" Jam - Quem foi seu principal professor de violão?
Raphael Rabello - Foi o pernambucano Jaime Florêncio Meira, natural de Paudalho. Ele seguiu pro Rio de Janeiro, com um grupo que revolucionou a música brasileira: Os Turunas da Mauriceia. Meira foi um violonista fabuloso, era detentor de uma técnica oriunda do flamenco, porque, como se sabe, há muitos ciganos em Pernambuco e em todo Nordeste. Ele sabia tudo de violão, tocou com João Pernambuco, com Augusto Barrios, e foi meu grande mestre. Sinto-me um privilegiado, por ter sido seu aluno particular. Meira também ensinou violão a Baden Powell, João de Aquino e Maurício Carrilho.
Jam - Muitos concertistas definem a 'Chaconne' de Bach como uma peça dificílima, com alto grau de exigência técnica em violão clássico. Cite outras composições que você considere igualmente virtuosísticas.
Raphael Rabello - Realmente, a 'Chaconne' é uma peça que tem tudo; sua interpretação violonística foi um feito maravilhoso de Andrés Segovia. No universo das peças escritas originalmente pra violão, eu cito 'La Catedral' e 'Alegro Sinfônico', ambas de Augusto Barrios, que também são extremamente difíceis. No campo das transcrições (onde se inclui a 'Chaconne', que Bach escreveu originalmente pra violino) eu destaco 'Sevilha' de Albenez, composição original pra piano, que exige muita técnica em sua versão violonística.
Jam - Ao contrário da grande maioria dos violonistas, o saudoso Dilermando Reis preferia as cordas de aço. Você só usa as de nylon?
Raphael Rabello - O Delermando foi admirável, fez escola e influenciou muita gente, popularizou o instrumento. Eu já trabalhei com cordas de aço também, no tempo do regional, quando eu tocava em grupo. Mas, para solos, prefiro as cordas de nylon.
Jam - Quais os melhores encordoamentos do mundo?
Raphael Rabello - Os americanos 'D'Addario' e 'Augustine', o francês 'Savarez' e há também cordas muito boas de fabricação alemã, como as da marca 'Pyramid'. Por outro lado, a 'Giannini', embora não produza violões de boa qualidade, tem evoluído muito na fabricação de cordas. Atualmente, o encordoamento 'Giannini' tem um nível bem competitivo e pode ser comparado a muitos importados.
Jam - Que achou do solo de Paco de Lucia na gravação de 'Oceano', de Djavan?
Raphael Rabello - Eu adoro os trabalhos de Paco. Sobre essa gravação, há um fato curioso. Era eu quem iria fazê-la, mas estava com o braço quebrado e não pude. O Djavan telefonou me convidando e, coincidentemente, o Paco estava lá em casa, no Rio, no momento do telefonema. Foi muito engraçado, porque respondi brincando: Djavan, eu estou com o braço engessado, mas tem um sujeito aqui que está começando e dá pra quebrar um galho (risos). Depois, fui junto com Paco pro estúdio, assistir à gravação; ele fez vários solos e achei todos excelentes. Infelizmente, o solo que Djavan escolheu e editou no disco não foi o melhor de todos. Mas é uma questão de gosto...
Jam - Você ouve rock de um Mark Knopfler, por exemplo?
Raphael Rabello - Ouço e gosto do grupo dele, o Dire Straits. Gosto também de Prince e de outros.
Jam - Conhece um guitarrista de blues chamado Stevie Ray Vaughan?
Raphael Rabello - Esse é gênio, totalmente genial!
Jam - Pernambuco sempre teve bons violonistas e você aprendeu violão com um deles, o Jaime Florêncio Meira. Destaque outros.
Raphael Rabello - João Pernambuco é definitivo, deixou uma obra belíssima pra violão. Dos violonistas atuais, destaco João Lyra, Caio Cezar e Henrique Annes: gente muito boa e séria., que estuda e toca para valer. Pernambuco é um verdadeiro manancial de músicos e artistas brilhantes, noutras áreas também: instrumentos de sopro, literatura, artes plásticas. Os melhores músicos de sopro do Brasil são pernambucanos.
Jam - Lá pelo Sul, qual é o melhor trabalho em violão, atualmente?
Raphael Rabello - O de Ulisses Rocha. Para nim, ele é o maior talento que apareceu por lá, nos últimos tempos, como violonista.
Jam - De quem são as obras mais importantes para violão, no Brasil?
Raphael Rabello - Sem nenhuma hesitação, eu lhe digo: João Pernambuco, Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnatalli e Garoto. Esses quatro nomes representam o instrumento completo, são a síntese do violão brasileiro. Quem tiver o nível técnico suficiente para tocar essas quatro obras, pode dizer que é um grande violonista."
Jam - Quais os melhores encordoamentos do mundo?
Raphael Rabello - Os americanos 'D'Addario' e 'Augustine', o francês 'Savarez' e há também cordas muito boas de fabricação alemã, como as da marca 'Pyramid'. Por outro lado, a 'Giannini', embora não produza violões de boa qualidade, tem evoluído muito na fabricação de cordas. Atualmente, o encordoamento 'Giannini' tem um nível bem competitivo e pode ser comparado a muitos importados.
Paco de Lucia |
Raphael Rabello - Eu adoro os trabalhos de Paco. Sobre essa gravação, há um fato curioso. Era eu quem iria fazê-la, mas estava com o braço quebrado e não pude. O Djavan telefonou me convidando e, coincidentemente, o Paco estava lá em casa, no Rio, no momento do telefonema. Foi muito engraçado, porque respondi brincando: Djavan, eu estou com o braço engessado, mas tem um sujeito aqui que está começando e dá pra quebrar um galho (risos). Depois, fui junto com Paco pro estúdio, assistir à gravação; ele fez vários solos e achei todos excelentes. Infelizmente, o solo que Djavan escolheu e editou no disco não foi o melhor de todos. Mas é uma questão de gosto...
Jam - Você ouve rock de um Mark Knopfler, por exemplo?
Raphael Rabello - Ouço e gosto do grupo dele, o Dire Straits. Gosto também de Prince e de outros.
Jam - Conhece um guitarrista de blues chamado Stevie Ray Vaughan?
Raphael Rabello - Esse é gênio, totalmente genial!
Jam - Pernambuco sempre teve bons violonistas e você aprendeu violão com um deles, o Jaime Florêncio Meira. Destaque outros.
Raphael Rabello - João Pernambuco é definitivo, deixou uma obra belíssima pra violão. Dos violonistas atuais, destaco João Lyra, Caio Cezar e Henrique Annes: gente muito boa e séria., que estuda e toca para valer. Pernambuco é um verdadeiro manancial de músicos e artistas brilhantes, noutras áreas também: instrumentos de sopro, literatura, artes plásticas. Os melhores músicos de sopro do Brasil são pernambucanos.
Jam - Lá pelo Sul, qual é o melhor trabalho em violão, atualmente?
Raphael Rabello - O de Ulisses Rocha. Para nim, ele é o maior talento que apareceu por lá, nos últimos tempos, como violonista.
Jam - De quem são as obras mais importantes para violão, no Brasil?
Raphael Rabello - Sem nenhuma hesitação, eu lhe digo: João Pernambuco, Heitor Villa-Lobos, Radamés Gnatalli e Garoto. Esses quatro nomes representam o instrumento completo, são a síntese do violão brasileiro. Quem tiver o nível técnico suficiente para tocar essas quatro obras, pode dizer que é um grande violonista."
Nenhum comentário:
Postar um comentário