Palavras Domesticadas

Palavras Domesticadas

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Luis Fernando Verissimo Fala de George Harrison

A morte de George Harrison, em 29 de novembro de 2001, causou uma comoção, não só por ser um ex-beatle, mas principalmenbte pela personalidade de Harrison, que pregava valores espirituais, sendo responsável pela expansão da cultural e fé religiosa indiana nos jovens do ocidente. Essa sua religiosidade era refletida em sua própria música, já na época dos Beatles. Uma vez ele disse: "Acho que todos devem entrar dentro de si mesmos, procurar a espiritualidade". E esses valores George propagou através de sua arte e suas atitudes. Por isso mesmo, ele foi uma das figuras mais queridas do rock, e sua morte foi tão sentida por todos. Três dias depois, em sua coluna dominical do jornal O Globo, de 02 de dezembro de 2001, Luis Fernando Verissimo falava de Harrison no seguinte texto:
"John era o cerebral, Paul era o certinho, Ringo era o engraçado, George era o místico. Você imaginaria que quatro moços do mesmo lugar, com a mesma origem social e, afinal, com gostos musicais tão parecidos que tinham se juntado numa banda, não poderiam ser muito diferentes. Mas o sucesso dos Beatles talvez se devesse a essa diferença. A banda representava uma coisa - um arquétipo, os anseios e as necessidades de uma época. - e cada um dos seus membros representava outra. E cada um foi ser a sua outra coisa. John, o guru vanguardeiro e, no fim, trágico, Paul, o aristocrata semicareta, Ringo a personalidade internacional e George o que mesmo? Confesso que não acompanhei o envelhecimento dos Beatles com muita atenção, principalmente depois que o John parou de envelhecer.
As pessoas e as coisas que têm um significado muito forte em certas fases de nossas vidas só existem para depois lembrar como tudo passa. Sobrevivem como grotescos: são a coisa e a sua lembrança, a pessoa e o seu fantasma, ao mesmo tempo. George, pelo pouco que sei, continuou o mais sério e introvertido dos Beatles, inclusive na sua música. Também parou de envelhecer. No fim sobraram os Beatles mais superficiais, as duas partes dos Beatles que significavam menos. O que também deve significar alguma coisa."
Apesar de ser um belo texto, logicamente não concordo muito com a parte final, onde Paul e Ringo são colocados em um nível abaixo de John e George em termos de importância de suas imagens para o mundo. Mesmo assim, reproduzo aqui este texto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário