Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 1 de junho de 2015

Stan Getz - Sopro Aveludado para a Bossa Nova

O saxofonista americano Stan Getz se encantou pela Bossa Nova, e fez desse novo ritmo, que surgia com força nos Estados Unidos no início dos anos 60, um dos pilares de sua carreira. Embora já tenha ouvido críticas quanto à sua técnica em interpretar a Bossa Nova com as nuances que o ritmo exige, a verdade é que Getz participou de importantes  gravações, em grandes discos de Bossa Nova gravados nos States.
Em 2002 foi lançada um coletânea de Getz somente interpretando composições de Tom Jobim, e o disco, denominado "Getz Plays Jobim; The Girl from Ipanema", foi resenhado pelo crítico Antonio Carlos Miguel:
"Se hoje, 11 anos depois da morte de Stan Getz, seu suave e aveludado saxofone continua tão presente, muito se deve à sua associação com a bossa nova. Um dos primeiros jazzmen americanos a despertar para a riqueza da música brasileira produzida na virada dos anos 50 para os 60, Getz entrou de cabeça naquela nova onda. E não só emergiu revigorado desse mergulho como também muito contribuiu para a difusão da bossa nova no mercado americano e no mundo. O casamento do sopro desse mestre do cool e herdeiro estético de Lester Young com as melodias e harmonias sofisticadas de Jobim e companhia provou-se imbatível.
A coletânea 'Getz Plays Jobim': The Girl from Ipanema', mais uma que o selo Verve (Universal) faz a partir das numerosas gravações do músico, oferece um belo retrospecto do seu envolvimento com a bossa, tendo como diferencial o fato de concentrar-se nas composições de Jobim. Na época dessas sessões, o saxofonista americano sintetizou num texto para o encarte de um de seus discos o impacto que o principal intéprete e o maior compositor da bossa nova exerceram sobre sua geração: 'As canções de João Gilberto e Antonio Carlos Jobim chegaram à América como um sopro de ar puro'.
Stan Getz, entre Tom Jobim e João Gilberto
Nos anos 60, Getz gravou sete discos impregnados pelo estilo e por esse ar renovador, dos quais foram tiradas, pelo produtor Richard Seidel, as 14 faixas desse álbum. Entre elas, 'The Girl from Ipanema', a célebre versão do disco 'Getz/Gilberto', com Astrud Gilberto (voz) e João Gilberto (voz e violão), Tom Jobim no piano, mais o baixista Tommy Williams e o baterista Milton Banana - este, garantindo a devida batida do samba para  a receita funcionar. E como funcionou. O álbum, gravado em março de 1963 mas só lançado um ano depois, acabou faturando quatro prêmios Grammy e permaneceu por 96 semanas na lista dois mais vendidos nos Estados Unidos - perdendo o primeiro lugar para um grupo chamado Beatles, que então começava a conquistar a América, e o mundo.
Também foram tiradas de 'Getz/Gilberto' as faixas 'Vivo Sonhando', 'O Grande Amor', 'Só Danço Samba' e uma das duas versões aqui incluídas de 'Desafinado' - a outra fora gravada um ano antes, para o disco 'Jazz Samba', que Getz dividira com o guitarrista Charlie Byrd. Apesar de pioneiro, o álbum de Getz e Byrd perde bastante no quesito balanço. Somados, o baterista Buddy Deppenschmidt e o percussionista Bill Reichenbach não chegam perto do molho de Milton Banana. Segredo rítmico que, por sinal, só aumentou o fascínio da bossa entre os jazzmen."

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