Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Gonzaguinha Lança "Plano de Vôo" - 1975 (2ª Parte)

"Você falou das canções, não e?, como Plano de Vôo era um disco de canções. Você disse isso, eu me lembrei daqueles tempos... você está certa, naquele tempo eu fazia canções, aquela coisa toda... É. Eu gosto de Plano de Vôo por isso, porque eu estava nascido de novo depois da doença, porque eu já podia ver essas e outras coisas com tranquilidade'.
Parada para o leite das onze horas, rindo não sei bem de que.  'É a música popular brasileira, hein, hein, hein?' Deve ser disso que a gente ria. 'A gente falava um bocado nisso, né, menina? Poxa, só falava...' Pausa comprida. De volta à estrada. 'O Milton Nascimento... eu tenho conversado muito com ele. Que loucura, não é, ele precisa tomar cuidado, está tudo prontinho pra porem ele no trono, no pedestal. Essa terra não sabe viver sem ídolo, e querem botar Milton de ídolo'.
Planando na poluição, perto de São Paulo. Cantando as músicas de Luiz Gonzaga, Pai. 'A doença... a doença é uma coisa, sabe? Muda você. Nessa hora não tem colega, não tem amigo. Tem é mãe, mulher e você mesmo. Você mesmo decidindo se fica ou se vai, se vai encarar a barra ou não. Você querendo ou não querendo. Saí da doença feliz, porque eu estava querendo.
Você sabe do que eu gosto? De trabalhar disco em rádio. Trabalho mesmo. Rapaz, meu sonho era ter um programa de rádio. Show da noite, sabe como é? Eu fui numa porção de programa desses, conversei com os caras, é fácil entrar na deles. Temos aqui um jovem... o que o senhor faz, jovem? E eu: eu leio uns livros de economia. Aí o cara está adorando essa encheção de linguiça. Mas o senhor ´é compositor, não é? Bem, eu faço uns sambinhas. Ô amizade, toca aí uns sambinhas do rapaz. Como é seu nome mesmo? Luiz Gonzaga Jr. Não, o pai não, amizade, é Jr, mesmo'."
A mesma revista, em sua edição anterior trazia uma crítica do disco Plano de Vôo, assianada por Júlio Hungria:
"Acompanhado de um pequeno e competente grupo de músicos que multiplica através da técnica do estúdio em dobrar guitarras, bateria e vozes, ele dispensa os arranjos com cordas que marcaram com um toque eventualmente romântico algumas faixas de seus sempre questionantes LPs anteriores. Este é um disco ainda mais questionante que os outros, certamente o melhor trabalho da sua carreira. Aqui desfila uma série de 12 músicas de excepcional qualidade, suportes para textos de primeiríssima categoria, que traduzem um aprimoramento ainda mais evidente pela constância do exercício não só de criar como o de criar nas circunstâncias adversas hoje permitidas, no Brasil, à música popular."

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