O fenômeno Secos & Molhados nunca foi esquecido. Volta e meia o grupo é lembrado, não só em matérias de jornais e revistas como em livros, que até hoje são publicados, e tentam explicar o que eles significaram não só em termos musicais, como em análises sobre o fenômeno de massas que o grupo significou. Muito se fala ainda sobre a possível cópia de seu visual de rostos pintados, por parte da banda Kiss, levantando diversas teorias, embora nada tenha sido comprovado. Enfim, os Secos & Molhados sempre será referência musical dos anos 70 no Brasil, embora só tenha lançado dois discos em sua curta, mas altamente significativa carreira. Em 1993, vinte anos após o seu surgimento, a revista Bizz, em sua edição nº 94 trazia uma análise sobre os S&M, em matéria assinada por Rogério de Campos:
"Era 73 e a imprensa anunciava: o rei foi deposto. Roberto Carlos tinha sido superado em vendas pelos Secos & Molhados.
Bastava ligar o rádio para confirmar. O público, principalmente as crianças, adorou aqueles esquisitões vestidos de vespas marcianas rebolando feito uns alucinados e cantando músicas estranhas a respeito de sacis e fadas.
A febre Secos & Molhados durou pouco mais de um ano. Durante esse período eles lançaram seu primeiro disco, causaram escândalo, lotaram todos os lugares onde tocaram, gravaram o segundo álbum e acabaram com o grupo.
Foi a trajetória mais surpreendente da história do rock no Brasil. RPM perde de longe.
A banda surgiu do nada, lançou seu disco com uma tiragem inicial de mil e quinhentas cópias e depois de seis meses chegaram à marca das quinhentas mil. Falava-se até em venda de oitocentos mil discos. Segundo a gravadora Continental, quando o segundo disco foi lançado, trezentas mil cópias foram vendidas antecipadamente. A banda era responsável por 90% das vendas da Continental, que colocou 21 das 24 prensas de sua fábrica trabalhando exclusivamente para eles.
E a banda sonhava com o sucesso internacional. 'Eu visualizei que eles poderiam ser tão famosos, ou mais, do que os Beatles', viajava o empresário da banda Moracy do Val na revista Veja. Pelas suas contas, os Secos & Molhados seriam 'um dos dez grupos de música pop mais importantes do mundo em 74'.
O líder da banda, João Ricardo, tinha sua teoria: 'Houve um grande estouro nos EUA, com Elvis Presley. Depois, outro na Europa, com os Beatles. O próximo teria que vir daqui, porque lá fora ninguém tem mais nada a dar'. Ainda que uma legião de imitadores tenha aparecido na sequência, a banda tinha pouca ligação com o que se fazia no Brasil na época.
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