Muita coisa de rock eu conheci primeiramente através da leitura, e às vezes muito tempo depois pelo som propriamente dito. Eu costumava ler revistas sobre rock, e tomava conhecimento da existência de diversos artistas e bandas, sabia as formações das bandas, os títulos e capas dos discos, mas não tinha contato com a música propriamente dita. Aos poucos fui tomando contato com a música, em programas de tv dedicados ao rock ou em poucos programas de rádio especializados em rock, como o clássico Sessenta Minutos de Música Contemporânea, que eu conseguia captar através da Rádio Jornal do Brasil AM, do Rio. Como não tinha nenhum amigo mais próximo que possuía discos de rock, também não tinha como conhecer melhor o som das várias bandas que eu passava a conhecer só por ouvir falar ou ler em revistas. Curiosamente, eu costumava conversar com pessoas que realmente conhecia muitas bandas, e pelo conhecimento teórico que eu tinha das bandas através da leitura, falava como se eu também conhecesse o som das bandas, pelas citações que eu fazia.
Uma das bandas que eu descobri através de uma matéria em revista, mas que só fui conhecer sua música alguns anos depois, foi o Ten Years After, através de uma matéria publicada na revista Pop, especializada em rock e comportamento jovem, e que eu sempre lia. A matéria, publicada em outubro de 1974, tinha por título "É o Rock a Mil por Hora", em uma alusão ao estilo ligeiro com que o líder da banda, o guitarrista Alvin Lee tocava sua guitarra. As fotos da matéria são exclusivas, clicadas por um brasileiro, Antônio Ferraretto DÁvila. Segue a matéria:
Leo Lyon, baixista do Ten Years After |
"Frenéticos solos de guitarra num timbre quase estridente, e uma velocidade incrível - esta é a marca registrada do som do Ten Years After, conjunto inglês formado em 1967 que se mantém até hoje com os mesmos caras: Alvin Lee na guitarra e vocal, Leo Lyons no baixo, Chick Churchill nos teclados e Ric Lee na bateria. Os solos alucinantes brotam como mágica, dos dedos de Alvin, o líder do grupo, considerado o guitarrista mais veloz do mundo. Isso é motivo de orgulho, mas também de preocupação para Alvin Lee: 'Se eu ficasse o dia inteiro em casa, treinando, poderia ser ainda mais rápido. Mas, e daí? Nós queremos levar uma música legal para todo o mundo, e não ficar apenas mostrando que eu posso ser o guitarrista mais veloz.'
Alvin Lee |
A explosão do Ten Years After foi no Festival de Woodstock, em 1969. Numa apresentação memorável, estraçalhou o rock I'm Going Home com um de seus frenéticos solos e depois deu um desdobre tremendamente sensual com o microfone, cantando com os lábios grudados nele, como se estivesse deixando ali os beijos que queria distribuir para o público.
A partir daí, o Ten Years After (que só era curtido na Inglaterra) garantiu seu lugar no coração da garotada de todo o mundo e passou a ser respeitado como um dos grandes conjuntos de rock. Mas Alvin Lee e seus amigos logo trataram de mostrar que não é só do rock que eles se alimentam. E toda a carga sensual dos blues negros negros começou a aparecer em seus discos e shows. E é assim, calcado nos blues e no rock puro, que o Ten Years After está fazendo shows incríveis, enquanto seu novo disco, Positive Vibrations, vende milhares de cópias nos EUA e Inglaterra."
Foi exatamente assim comigo. Esta edição da pop foi a primeira que comprei, levei para a escola, os amigos leram. Depois recortei as fotos e fiz um mural, até então nao ouvira nada do TYA, somente alguns meses depois as primeiras FM's de Porto Alegre começaram a tocar a banda. Só fui ouvir um album inteiro lá por 1978. Encontrei seu blog procurando essa materia da POP. Par uma postagem que fiz hoje.
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Grato amigo, pela bela lembranca.
Só discordo da edição da pop. Pous eu ainda tenho a de outubro de 1974 e as materias são: Suzi Quatro, Pink Floyd e Rolling Stones
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