Muita gente considera Chuck Berry o verdadeiro pai do rock, e não é nenhum exagero atribuir a esse brilhante compositor e figura básica em qualquer enciclopédia do rock'n roll essa paternidade. Em janeiro de 1992, sob o título "O Pai do rock and roll", o jornalista Tárik de Souza assina uma resenha sobre uma coletânea de Berry que estava sendo lançada no Brasil, chamada "Chuck Berry - The Great Twenty- Eight", em que o jornalista deu cotação máxima (excelente). Segue abaixo a matéria:
"Nos carnavais de branco que costumam ser os festivais de rock no Brasil, negro só entra na vaga da música étnica, ou no máximo como Prince, reinando num tecnofunk modernista. Daí o efeito ciclone do Living Colour no último Hollywood Rock. Uau! Quatro negros tocando rock' n roll! Mas se o diabo é o pai da matéria, como profetizou Raul Seixas, ele tem a cara preta de Chuck Berry empunhando a guitarra como uma Uzi engatilhada. Vinte e oito disparos certeiros de sua metralhadora giratória acabam de ser reeditados em álbum duplo, Chuck Berry - The Great Tweenty-Eight (BMG), com originais da pioneira Chess Records, de Chicago, gravados entre 55 e 65. A milhas do virtuosismo, Berry bate uma guitarra chispante para lubrificar as faixas curtas, quase todas com menos de três minutos de duração. Completa a figura do story teller libidinoso uma ginga de corpo anterior ao moonwalk de Michael Jackson e o pulo do felino: um repertório de exaltação aos sentidos, narcisismo febril e rebeldia militante, capaz de recrutar um exército de adolescentes ávidos de adrenalina nos canos.
Levanta-festa indicado a qualquer tribo não mauricinha, The Great Tweenty-Eight opera como um manual didático para roqueiros princiantes. O rock básico bebeu Berry em tonéis. Presley, Beatles, Stones, Dylan, Clapton, The Kinks, The Beach Boys, todos lhe devem algo - da pegada à postura ou até mesmo o empréstimo direto de hits, como Roll Over Beethoven, Rock and Roll Music, Sweet Little Sixteen, Memphis, Shools Days e Johnny B. Goode, todos incluídos no duplo. Back in the USA (também na seleção) inspirou Paul McCartney em Back in the URSS. Num pique brasileiro, Gilberto Gil homenageou acoplados, mestre e discípulo em seu Chuckberry Fields Forever. Além de senhas fervilhantes como 'Let it Rock', 'Long Live Rock'n Roll' e 'Too Much Monkey Business', que grudam nas letras e atitudes de ativistas subsequentes, Chuck Berry tramou a celula mater do discurso funcional de três acordes do rock'n roll. No filme biográfico Hail! Hail! Rock'n Roll, o documentário de Taylor Hackford, de 88, além do mentor Keith Richards, que despe o jeitão bandido para agir como tiete humilde, prestam vassalagem a Chuck Berry outros pioneiros como Little Richard e Bo Diddley - todos unânimes em atrlbuir-lhe o DNA da invenção.
Nascido em outubro de 26, em San Jose, na California, Charles Edward Anderson Berry foi criado em St. Louis, no Missouri, onde formou um trio com Johnnie Johson no piano e Ebby Harding na bateria. O (então) jazzista Nat King Cole e o crossover do rhythm & blues de Louis Jordan foram seus antecedentes musicais. Os criminais enchem uma folha corrida digna de James Brown, com frequente envolvimento em corrupção de menores e transgressões menores e transgressões sexuais variadas, ficha de quem sempre levou a vida ao pé da letra da letra das canções. Nas 28 faixas do duplo, ele tripula pequenas formações onde o titular Johnson é eventualmente substituído ao piano por Otis Spann e Lafayette Lake. Willie Dixon, ás do blues, falecido esta semana, encarrega-se do baixo e a bateria passa por diversas baquetas. Raras incursões de saxes e até maracas pincelam timbres adicionais à lava incandescente do rock, onde Berry celebra ou alfineta incontáveis musas (Maybellene, Beautiful Delilah, Little Queenie, Carol, Nadine) e exalta a vida on the road (No Particular Place To Go, I Want To Br Your Driver). Pedra que rola não cria limo."
Levanta-festa indicado a qualquer tribo não mauricinha, The Great Tweenty-Eight opera como um manual didático para roqueiros princiantes. O rock básico bebeu Berry em tonéis. Presley, Beatles, Stones, Dylan, Clapton, The Kinks, The Beach Boys, todos lhe devem algo - da pegada à postura ou até mesmo o empréstimo direto de hits, como Roll Over Beethoven, Rock and Roll Music, Sweet Little Sixteen, Memphis, Shools Days e Johnny B. Goode, todos incluídos no duplo. Back in the USA (também na seleção) inspirou Paul McCartney em Back in the URSS. Num pique brasileiro, Gilberto Gil homenageou acoplados, mestre e discípulo em seu Chuckberry Fields Forever. Além de senhas fervilhantes como 'Let it Rock', 'Long Live Rock'n Roll' e 'Too Much Monkey Business', que grudam nas letras e atitudes de ativistas subsequentes, Chuck Berry tramou a celula mater do discurso funcional de três acordes do rock'n roll. No filme biográfico Hail! Hail! Rock'n Roll, o documentário de Taylor Hackford, de 88, além do mentor Keith Richards, que despe o jeitão bandido para agir como tiete humilde, prestam vassalagem a Chuck Berry outros pioneiros como Little Richard e Bo Diddley - todos unânimes em atrlbuir-lhe o DNA da invenção.
Nascido em outubro de 26, em San Jose, na California, Charles Edward Anderson Berry foi criado em St. Louis, no Missouri, onde formou um trio com Johnnie Johson no piano e Ebby Harding na bateria. O (então) jazzista Nat King Cole e o crossover do rhythm & blues de Louis Jordan foram seus antecedentes musicais. Os criminais enchem uma folha corrida digna de James Brown, com frequente envolvimento em corrupção de menores e transgressões menores e transgressões sexuais variadas, ficha de quem sempre levou a vida ao pé da letra da letra das canções. Nas 28 faixas do duplo, ele tripula pequenas formações onde o titular Johnson é eventualmente substituído ao piano por Otis Spann e Lafayette Lake. Willie Dixon, ás do blues, falecido esta semana, encarrega-se do baixo e a bateria passa por diversas baquetas. Raras incursões de saxes e até maracas pincelam timbres adicionais à lava incandescente do rock, onde Berry celebra ou alfineta incontáveis musas (Maybellene, Beautiful Delilah, Little Queenie, Carol, Nadine) e exalta a vida on the road (No Particular Place To Go, I Want To Br Your Driver). Pedra que rola não cria limo."
Ótimo texto de Tárik de Souza.
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