Em 1977 Raul Seixas lançava o disco "O Dia em que a Terra Parou". Na ocasião ele deu uma mudança no visual, tirou o cavanhaque, que usava desde 1973, e partiu para divulgar seu novo disco. A revista Amiga, especializada em televisão, mas que também abria um espaço pra a música, fez uma matéria com Raul. A chamada da matéria, assinada por Pedro Simões, dizia: "De cara limpa e fazendo apologia do terno e gravata Raul Seixas proclama-se candidato a presidente". O Brasil, naquele período, final de 77/início de 78, já vivia um clima de sucessão presidencial, na verdade um jogo de cartas marcadas, já que não havia eleições livres e diretas. Mesmo assim, Raul, com sua irreverência, se proclamava candidato a presidente. Mas o fato é que Raul estava naquele período envolvido com a estreia do show que trazia o título de seus disco, no Teatro Tereza Raquel, no Rio, programado para o início de janeiro de 1978. Em São Paulo ele havia feito uma temporada de dez dias, sendo visto por 14 mil pessoas. Segue a matéria:
" 'Esse papo de que sou candidato é pra valer. No ano que vem, estou firme na candidatura a presidente. Minha mãe sempre quis que eu fosse presidente. Então, é um negócio antigo em minha vida. Aos 14 anos, já queria ser deputado federal. Acho que sou tão capacitado quanto qualquer outro. Sou formado em Filosofia, Psicologia e Direito. Conheço latim de cabo a rabo, leio Sheakespeare em inglês. Sou professor dessa língua, formado pela famosa Saint-George School. Tenho cultura geral, conheço História Latina. E além do mais, a natureza não fez nada igual. Tudo que existe no universo é único, e como único que sou, tenho todo direito de dar um tiro em minha cabeça, comer um sapato ou me candidatar ao que quiser. Tem uma música que diz: 'faze o que tu queres, há de ser tudo da lei.'
Sua decisão é tão firme que nem os inconvenientes da vida pública parecem desencorajá-lo.
'Terno e gravata é uma mania que tenho desde criança. Acho bonito, é um valor que a gente tem. É como esse óculos que estou usando, eles eram feios e hoje são considerados bonitos. Minha preocupação agora é entrar na História. Quero deixar minha impressão digital nela.'
No apartamento do cantor na Lagoa Rodrigo de Freitas, apenas a mobília dá ao ambiente um ar de normalidade: ao não ser pelas guitarras e vilões, jogados pelos cantos ou a maria gorda (contrabaixo acústico) enfeitando a entrada, se poderia imaginar que o dono da casa é um pacato pai de família, típico jovemn da classe média carioca da Zona Sul.
Ao lado de sua mulher, a norte-americana Gloria Vaquer, Raul Santos Seixas, baiano de Salvador, 32 anos, fala de seu novo disco, de seus shows e de sua vida.
'É, esse último disco está mais calmo. Mas a vida é feita de momentos e essa é uma fase mais calma. Mais calma, não, mais sabida. Eu não sou um cantor, sou um comunicador. Sei que estou jogando um microxadrez diante de um macroxadrez. Então nós, comunicadores, achamos que no momento é pra ser assim .'
De repente, Raul desaparece. Quando volta, traz um álbum de recortes na mão e começa a ler: 'A coisa mais penosa do nosso tempo é que os tolos possuem convicção e os que possuem imaginação e raciocínio vivem cheios de dúvidas e indecisões.'
'Bicho, eu escrevi essa frase na parede do meu quarto quando tinha uns 14 anos de idade.'
Nova pausa para fotografias, com a família. 'Hoje estão acontecendo coisas estranhas aqui', confidencia baixinho para a mulher não ouvir. 'Gloria nunca gostou de aparecer em fotografias, muito menos em reportagens. Não sei o que deu nela'. Scarlet, a filha do casal, de ano e meio, fica ao lado da mãe.
A conversa volta ao show e Raul traz um programa em que mostra a participação especial do guitarrista Gay Vaquer, irmão de Gloria. Os outros músicos são Guilherme Lara (piano e arp), Carlos Nilton (guitarra), Adegilson Gonçalves (sax), Judiber Felipe (pistom) e Luís Bernardo (trompete). Uma coisa Raul faz questão que seja dita: sua condição de líder dentro da banda. Aqui está dito. "
'Terno e gravata é uma mania que tenho desde criança. Acho bonito, é um valor que a gente tem. É como esse óculos que estou usando, eles eram feios e hoje são considerados bonitos. Minha preocupação agora é entrar na História. Quero deixar minha impressão digital nela.'
No apartamento do cantor na Lagoa Rodrigo de Freitas, apenas a mobília dá ao ambiente um ar de normalidade: ao não ser pelas guitarras e vilões, jogados pelos cantos ou a maria gorda (contrabaixo acústico) enfeitando a entrada, se poderia imaginar que o dono da casa é um pacato pai de família, típico jovemn da classe média carioca da Zona Sul.
Ao lado de sua mulher, a norte-americana Gloria Vaquer, Raul Santos Seixas, baiano de Salvador, 32 anos, fala de seu novo disco, de seus shows e de sua vida.
'É, esse último disco está mais calmo. Mas a vida é feita de momentos e essa é uma fase mais calma. Mais calma, não, mais sabida. Eu não sou um cantor, sou um comunicador. Sei que estou jogando um microxadrez diante de um macroxadrez. Então nós, comunicadores, achamos que no momento é pra ser assim .'
De repente, Raul desaparece. Quando volta, traz um álbum de recortes na mão e começa a ler: 'A coisa mais penosa do nosso tempo é que os tolos possuem convicção e os que possuem imaginação e raciocínio vivem cheios de dúvidas e indecisões.'
'Bicho, eu escrevi essa frase na parede do meu quarto quando tinha uns 14 anos de idade.'
Nova pausa para fotografias, com a família. 'Hoje estão acontecendo coisas estranhas aqui', confidencia baixinho para a mulher não ouvir. 'Gloria nunca gostou de aparecer em fotografias, muito menos em reportagens. Não sei o que deu nela'. Scarlet, a filha do casal, de ano e meio, fica ao lado da mãe.
A conversa volta ao show e Raul traz um programa em que mostra a participação especial do guitarrista Gay Vaquer, irmão de Gloria. Os outros músicos são Guilherme Lara (piano e arp), Carlos Nilton (guitarra), Adegilson Gonçalves (sax), Judiber Felipe (pistom) e Luís Bernardo (trompete). Uma coisa Raul faz questão que seja dita: sua condição de líder dentro da banda. Aqui está dito. "
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