Palavras Domesticadas

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Led Zeppelin Revisitado (1996)

A partir dos anos 90, quando o formato CD se consolidava no mercado, e as gravadoras, ainda não viviam a crise no mercado fonográfico que se instalaria anos depois, muitas caixas retrospectivas foram lançadas. Para os fãs, muitos dos quais se desfizeram de seus vinis, ainda sob o entusiasmo do novo formato que o CD representava, recorriam a essas caixas para ter de volta seus velhos discos. E nessa atmosfera foi lançada no Brasil, via importação, em 1996, uma caixa com dez CDs do Led Zeppelin, uma das bandas mais populares e cultuadas dos anos 70. A caixa, por ser importada, valia uma boa grana para os aficionados pelo Led. Mas para quem era fã, e dispunha de uma grana extra, valia a pena. Uma resenha dessa caixa foi feita pelo jornalista Carlos Albuquerque, em O Globo, na seção "Rio Fanzine":
"Ah, tempos marcantes aqueles dos anos 70. Não havia internet, não havia MTV, os punks ainda não haviam instalado a democracia e, como o chavão ainda não era chavão, o rock era rock mesmo (essa foi inevitável, moçada, sorry): misterioso, impenetrável, quase olímpico com seus deuses cabeludos e suas guitarras de trovão. E lá no céu, acima de tudo e de todos, estava o Led Zeppelin.
Ouvir o grupo hoje, aproveitando a chegada ao Brasil de uma caixa (importada) com todos os seus CDs (menos o ao vivo, 'The Songs Remains the Same'), lançada originalmente em 1993, é um belo exercício de nostalgia. Particular, se me permitem os amiguinhos fanzineiros, porque não há alma que tenha ouvido o Zep na origem e não tenha tido uma visão pessoal, um insight próprio sobre aqueles quatro super-heróis: Jimmy Page, o feiticeiro, o músico supremo, mago dos estúdios. Robert Plant, filho de Thor, o blueseiro de cabelos dourados, o orgulho em pessoa. John Boham, Sr. Bigorna, a pegada mais pesada do planeta, biriteiro e viciado em adrenalina. E John Paul Jones, o pacato cidadão, o cara normal... Pensando bem, são três heróis.
Todo mundo tem seu disco predileto do Zep. Eu também tenho: todos. Depende do dia, da temperatura ambiente e da direção do vento. De vez em quando, dá vontade de ouvir o 'LZ III', as três primeiras músicas de uma tacada só, no pau. Até hoje me arrepio ouvindo a evolução de 'Friends'. É mico?
O primeiro disco (que é de 1969) continua com aquele clima soturno, intensificado na dobradinha 'You Shook Me' (do grande Willie Dixon) e na etrerna 'Dazed and Confused'. rá, rá, e o que dizer das tablas de 'How Many More Times', numa época em que world music significava apenas nada? Rá, rá, e o proto-reggae 'D'yer Maker', de 'Houses of the Holy', de 1973, antes mesmo de Eric Clapton regravar 'I Shot the Sheriff' e botar o som da Jamaica no mapa?
No disco IV, 'Stairway to Heaven' me dá alergia, mas 'Going to California' lembra um dia na praia e, em particular, cenas do clássico filme (de surfe) 'Fluid Drive'. Iça! E, antes que o espaço acabe, uma última coisa: 'Physical Graffiti' é uma dos melhores discos do mundooooo!"

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