao Brasil, anonimamente, como uma simples turista americana. Até poderia ficar anônima, se não fosse reconhecida, e viveria aqui mais uma aventura de sua movimentada e curta vida. O jornal musical Canja nº 14, de outubro de 1980, fala da passagem dessa grande estrela do rock e do blues pelas terras brasileiras:
"Encontraram Janis Joplin morta em seu quarto de hotel, em Hollywood, uma quinzena depois da morte de Jimi Hendrix. Aos 27 anos, com uma overdose de heroína. Era 4 de outubro de 70. No seu testamento havia uma cláusula para que 2.500 dólares fossem gastos numa festa pela sua morte. Não houve a festa. Neste mesmo ano de 70, Janis esteve no Brasil. Brincou carnaval, caiu de uma moto na Barra da Tijuca, encheu a cara em Salvador. Lembra?
Com uma peruca roxa, pantalonas e um blusão floreado, Janis desembarcou no Galeão causando o maior tumulto e dizendo que já tinha ouvido falar em Gal Costa.
'- Quero conhecê-la porque já ouvi falar bem. Não conheço a música brasileira, mas quero conhecer. Outra coisa, vim também pro carnaval. Já sei da fama do brasileiro e quero aprender a sambar. Quero participar do carnaval junto com o povo e não nesses bailes sofisticados. Quero encontrar as pessoas típicas e a música típica daqui, como vi no filme Orfeu Negro.
As duas semanas que Janis passou no Brasil foram acompanhadas diariamente pela imprensa. Os jornalistas ficaram no pé da moça e ela ficava uma fera com eles. Mas a imagem que ficou, durante sua permanência por estas bandas, foi a do dia em que ela reuniu a imprensa à beira do Copacabana Palace.
Janis marcou a coletiva, mas desceu do quarto com uma hora de atraso. Ela já estava furiosa com 'as perguntas cretinas que fazem diariamente, se sou ou não uma hippie'. Na pérgola do hotel, onde a imprensa a esperava, Janis pintou com um gilet longo, de malha azul-marinho tricotado, fechado apenas na altura da cintura, completado por uma pantalona de veludo estampada. Na cabeça, lenço também estampado, duas rosas presas perto das orelhas, muitos colares, pulseiras e anéis. Calçava também sandálias douradas e uma pulseira da mesma cor contornava seu tornozelo esquerdo (a descrição é da matéria do Jornal do Brasil).
Antes de falar o que queria, Janis fez um monte de caretas, gritou por uma vodka e aí abriu o jogo para os repórteres:
' - Estou decepcionada porque o carnaval é festa de apenas quatro dias. Já que o brasileiro sabe cantar e dançar tão bem durante estes dias, quero fazer um show na Praça General Osório, em Ipanema, no meio da rua, para que a festa não pare. E tudo de graça'.
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