"Que levaram a Dream of Life?
'Suponho que se possa dizer isto. Levaram a uma porção de coisas.'
Dream of Life é tão gratificante para você quanto os discos anteriores? Quanto? Mais? Menos?
'É um tipo diferente de satisfação. Se uma pessoa coloca um trabalho num plano como o nosso, bombardeado por nove milhões de toneladas de trabalho, então deve ficar pelo menos orgulhosa dele. A diferença deste LP é a alegria de tê-lo feito como uma coisa como uma coisa una com meu marido e de ter nossos pensamentos fundidos em um. Isto para mim é especialmente maravilhoso. Estou feliz.'
Como você consegue combinar ser uma dona de casa e uma artista?
'Acredito que um artista é um artista, está no sangue e não se pode impedir. Você simplesmente é. A mesma coisa acontece quando com uma mãe. Eu não tenho de combiná-las, eu sou. É minha busca. Se eu estou cuidando das crianças, tenho ainda meus pensamentos, não?
Não se perde a intensidade?
'No meu caso, não. Mas só posso falar por mim. Se algo se perde em intensidade de forma superficial, certamente há um ganho em clareza. É uma troca justa.'
A música é um meio de expressão satisfatório pra você?
'Sim, se você consegue comunicar o que pretende. A única coisa insatisfatória é um meu trabalho. Se você fizer um bom trabalho, pode ser um livro, um desenho, pode ser alguma coisa que ninguém nunca vá ver, um sonho, uma revelação privada...'
E importa se ninguém o vê?
'É importante, mas não é tudo. Acho que todo artista deseja ver a fruição de seu trabalho, gosta de vê-lo exposto. Não há como evitar isto.'
O senhor e a senhora Smith foram recentemente a um concerto de Beethoven com a Detroit Symphony Orchestra. Quando era criança, Patti sonhava em ser cantora de ópera, antes do sonho de ser bombeira e enfermeira. 'Meu pai me comprou uns discos de Puccini quando tive escarlatina.' Ela ama Maria Callas e Art Pepper. Os únicos discos pop dos quais ela consegue se lembrar são 'Man in the Mirror' (Michael Jackson), 'Into the Groove' (Madona) e 'Time After Time (Cyndi Lauper). Destes ela gosta.
E o que há por trás do novo LP?
'Fred e eu temos uma tapeçaria bem definida de ideologia pessoal. Ao ter um filho eu certamente ganhei outra fonte de inspiração, mas o que nós discutimos é o sofrimento, o meio ambiente, Afegasnistão, Romênia - para onde você olhar vai ver corações partidos. É por isto que escrevemos uma música como 'People Have the Power'. É maravilhoso que estejamos tomados por uma chama. Não podemos desistir, não podemos nos esconder em uma concha e começar a ver o noticiário como se estivéssemos vendo uma novela. Já foram escritas muitas outras músicas como esta, e muitas outras serão escritas ainda.'
Das outras novas músicas, 'Where Duty Callas' é uma canção de lamentação pró-humanitária - 'dá quase pra ver a mulher de negro chorando por seus filhos'; 'The Jackson Song' é uma cantiga de ninar e 'Up There Down There' foi gravada no dia em que Andy Warhol morreu.
'Eu liguei para Mapplethorpe para falar sobre umas fotos e ele me disse; 'Andy Warhol morreu'. Era algo para se pensar. Para mim Andy era Nova York, era um espectro sobre a cidade como o Empire State Building, uma parte dela. Ele não era meu artista favorito, mas foi tão triste vê-lo partir... Na verdade, quando eu penso em Andy penso em seu cabelo.'
' 'Dream of Life' é na verdade tão abstrata quanto pessoal. Eu penso em meu pai falando comigo, e Jesus também disse 'eu sempre estou com vocês...'
Quão importante a religião é para você?
'Eu não me alinho como membro de qualquer religião organizada. Eu acho que o aspecto espiritual do homem é muito importante e sempre fui fascinada pelos artefatos religiosos que o homem desenvolveu. Eu não chamaria de religião as coisas que penso. São áreas de estudo... acho que há uma área de possibilidade de ser que o homem chama de religião. O homem precisa dos seus deuses. E deve lhes render homenagens.'
