Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 4 de março de 2021

Carlinhos Vergueiro - Famoso, Mas Nem Tanto


 Carlinhos Vergueiro é um cantor e compositor paulista, que está na estrada musical há muitos anos. Seu primeiro álbum, Brecha, foi lançado em 1974, e no ano seguinte conseguiu uma projeção nacional ao sair vencedor do Festival Abertura, um dos mais importantes eventos musicais da década de 70, com a música Como Um Ladrão. Mas nunca chegou a ser um artista popular, tocar nas rádios e aparecer na mídia. Mesmo assim não deixa de ser um nome conhecido para quem acompanha a música brasileira a partir dos anos 70. Por isso, ao ganhar uma matéria na revista Shopping & DVD Music nº 7 (abril de 2004), a mesma trouxe no título "Carlinhos Vergueiro - Famoso, mas nem tanto". Na ocasião Carlinhos estava completando 30 anos de carreira, e lançava mais um disco:

"Carlinhos Vergueiro, cantor e compositor, é um exemplo bem peculiar dentro do universo da MPB em termos de projeção e sucesso. Apesar de possuir uma carreira que já dura trinta anos, ter lançado vários discos e ser um cara muito bem relacionado no meio musical, ainda não caiu no gosto das grandes plateias. É um daqueles artistas que há muito tempo permanece no meio do caminho entre a fama e o anonimato. E que, no entanto, não perde a esperança a cada nova investida. Como agora, quando mais um álbum autoral - Por Todos os Sonhos (distribuição Som Livre) está chegando às lojas do Brasil.

O paulistano de 52 anos estava sem editar um disco de inéditas desde 1999, quando apresentou o trabalho independente Contra-Ataque - Samba e Futebol. Agora, ele ressurge otimista. 'É uma batalha a vida da gente. Mas agora com a distribuição de uma grande gravadora isso aumenta a nossa visibilidade', comemora Vergueiro, que acumula em sua carreira composições com Chico Buarque, Toquinho, Vinícius de Moraes, Sueli Costa, Paulo César Pinheiro, J. Petrolino, Elton Medeiros, Paulinho da Viola, João Nogueira e outras figuras conhecidas.

 Todas essas amizades e parcerias surgiram a partir de 1973, quando Vergueiro iniciou sua carreira fonográfica. A curiosidade é que, nessa época, ele trabalhava na Bolsa de Valores de São Paulo. Depois passou a lançar discos com boa frequência até os anos 80. Ao todo, ele lançou 2 compactos, 11 LPs e 2 CDs. Outro  dado biográfico relevante do artista é a conquista do Festival Abertura (exibido na Rede Globo), em 1975, com a música 'Como Um Ladrão'.

Seu novo CD tem 11 faixas (a maioria inéditas), todas autorais. E mais uma vez, surgem dobradinhas com compositores consagrados e participações luxuosas. O samba 'Lugar de Cobra É no Chão' (escrito por ele e Arlindo Cruz) aparece na voz de Chico Buarque. Já o  bolero 'Motivos Banais' e o xote 'Forró de Amor' (parcerias de Carlinhos com Carlos Colla e J. Petrolino, respectivamente), trazem as interpretações de Fagner e Alceu Valença, que completam o time de convidados ao lado do grupo de  samba Toque de Prima (que toca em 'Eu Quero Ver', samba de teor ecológico).

Ainda aparecem obras compostas com Paulo César Feital ('Sem Tribo'). Paulinho da Viola ('Pretensão'), Elton Medeiros ('Relaxa', uma das melhores do CD) e com Chico Buarque (a regravação de 'Leve'). Essa última canção foi escrita pelos dois há alguns anos, especialmente para a filha do compositor, Dora Vergueiro, que é cantora e apresentadora de TV, quando ela fez sua estreia em disco.

Um detalhe incomum do disco refere-se à sua produção, que traz créditos a Ronaldo Nazareno (sim, ele mesmo, o Ronaldinho 'Fenômeno' do futebol) e Rodrigo Paiva, seu assessor pessoal. 'O Ronaldo já ajudou vários artistas, ele tem essa preocupação. Ele bancou, juntamente com o Rodrigo, esse projeto', observa Vergueiro, que é torcedor do Fluminense e que já havia encontrado o craque em algumas peladas promovidas por amigos em comum.

Por Todos os Sonhos é um disco simples, mas muito bem feito pois só tem gente boa nele', comenta Vergueiro, que não se abate com a falta de reconhecimento após tantos anos de luta. 'Continuo acreditando nos meus sonhos e fazendo minha parte. O importante é não perder o espírito de aventura e nem a minha alegria. Espero que esse disco sirva para mostrar que eu sou um cara que está aí, na batalha, há 30 anos e que ainda não desisti', finaliza."


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