Em 1980, o jornal Folha da Manhã (Campos/RJ), trazia uma matéria com Fagner na seção Música & Discos. A matéria, intitulada "Beleza com Raimundo Fagner" não é assinada, e provavelmente foi extraída de algum release da sua gravadora na época (CBS), e distribuída para a imprensa. Naquele período a carreira de Fagner, que já tinha seis discos gravados, estava em plena ascensão. Seu disco Beleza alcançou grandes índices de vendagem, e seus shows pelo Brasil sempre atraíam um grande público, como atesta a matéria. Sua carreira internacional também é destacada, como sua passagem pela França e pela Espanha, que iria render futuramente o disco Traduzir-se, e outro, em homenagem a Pablo Picasso, ambos acompanhado por músicos espanhois. Segue abaixo a matéria;
"As coisas têm andado muito bem para o lado de Fagner, principalmente a partir de um espetáculo no dia 7 de outubro de 79, no Parque Municipal, em Belo Horizonte, quando ele se apresentou para uma plateia de 60 mil pessoas. Depois, entre uma excursão e outra pelo Brasil, Fagner defendeu a música de Dominguinhos e Manduka, 'Quem Me Levará Sou Eu' no Festival 79 da Música Popular da Rede Tupi de Televisão. Ganhou o festival com uma interpretação inesquecível.
Neste ano de 80, Fagner apresentou-se no Ginásio Mineirinho, em Belo Horizonte no dia 22 de março para uma plateia de 25 mil pessoas e logo depois veio ao Rio para cantar para 10 mil no ginásio do Olaria. Apresentou-se ainda no espetáculo de 1º de maio, organizado pela CEBRADE, no Riocentro. O Jornal do Brasil comentou: 'A plateia não deixou dúvidas, nem por um momento, sobre quais eram seus ídolos: Moraes Moreira, A Cor do Som, Raimundo Fagner. Aplausos frenéticos, letras sabidas de cor, o corpo no embalo da música'.
Por falar em jornalistas comentando o trabalho de Fagner aqui vão as impressões de jornalistas estrangeiros, do Liberation e do Le Monde:
'Fagner está dentro desta linha romântica urbana que não perdeu suas raízes rurais e que faz a plateia chegar a um êxtase subir até sufocá-la. Qualquer coisa de lancinante, um balanço entre a rudeza e a ternura. Um desmedido perfil do Brasil'. Remy Kolpa Kopoul. Liberation, Paris, 1978.
'Ele é magro como um gato e, de início, dá a impressão de cantar para ele mesmo. Sua voz caminha, ginga no grave e no agudo e, aos poucos vai polindo o som. Raimundo Fagner, os olhos sobre os cabelos sob a boina azul, anda com sua guitarra, jorra pequenas coisas secas e sensuais que desarrumam o ambiente. Sua música e suas canções trazem a aridez de onde vem, o nordeste, e a violência rápida das grandes cidades e das favelas tentaculares. Uma ducha quente e fria.' Catherine Humblot. Le Monde, Paris, 1978.
Com seu último LP 'Beleza' nas listas dos mais vendidos no Rio e em São Paulo, Fagner acaba de ter relançado, seu disco 'Quem Viver Chorará', trazendo a regravação de 'Quem Me Levará Sou Eu'. Enquanto ensaia e se prepara para e estreia do seu espetáculo Beleza, Fagner já está cuidando do repertório do seu próximo LP, a ser lançado depois do meio do ano num concerto ao ar livre no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. E, antes deste ano de 80 acabar, ele vai passar uma temporada na Espanha, tocando com seus amigos espanhois como Pedro Soler, Loli Y Manoel, e provavelmente dará uma chegada até a França, para passear e se apresentar."
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