Na capa de Wave, entre os pombos, você cita Rilke: 'Amar o outro; esta é para o ser humano talvez a mais difícil de nossas tarefas; o último teste e prova, o trabalho para o qual todos os outros não são senão preparação...' Isto parece profético. Você o seguiu.
'É. Na época eu não sabia o que iria acontecer, mas isto indica que eu comprometi meu coração dentro de mim antes... Foi uma coisa muito boa de se fazer. Eu sei.'
Você ainda é apaixonada por Rimbaud e Baudelaire?
'Eu exauri aquele período, mas ainda, de vez em quando, volto a Rimbaud, e as Iluminações são ainda tão belas...'
Eu penso numa frase de Rimbaud: 'Apenas com uma candente paciência conquistaremos a cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens'. Você está nessa?
'Hum... É muito bom.'
Quer dizer que agora é paciência em oposição aos gritos radicais?
'São ambos necessários. Espero que não se passe a vida toda com só um dos dois. Há horas de gritos radicais e há horas em que a paciência é virtude.' "
E o que há por trás do novo LP?
'Fred e eu temos uma tapeçaria bem definida de ideologia pessoal. Ao ter um filho eu certamente ganhei outra fonte de inspiração, mas o que nós discutimos é o sofrimento, o meio ambiente, Afegasnistão, Romênia - para onde você olhar vai ver corações partidos. É por isto que escrevemos uma música como 'People Have the Power'. É maravilhoso que estejamos tomados por uma chama. Não podemos desistir, não podemos nos esconder em uma concha e começar a ver o noticiário como se estivéssemos vendo uma novela. Já foram escritas muitas outras músicas como esta, e muitas outras serão escritas ainda.'
Das outras novas músicas, 'Where Duty Callas' é uma canção de lamentação pró-humanitária - 'dá quase pra ver a mulher de negro chorando por seus filhos'; 'The Jackson Song' é uma cantiga de ninar e 'Up There Down There' foi gravada no dia em que Andy Warhol morreu.
'Eu liguei para Mapplethorpe para falar sobre umas fotos e ele me disse; 'Andy Warhol morreu'. Era algo para se pensar. Para mim Andy era Nova York, era um espectro sobre a cidade como o Empire State Building, uma parte dela. Ele não era meu artista favorito, mas foi tão triste vê-lo partir... Na verdade, quando eu penso em Andy penso em seu cabelo.'
' 'Dream of Life' é na verdade tão abstrata quanto pessoal. Eu penso em meu pai falando comigo, e Jesus também disse 'eu sempre estou com vocês...'
Quão importante a religião é para você?
'Eu não me alinho como membro de qualquer religião organizada. Eu acho que o aspecto espiritual do homem é muito importante e sempre fui fascinada pelos artefatos religiosos que o homem desenvolveu. Eu não chamaria de religião as coisas que penso. São áreas de estudo... acho que há uma área de possibilidade de ser que o homem chama de religião. O homem precisa dos seus deuses. E deve lhes render homenagens.'
Na capa de Wave, entre os pombos, você cita Rilke: 'Amar o outro; esta é para o ser humano talvez a mais difícil de nossas tarefas; o último teste e prova, o trabalho para o qual todos os outros não são senão preparação...' Isto parece profético. Você o seguiu.
'É. Na época eu não sabia o que iria acontecer, mas isto indica que eu comprometi meu coração dentro de mim antes... Foi uma coisa muito boa de se fazer. Eu sei.'
Você ainda é apaixonada por Rimbaud e Baudelaire?
'Eu exauri aquele período, mas ainda, de vez em quando, volto a Rimbaud, e as Iluminações são ainda tão belas...'
Eu penso numa frase de Rimbaud: 'Apenas com uma candente paciência conquistaremos a cidade que dará luz, justiça e dignidade a todos os homens'. Você está nessa?
'Hum... É muito bom.'
Quer dizer que agora é paciência em oposição aos gritos radicais?
'São ambos necessários. Espero que não se passe a vida toda com só um dos dois. Há horas de gritos radicais e há horas em que a paciência é virtude.' "
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