A banda americana MC-5 é considerada uma precursora do punk rock, por seu som pesado, sujo e contestador, isso pelo menos uns dez anos antes do movimento punk ser criado. Conheci o MC-5 nos anos 80, quando seu álbum mais representativo, o ao vivo Kick Out The Jams foi relançado. Bem antes de conhecer o som da banda, eu li uma matéria sobre eles em Rock, a História e a Glória, a revista que tinha mudado de formato, e agora saía como um tablóide em formato de jornal, no Jornal de Música. A matéria, assinada por Guerra, falava de várias bandas um tanto obscuras e de pouca visibilidade, dentre elas o MC-5. A matéria é intitulada O Lixo do Rock, sendo que a palavra lixo não tem a conotação de algo ruim e sem qualidade, e sim de coisa tosca, marginal, e bem no espírito punk. Abaixo, a transcrição do texto:
"Num daqueles famosos domingos de novembro de 69, com um baile comendo solto no Monte Líbano (featuring Bubbles, Analfabitles e Crows) eu fui apresentado ao grupo que modificou todo o meu pensamento a respeito do rock e me levou a ser vocalista da Vaca Voadora. O grupo? - O MC5. Bem, aqui cabe uma explicação. É lógico que eu não fui apresentado nem ao Rob Tyner nem ao Fred Smith, e sim a Kick Out The Jams, o álbum ao vivo mais sujo e mais pauleira que já foi colocado no mercado em toda a história do rock. Fiquei totalmente fascinado pelo grupo. As interpretações de Rob Tyner para 'Ramblin Rose', 'Kick Out The Jams' e 'Motor City' eram simplesmente horrorosas. Quando eu descobri que a grande especialidade de Fred 'Sonic' Smith era tocar guitarra fazendo 'strip-tease', foi aí que eu me apaixonei de vez pelo grupo, que para mim é a pedra fundamental desta polibiografia lixosa.
A primeira e única formação do grupo foi a seguinte: Rob Tyner - vocais e harmônica; Fred 'Sonic' Smith - guitarra; Mike Davis - baixo; Denis Thompson - bateria e Wayne Kramer - guitarra líder. Originalmente eles faziam parte da 'Trans Love', uma comuna que abrigava o partido White Panther de John Sinclair, que atuava ao mesmo tempo como manager do grupo.
Quando John Sinclair começou a trabalhar como empresário do grupo, no verão de 1967, o MC5 havia sido desapossado de todo o seu equipamento, com exceção da bateria de Dennis. Isto aconteceu porque os rapazes não tinham dinheiro para pagar as prestações dos bagulhos e elas se acumularam durante oito meses. E, mais uma vez com exceção de Dennis, eles se amontoavam em um apartamento sala e quarto num dos bairros operários de Detroit (Dennis, que como vocês já devem ter notado, era o único que possuía algum no bolso, morava com seus pais e frequentava a Wayne State University).
Praticamente para eles não havia trabalho, se considerarmos que pouquíssimos donos de clubes iriam se arriscar a marcar algum compromisso com um grupo que carregasse nos ombros a fama que eles possuíam. Eles tocavam alto demais, chegavam sempre atrasados, tocavam muito pouco tempo e coisas totalmente incompreensíveis para a audiência. Para carregar o equipamento que eles conseguiam emprestado nos dias de apresentações, eles dependiam de amigos que tivessem carros para que ajudassem a transportar tudo para o local, e, quando lá chegavam, estavam tão bêbados e tão stoned que eram poucas as vezes que conseguiam entrar em cena para tocar alguma coisa.
Mas tirando essas pequeninas coisas, quando eles conseguiam tocar, apresentavam o rock'n roll mais fantástico e excitante do que qualquer grupo da área, e isso em termos de Detroit, era uma barra difícil de ser superada, pois todo mundo lá só tocava pauleira braba (vide The Detroit Theels e Grand Funk Railroad).
Devido a todas as implicações políticas e sociais que John Sinclair ouriçava com seus pronunciamentos, acrescentando-se ainda que logo após a saída do primeiro disco - Kick Out The Jams - John foi condenado a passar 10 anos na geladeira sob a acusação de tráfico de maconha e porte de drogas pesadas, o álbum foi rejeitado pelo público e consequentemente o MC5 virou maldito dentro da própria gravadora, a Elektra Records, que chutou-os para corner imediatamente.
