Considerado por muitos como o melhor guitarrista vivo, e com uma história mais do que consolidada no mundo do rock e do blues, Eric Clapton tem uma vida pessoal e profissional com altos e baixos, principalmente por seu envolvimento com as drogas e tragédias pessoais. Mas o sucesso, a fortuna e a consagração artística também pontuaram sua vida. E tudo isso é relatado na biografia Crossroads, lançada em 1995. Na ocasião o lançamento foi noticiado pelo Jornal do Brasil, em matéria assinada por Nayse López;
"Ele já foi God, agora é Lord. O título de Sir, recebido na semana passada das mãos do Príncipe Charles da Inglaterra talvez mude o vocativo do súdito Eric Clapton. Mas, para muitos em todo o mundo, o filho de mãe solteira criado pelos avós e responsável por uma das mais conturbadas vidas da história da música é apenas o maior guitarrista vivo. É essa vida ao som de blues que o jornalista americano Michael Schumacher conta na biografia Crossroads - a vida e a música de Eric Clapton, que a Record lança na terça-feira com um show do Blues Etílicos, no Mistura Fina. Em tradução de Jamari França, crítico de música do JB, o livro se baseia numa minuciosa pesquisa e em entrevistas dadas por Clapton ao longo da carreira. A biografia não apaga as velas para o ídolo, apenas fala francamente de seus períodos de escuridão.
O livro - dividido em capítulos que têm como título canções de Clapton ou de outros autores de grande importância para sua carreira - detalha desde a infância e os primeiros contatos com a música, passando pelo auge do grupo Cream. A carreira de Clapton vai se delineando tendo como pano de fundo seus relacionamentos amorosos e amizades musicais. Como o encontro com Jimi Hendrix, quando Clapton já era um Deus - apelido dado pelos fãs e pichado nos muros de Londres à época - e Hendrix um iniciante. A amizade entre eles floresceu e, quando Hendrix morreu, Clapton se perguntaria porque ele tinha sobrevivido.
Sobreviver é, segundo o livro, a segunda melhor qualidade de Clapton. Depois de uma primeira passagem por uma clínica de desintoxicação de heroína - ele voltaria a se reinternar por causa do álcool - Clapton sempre foi homem de muitas mulheres mas estava em busca de uma só, o amor de sua vida, a estonteante Pattie Boyd Harrison. Ela era perfeita, não fosse o inconveniente de ser mulher do melhor amigo, o beatle George Harrison. Desesperado e não correspondido, Clapton apelou e compôs a magnífica Layla, que o ajudou na longa e gradual conquista do coração de sua amada.
O Cream: Jack Bruce, Ginger Baker e Clapton |
Como de costume, ele mergulhou nas composições para purgar seu sofrimento e o resultado foi a balada Tears in Heaven. 'Eu devia isso a ele. Precisava apresentar meus respeitos àquele garoto, à minha moda, e mostrar ao mundo o que penso dele', disse Clapton na época do lançamento da música. Resultado: a balada explodiu nas paradas, a gravação do Unplugged da MTV levou seis Grammy e o consolidou como um dos maiores nomes da música.
Escrito por um claptonmaníaco, Crossroads - a vida e a música de Eric Clapton consegue passar a limpo a vida do ídolo sem estereótipos, revelando-o como um cara como outro qualquer, dono de um talento raro, vivendo surpresas a cada encruzilhada que a vida lhe põe à frente.Trechos:
Hendrix: 'Clapton ficou intrigado com Hendrix, que usava roupas espalhafatosas e ficou ajeitando os cabelos no espelho do camarim. Apesar de tudo isso, parecia tímido (...) 'Aquilo abriu minha cabeça para ouvir um monte de coisas e tocar muitas outras. '
Layla: 'As declarações de amor de Clapton a Pattie, embora lisongeiras, a deixaram extremamente desconfortável. Havia apenas uma saída para estas emoções profundas e, com a nova banda, um colega compositor por perto e o amor não correspondido como pedra de toque da criatividade, Clapton começou a construir um álbum que colocaria os seus sentimentos à mostra'.
Drogas: 'Clapton estava chegando ao fim da linha. Estava ingerindo dois gramas de heroína ao dia - às vezes mais. Sua situação financeira estava ficando assustadora e percebeu que teria de voltar ao trabalho ou vender as suas coisas para financiar seu estilo de vida. Continuava não dando a mínima para sua própria saúde. Resistiu, mas acabou concordando com um tratamento.'
Conor - 'O telefone tocou e Lory estava do outro lado, histérica. Ela disse que Conor estava morto. E eu pensei 'Ora, iisso é ridículo. Não seja boba'. E perguntei: 'Você tem certeza?' Mas então saí do ar completamente por algum tempo. Corri até lá e vi aqueles equipamentos dos paramédicos por toda a parte, ambulâncias, carros de polícia. Então pensei: 'É verdade.' "
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