segunda-feira, 28 de junho de 2021
Geraldo Azevedo Lança Bicho de Sete Cabeças - 1979
Em 1979 Geraldo Azevedo lançava seu segundo disco-solo, Bicho de Sete Cabeças. Naquele período a música nordestina vivia um período de alta, com algumas gravadoras investindo em artistas desse segmento, e as rádios executando bastante a música com assento regional. Foi nessa época que Geraldo Azevedo, um das grandes promessas da música nordestina lançava um ótimo trabalho, dois anos após o seu primeiro trabalho solo pela Som Livre (antes havia dividido um álbum com Alceu Valença em 1972).
Por ocasião do lançamento, foi feita uma matéria de divulgação publicada em O Globo:
“No sertão pernambucano, em Petrolina, onde nasceu, Geraldo Azevedo, compositor, cantor e violonista, recebeu as primeiras influências de sua música. O canto dos problemas existenciais, hoje influenciado por melodias e ritmos de outros países, é mostrado em seu terceiro LP, ‘Bicho de Sete Cabeças’, que vai ser lançado nessa semana. Agora com 34 anos, Geraldo Azevedo começou como profissional aos 18, influenciado por João Gilberto e Tom Jobim e, mais tarde, por Caetano Veloso, Gilberto Gil e os Beatles. A saudade de Pernambuco, dos pais e irmãos, que tocavam violão, vai ser revivida no próximo LP, ‘Asas da América – Frevo’, ao ser lançado próximo ao carnaval.
Ele não se lembra de quantas músicas já compôs, mas sabe que, em todas, usou elementos da música brasileira e da música universal.
- Minhas raízes fundamentais estão no Nordeste, onde nasci e vivi boa parte da minha vida.
Dessa infância difícil em Pernambuco, em contato com a terra e a cultura regional, surgiu uma música positiva. , que não esqueceu o canto do sofrimento do homem do sertão e o da angústia dos centros urbanos. Suas composições vão até o social e refletem o momento que o Brasil está vivendo e que, segundo Geraldo, ‘é de muitas expectativas sociais, o que influencia o trabalho artístico, que tem sido muito reprimido’.
Seu primeiro disco, ‘Alceu Valença e Geraldo Azevedo’ foi gravado em 1972. Mais tarde, lançou pela Som Livre o segundo LP, ‘Geraldo Azevedo’, com músicas suas em parceria com Alceu Valença e Carlos Fernando. A esses dois parceiros se uniram Zé Ramalho e Renato Rocha, para comporem o repertório de ‘Bicho de Sete Cabeças’.
- No início, eu queria apenas ser músico, mas a necessidade me levou a aprender outras artes, inclusive a do palco.
Para teatro, foi autor da trilha sonora e diretor musical da peça ‘Lampião no Inferno’, de Luiz Marinho, e diretor de ‘Capeta em Caruaru’, de Alomar Conrado.
- Ser compositor, no Brasil, é uma batalha, porque o mercado tem uma infiltração muito grande da música estrangeira. A situação está mudando, mas ainda não sabemos até que ponto vai ser favorável. Estamos vivendo uma época de muita ansiedade.
Depois de gravar discos e compor as trilhas sonoras de quatro curtas-metragens e dos longas-metragens, ‘Crueldade Mortal’, de Luiz Paulino e ‘Deliciosas Traições de Amor’, de Tereza Trauttman, Geraldo Azevedo se sente como estreante na música brasileira. Tocando violão, que aprendeu na infância, com os pais lavradores – ‘minha família toda tocava e minha mãe também cantava’ – ele gravou o disco de Zé Ramalho, ‘A Peleja do Diabo com o Dono do Céu’, e está participando da gravação dos LPs de Chico Buarque de Hollanda e também da peça ‘Ópera do Malandro’, que serão lançados até o final deste ano.
- Meu objetivo é compor uma música bonita, com sentido otimista, que faça bem aos homens. Não canto o negativo, porque já vivi muitas coisas ruins, embora não deixe de denunciá-lo.
Nas suas composições, Geraldo Azevedo mistura os ritmos brasileiros – coco, maracatu, baião, ciranda e a música de viola – aos estrangeiros, inclusive americanos:
- Muitas vezes ouço Luiz Gonzaga, seguido de um folclore americano, e sinto que há semelhança.
Para o carnaval, ele vai lançar o primeiro disco de frevo gravado no Rio, ‘Asas da América’, com participação de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elba Ramalho, Alceu Valença e Marco Polo. Algumas composições são de sua autoria, entre elas ‘Asas da América’, ‘Aquela Rosa’ e ‘Ator Folião’. Quando fala de discos, ele lembra que, entre as dificuldades de ser compositor no Brasil, uma das principais é a que se refere a direitos autorais:
- O problema ainda não foi resolvido. O dinheiro passa por todos os lugares e, no fim, chega às nossas mãos um mínimo daquilo a que temos direito. Quando faço shows cantando músicas minhas, pago os dez por cento exigidos e não consigo receber de volta.”
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