Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 3 de março de 2021

The Song Remains The Same - O Filme


 A união do cinema com o rock já rendeu bons frutos, tanto na esfera dos documentários como na ficção. Por isso muitas bandas populares têm registros na área cinematográfica, principalmente por oferecer um bom retorno de público aos produtores. Assim foi com o Led Zeppelin, que em 76 foi retratado numa produção cinematográfica chamada The Song Remains The Same, que estrearia no Brasil no ano seguinte sob o título de Rock É Rock Mesmo. A revista Rock Stars nº 4, de 1984, lembraria desse filme, que despertou grande interesse e levou aos cinemas milhares de fãs do Led Zeppelin:

"Em 1973 o Led Zeppelin estava no auge do estrelato, após vender antecipadamente dois milhões de cópias do LP Houses of the Holly. Foi quando adquiriu seu próprio avião - um Boeing 720 de luxo - e saiu em excursão pelo mundo. Só nos EUA, o quarteto visitou 33 cidades. E, encerrando a temporada, houve alguns concertos no Madison Square Garden de Nova Iorque, filmados por Peter Cliffton e Joe Massot, especialistas em filmes  de rock. No último deles, uma ocorrência policial: o roubo de polpuda receita.

Iniciava-se aí a saga de The Song Remains the Same, o filme, que no Brasil recebeu o título de Rock É Rock Mesmo. De início, um projeto indefinido, conforme se nota nestas declarações de Robert Plant: 'Na verdade, o filme procura esclarecer quem nós somos, procura mostrar os componentes mais secretos de nossa música, as intenções, os baratos... Mostrar a personalidade de cada um de nós, e de Peter também, que é o quinto membro do Zeppelin.'

Depois, foi formando forma definitiva, misto de reportagem policial, registro do concerto americano e ficção, com as sequências de fantasias revelando os sonhos e íntimos desejos do ego de cada um. Segundo Page, o filme era para ter sido uma coisa totalmente diferente. 'Mas se nós incluíssemos diálogos demais, nós estaríamos deixando a música de fora, e nosso maior objetivo é sempre a música. Aí eliminamos a ideia de entrevistas com cada membro do grupo. Até a sequência sobre o assalto de Nova Iorque ia cair fora, mas acabou ficando como um documento, afinal, aquilo realmente aconteceu.'

'As sequências de fantasia - continua Page - foram incluídas porque sabíamos que havia falhas no filme do espetáculo, e nós não queríamos cortar a trilha sonora porque grande parte de nosso som é improvisado na hora, e seria uma pena desperdiçá-lo. Então pensamos em fazer assim e acabou se tornando como um disco do Led Zeppelin, que sempre toma forma no estúdio. As sequências de fantasia cresceram e se desenvolveram à medida que foram pensadas e executadas.

Nelas, o empresário Peter Grant aparece como um gangster que elimina os membros de uma quadrilha rival. Bonzo preferiu mostrar-se tal como realmente era em suas horas de lazer, curtindo a família, fazendo festa nos cavalos de sua fazenda, passeando de moto e testando um carro de corrida.
John Paul Jones atravessa uma floresta sombria, lá pelo séc. XVII, enfrentando soturnos ladrões de estrada; chega enfim a uma igreja, onde toca órgão. Page escala arduamente uma montanha para, no topo, encontrar um ancião que é ele mesmo (bebê, jovem, adulto e velho ao mesmo tempo). Finalmente Plant cavalga seu corcel branco por uma região desolada, encontra uma donzela prisioneira num castelo e resgata-a de seus ferozes guardiões.
The Song... estreou em outubro de 1976, com duas horas e meia de duração. Apesar das elevadas aspirações de Page ('... estávamos muito preocupados em fazer um trabalho que ficasse ao nível de outros filmes de rock. Woodstock, por exemplo, que considero o melhor de todos'), os críticos de cinema consideraram o filme pretensioso, híbrido e mal resolvido, enquanto os de música reclamaram que a trilha sonora não continha a melhor versão dos números apresentados. Mas a garotada do mundo inteiro deitou e rolou."


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