Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Jards Macalé Lança CD Macao (2008)

Jards Macalé é um cantor e compositor que, apesar de veterano, ainda é considerado moderno e atual, e sua música ainda desperta grande interesse na nova geração. Carregando desde o início de carreira o rótulo de maldito, Macalé parece não se importar com essa denominação. 
Em 2008 lançou um novo CD, chamado "Macao", que mescla composições até então inéditas e regravações. Na ocasião, o crítico Antônio Carlos Miguel fez uma resenha do novo disco, e falou da carreira e obra desse músico genial:
"Macao soa como um acerto de contas com o passado. Dono de uma carreira discográfica pequena, dez discos solo desde o primeiro, em 1972, ele abre o atual com a mesma 'Farinha do Desprezo' (parceria com Capinan) com que abrira a sua estreia. E, 36 anos depois, Macalé optou por um arranjo próximo do original: agora, apenas seus violões e sua voz cavernosa, enquanto na primeira gravação fora acompanhado por Lanny Gordin e Tutty Moreno (bateria).
Revisão de sua produção que prossegue em mais duas regravações, 'The Archaic Lonely Star Blues' (com letra de Duda Machado, é uma pérola pop-bossas-novista esquecida num disco de Gal Costa, 'Le Gal', de 1970) e 'Boneca Semiótica' (parceria com com o mesmo Duda, mais o designer tropicalista Rogério Duarte e o poeta Chacal, estava em seus segundo LP, 'Aprender a Nadar', de 1974). Três inéditas completam a parceria autoral de 'Macao': 'O Engenho de Dentro' (antiga canção com Abel Silva, retomada para o disco), 'Se Você Quiser' (com Xico Chaves) e 'Balada' (recente parceria com Ana de Hollanda, que também participa como cantora.
Compositor de poucas mas certeiras canções, na sua discografia recente Macalé tem, obsessivamente, se reinventado. No CD anterior, 'Real Grandeza' (2005), retomara postumamente a rica parceria com Waly Salomão, regravando suas principais canções em dupla, incluindo quatro lançadas em 'Aprender a Nadar' - disco que tinha como antetítulo 'Apresenta Sailormoon's Linha de Morbeza Romântica'. Dois anos antes, 'Amor, Ordem & Progresso' trazia mais regravações, enquanto a capa era um remake da capa de seu disco de estreia.
Agora, além de retomar composições, ele recorre em 'Macao' a algumas de suas referências musicais - 'Corcovado' (Jobim), 'Ronda (Vanzolini), 'Um Favor' (Lupicínio) e até 'Ne Me Quitte Pas' (do belga Jacques Brel, no repertório de Maysa e Nina Simone), - e a de um contemporâneo, Luiz Melodia, 'Só Assumo Só', que, como ele, foi tachado de artista maldito por boa parte dos anos 1970 e 80.
Carioca, da safra de 1943, Jards Anet da Silva formou seu primeiro conjunto, Dois no Balanço, em 1959. Até 1969, quando surgiu no Festival da Canção como um neo-tropicalista defendendo a sua 'Gothan City (parceria com Capinan), atuou principalmente como instrumentista. Em 1965, trabalhou como violonista no Grupo Opinião; no ano seguinte, no musical 'Arena Conta Bahia' e no show 'Recital', da então estreante Maria Bethânia. Em 1969 e 70, foi diretor musical de Gal Costa, até ser recrutado por Caetano, então em seu exílio londrino. A parceria com Caetano resultou em 'Transa' - que antecipou o formato retomado pelo baiano em 'Cê'.
De bem com seu passado, obra que, em muitos momentos, esteve à frente de seu tempo, Macalé soa coerente em 'Macao'. É um disco que tem grandes momentos, mesmo que pouco acrescente."

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