Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Burnier e Cartier - Jornal de Música (1976)

A dupla Burnier e Cartier, formada por Octávio e Burnier e Cláudio Cartier foi uma bela revelação surgida nos anos 70. Em termos de visibilidade a nível nacional, a música Ficaram Nus, apresentada pela dupla no Festival Abertura da Globo em 1975 foi de grande importância. Chegaram a gravar dois discos, e depois a dupla foi dissolvida, e cada em seguiu carreiras individuais. Em dezembro de 1976 o Jornal de Música em sua edição 27 trazia uma entrevista com Octávio Burnier, falando da dupla e seus projetos, em matéria intitulada "Dois violões ficaram nus: Burnier e Cartier" e assinada por Paulo Macedo:
" 'Crosby, Stills, Nash & Young? Isso não tem nada a ver com o nosso trabalho. Nós ainda não conseguimos entender o porque dessa comparação. Nós nunca ouvimos esse grupo. O que nós fazemos é tocar nossas violas e cantar. Será que isso é imitar alguma coisa?' Achamos que quem fala isso está muito enganado e não entende bulufas de música'.
Atualmente, antes de prestar qualquer depoimento, a dupla Luiz Octávio Bonfá Burnier e Cláudio Brandini Cartier fazem questão de explicar que são improcedentes essas acusações de que são o estereótipo do quarteto sensação de Woodstock. Segundo Burnier a música é a única coisa que interessa: 'Nós só utilizamos letra na nossa música por dois motivos: o primeiro é porque o Cartier curte muito isso e  o outro é por causa da gravadora.'
Mas para falar dessa dupla que se tornou conhecida do público com a música Ficaram Nus, no Festival Abertura da Rede Globo, convém recapitular:
Burnier: Começou a tocar aos oito anos de idade quando o seu tio, o violonista Luís Bonfá lhe presenteou com um violão. Desde então não parou de tocar e passou a prestar atenção na técnica utilizada por seu tio. Aos 14 anos, participou do Movimento Artístico Universitário. Nessa mesma época, participou da série de programas Som Livre Exportação. Com 16 anos gravou o seu primeiro disco: Baby Liberato, na Som Livre, que foi um dos temas da novela O Homem que Deve Morrer. Em 71 fez parte do grupo vocal-instrumental Som Livre que depois se chamou Aquarius. Em 72 o Aquarius foi para a Espanha e gravou um LP na Ariola, só com músicas brasileiras. Em 73 voltou para o Brasil com a dissolução do grupo.
Cartier: Iniciou os seus estudos musicais aos 11 anos de idade com o professor Jodacyl Damasceno até ingressar na Escola Nacional de Música. Paralelamente à E.N.M. cursou e Escola Nacional de Belas Artes, trabalhando logo em seguida como professor de Artes Plásticas. Também atuou como cartunista de TV; produtor de filmes publicitários e compositor de jingles. Em 67 começou a participar do MAU e lá conheceu Burnier.
Com o encontro dos dois na casa do Dr. Aluízio Porto Carrero, sede do MAU, descobriram que possuíam os mesmo gostos. Mas a dupla só se concretizou com a  vinda de Burnier da Espanha.
- 'Durante esse período o meu período na Espanha - fala Burnier - o Cartier me enviava regularmente cartas. E nessas cartas ele me falava da  vontade que ele tinha de fazer uma dupla com dois violões. A última carta que eu recebi dele, foi quando eu estava vindo pra cá. E ele dizia que se eu não viesse ele iria para a Espanha fazer música comigo.. E quando cheguei aqui ele ficou muito contente e começamos a compor, participar de movimentos, fazer circuitos universitários, até que apareceu o Abertura, festival que nos projetou em todo o Brasil. A música que nós concorremos foi muito pichada pela crítica, porém, estranhamente, atingiu um sucesso surpreendente.'
Burnier e Cartier se apresentando no Festival Abertura em 75
E o LP que vocês estão lançando, como está?
- O que eu mais queria era lançar um disco instrumental, mas não existe gravadora nesse país que acredite nisso. Eu acho que o disco está muito legal e digo mesmo, gostei muito das letras. Não concordo, portanto com a Dona Ana Maria Bahiana que diz que nós precisamos arranjar outros letristas. Agora eu acho ideal um disco só com música, mas além da gravadora, o meu parceiro Cartier, que tem formação clássica, se amarra nas letras.
E os planos da dupla?
- Nós estamos planejando fazer uma excursão pelo sul do país, pois o nosso disco está sendo muito bem aceito por lá. Agora, estamos pensando seriamente em nos mandar para os Estados Unidos e desenvolver nosso trabalho naquelas plagas. Mas isso ainda não é concreto, pode ser que não aconteça."

3 comentários:

  1. A letra é apenas um complemento,tem gente que não pensa assim...

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  2. Não acho as letras das músicas deles ruins. É uma questão de opinião

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    1. Disse tudo,é só uma questão de opinião.O letrista dos ''Engenheiros...'' que o diga,rs.

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