Ajudados pelo crítico Jon Landau (Rolling Stone) o MC5 contra-atacou, abandonando a perigosa filosofia de Sinclair e abraçando a imagem de simples banda de rock pesado. O resultado disso foi um álbum - Back in The U.S.A. (Atlantic 1970) - um dos mais interessantes álbuns de rock da década de 60, onde tudo era expresso em música épica bem ao gosto da consciência dos anos 70, com apenas três minutos de duração cada uma ('Teenage Lust', 'American Ruse', Call me Animal' eram as faixas quentes).
Em 1972, eles excursionaram pela Europa sendo pessimamente recebidos por uma plateia que só queria saber de Yes, Genesis e outros classicosos da mesma laia. Voltando a Detroit, o grupo se dissolveu e Rob Tyner escreveu um livro intitulado 'How the Jams Were Kicked Out', explicando o porquê da dissolução da banda de rock mais suja da história e uma das precursoras do punk. "
Quando John Sinclair começou a trabalhar como empresário do grupo, no verão de 1967, o MC5 havia sido desapossado de todo o seu equipamento, com exceção da bateria de Dennis. Isto aconteceu porque os rapazes não tinham dinheiro para pagar as prestações dos bagulhos e elas se acumularam durante oito meses. E, mais uma vez com exceção de Dennis, eles se amontoavam em um apartamento sala e quarto num dos bairros operários de Detroit (Dennis, que como vocês já devem ter notado, era o único que possuía algum no bolso, morava com seus pais e frequentava a Wayne State University).
Praticamente para eles não havia trabalho, se considerarmos que pouquíssimos donos de clubes iriam se arriscar a marcar algum compromisso com um grupo que carregasse nos ombros a fama que eles possuíam. Eles tocavam alto demais, chegavam sempre atrasados, tocavam muito pouco tempo e coisas totalmente incompreensíveis para a audiência. Para carregar o equipamento que eles conseguiam emprestado nos dias de apresentações, eles dependiam de amigos que tivessem carros para que ajudassem a transportar tudo para o local, e, quando lá chegavam, estavam tão bêbados e tão stoned que eram poucas as vezes que conseguiam entrar em cena para tocar alguma coisa.
Mas tirando essas pequeninas coisas, quando eles conseguiam tocar, apresentavam o rock'n roll mais fantástico e excitante do que qualquer grupo da área, e isso em termos de Detroit, era uma barra difícil de ser superada, pois todo mundo lá só tocava pauleira braba (vide The Detroit Theels e Grand Funk Railroad).
Devido a todas as implicações políticas e sociais que John Sinclair ouriçava com seus pronunciamentos, acrescentando-se ainda que logo após a saída do primeiro disco - Kick Out The Jams - John foi condenado a passar 10 anos na geladeira sob a acusação de tráfico de maconha e porte de drogas pesadas, o álbum foi rejeitado pelo público e consequentemente o MC5 virou maldito dentro da própria gravadora, a Elektra Records, que chutou-os para corner imediatamente.
Ajudados pelo crítico Jon Landau (Rolling Stone) o MC5 contra-atacou, abandonando a perigosa filosofia de Sinclair e abraçando a imagem de simples banda de rock pesado. O resultado disso foi um álbum - Back in The U.S.A. (Atlantic 1970) - um dos mais interessantes álbuns de rock da década de 60, onde tudo era expresso em música épica bem ao gosto da consciência dos anos 70, com apenas três minutos de duração cada uma ('Teenage Lust', 'American Ruse', Call me Animal' eram as faixas quentes).
Em 1972, eles excursionaram pela Europa sendo pessimamente recebidos por uma plateia que só queria saber de Yes, Genesis e outros classicosos da mesma laia. Voltando a Detroit, o grupo se dissolveu e Rob Tyner escreveu um livro intitulado 'How the Jams Were Kicked Out', explicando o porquê da dissolução da banda de rock mais suja da história e uma das precursoras do punk. "
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