Uma grande novidade acontecida no mercado musical brasileiro em 1977 foi o surgimento do quarteto basicamente instrumental A Cor do Som. Mais tarde a banda se tornaria um quinteto com a presença do percussionista Ary Dias. Na foto acima a banda ainda atuava como quarteto. O primeiro álbum da Cor do Som é praticamente todo instrumental, apenas com uma música com letra, mas a partir do segundo, já foram incluídas mais músicas com vocais. O jornal Hit Pop, que vinha encartado na revista Pop nº 63 traz uma matéria sobre a banda, que foi tratada como supergrupo, como diz o texto de apresentação: "Choro, baião, frevo, vale tudo. Desde que tenha uma boa 'leitura rock'. Assim é a Cor do Som, o mais novo supergrupo brasileiro". Abaixo a matéria:
"Um dos exemplos mais claros de que o Brasil é dos países mais ricos musicalmente, inclusive em condições de servir de fonte de renovação para o desgastado rock internacional, é o novo grupo A Cor do Som. Novo como grupo: seus integrantes todos (Armandinho, guitarra e bandolim elétrico; Dadi, baixo; Maurício 'Mu', teclados; e Gustavo, bateria e percussão), apesar de jovens, têm bastante experiência profissional. Mistura de baianos e cariocas, menos de um ano de idade, A Cor do Som faz um trabalho 'em cima de raízes nacionais, como choro, frevo e baião, com uma linguagem rock' - como eles explicam. Mais: 'Nosso trabalho é uma fusão natural de nosso sangue com a nossa maneira de tocar'. A união da moçada, de qualquer jeito, só foi pintar mesmo através de Moraes Moreira, pouco antes do início do seu show Cara e Coração.
Aliás, apesar de toda sua experiência (Armandinho tocou anos no trio elétrico de seu pai, Osmar; Dadi é ex-Novos Baianos; Mu é velho roqueiro; e Gustavo já foi da banda de Jorge Ben), eles dizem que foi especialmente de Moraes Moreira que receberam mais influência para sua fase atual: 'Porque foi ele que nos levou ao frevo, coisa que antes não tocávamos'. E foi baseado exatamente no frevo, e em muito choro que pintou A Cor do Som - o primeiro LP do grupo. Feito às pressas, o disco compensa, porém, qualquer descuido, pela alta qualidade do material escolhido. Tão bem se deram que já foram, inclusive, convidados para tocarem ao lado de Gilberto Gil no Festival de Montreux, na Suíça, em julho próximo. E devem participar também de mais dois festivais na Europa: um na Holanda. O disco, que desencadeou todo este sucesso aconteceu muito rapidamente. 'Nós levamos uma fita na Warner, eles gostaram de cara, e logo já assinamos os contratos. Em um mês fizemos toda a seleção de material e gravamos o disco. 'Entre as melhores faixas incluídas no LP estão os clássicos Odeon e Brejeiro (de Ernesto Nazareth) e ainda Bodoque, Tigreza (com um arranjo instrumental) e o incrível Espírito Infantil, do próprio Mu, que recentemente conseguiu o 5º lugar no 1º Festival Nacional de Choro, promovido pela TV Bandeirantes, de São Paulo. Eles acham que o Festival serviu também para mostrar que ainda existe muito fechamento na hora de aceitar qualquer novidade: 'São poucos os que estão tentando inovar, no Brasil. Há exceções, como Hermeto Pascoal, mas são exceções mesmo. A coisa chegou a tal ponto que Ernesto Nazareth consegue ser mais novo que o pessoal de hoje. É incrível. Nesse festival mesmo, pintou um detalhe curioso: no início, na fase de ensaios, o pessoal deu a maior força, encarando a nossa como uma inovação. Mas, depois, no final, a maioria preferiu e optou pelos mais tradicionais. Eles precisam entender que não podemos mais fazer o que se fazia há 50, 100 anos atrás.' Por essa e por outras, dá pra sacar que A Cor do Som é um dos poucos, dentre os novos, capazes de fazer algo realmente novo."
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