Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

B.B. King - Revista Rock Stars (1983)


 B. B. King foi um mestre do blues, que influenciou uma infinidade de guitarristas que surgiram ao longo de décadas, e continua influenciando até hoje. Falar de rock sem falar de blues, uma de suas raízes, é contar a história pela metade. E para se falar em blues e seus principais nomes, não se pode deixar de mencionar B.B. King. A revista Rock Stars, em seu nº 3 (1983) trazia uma matéria sobre esse mestre, intitulada "B.B. King: Do 'Bar Blues' aos Blues de Luxo":

"Falando em nome dos negros norte-americanos, o guitarrista e cantor B.B. King salientou certa vez que 'para nós os blues são quase sagrados, pois eles são uma parte de nossa cultura e uma parte de nós'. Isso não o impediu de vestir os blues com uma roupagem modernosa, seção de sopros incluída, que contribuiu para propagar o ritmo entre plateias mais amplas ao mesmo tempo que recebia fortes críticas dos puristas. A isso ele responde com certa dose de humor: 'Algumas pessoas acham que se você é um cantor de blues, você deve aparecer como um cara que fica sentado em um banquinho olhando para o norte, com um boné na cabeça apontando para o sul, um cigarro na boca pendurado à leste e ainda uma garrafa de whisky ao seu lado, indicando o oeste. Sua guitarra, de preferência, velha e surrada. Mas isso não funciona mais. Se os blues tivessem parado por aí, já teriam morrido.'

Riley King nasceu em setembro de 1925, numa plantação de algodão situada entre Indianola e Itta Bena, no Mississipi. Trabalhou na fazenda de uma família branca, ordenhando vacas, plantando e colhendo algodão, pela bagatela de 22 dólares semanais. Interessou-se pela música ao escutar seu tio Archie Fair, que era ministro da igreja local e animava os serviços dominicais tocando guitarra. 'Eu aprendi simplesmente olhando e ouvindo meu tio tocar.' Depois foi recebendo outras influências: Blind Lemon Jefferson, Loonie Johnson, Robert Johnson, Django Reinhardt, Charlie Christian, T-Boone Walker, Oscar Moore e Bukka White (seu primo).
Mudando-se para Memphis, Teneesee, caiu nas graças do grande gaiteiro Sonny Boy Willisanson, que lhe concedeu um espaço de 10 minutos no programa de rádio que comandava, numa emissora para pretos. Ali Riley ganhou o apelido de 'Blues Boy', que abreviou para B.B.
Foi abrindo seu caminho, através de apresentações com diversos artistas de blues e jazz até chegar ao primeiro avulso: 'Miss Martha King', em 1949. No  ano seguinte lançou 'Three O'Clock Blues', que permaneceria durante 18 semanas encabeçando as paradas de rhythm' blues. Se estilo então era o do 'bar blues', amadurecido em grandes cidades do Leste, como Chicago, onde os artistas se exibiam em estabelecimentos ruidosos. Para se sobreporem à algazarra ambiente, os bluesmen contavam com o volume e impacto de suas guitarras elétricas, da bateria jazzística e de um canto energético e inflamado. B.B. King sobressai nessa corrente, com performances magníficas que fizeram de 'Woke Up This Morning', 'Sweet Little Angel', 'Eyesight To The Blind' e 'Caldonia' verdadeiros clássicos do gênero.
O revival do blues em fins dos '60 valeu para B.B. King homenagens e gravações com vários roqueiros brancos. Indianola Mississipi Speeds (1970, ora relançado pela Ariola) tem a participação de Joe Wash, Leon Russel e Carole King, enquanto o antológico B.B. King In London reúne Peter Green, Alexis Korner, Steve Marriott e Ringo Star. Tem corrido mundo cm sua versão sofisticada de blues, que lhe valeu aclamações desde no Brasil até na União Soviética. Gosta de pilotar, de dirigir seu Cadillac rosa pelo deserto de Nevada, de colecionar casos amorosos e de auxiliar na reabilitação de presos."


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