Diana Pequeno foi uma das muitas cantoras surgidas no Brasil no fim dos anos 70. Com um trabalho regionalista, baseado principalmente numa vertente que foi batizada de "new caatinga", por falar de coisas do agreste e do sertão, Diana foi conquistando seu público. A partir de seu terceiro disco, seu trabalho foi se urbanizando, e abandonando aos poucos a temática agreste. E é justamente essa mudança que significou para muitos uma indefinição do trabalho da cantora.
Nessa matéria publicada em 1981 na revista Música, a diversificação que o trabalho de Diana vinha experimentando é analisada por Angelo Iacocca:
"A tendência de Diana estar sempre procurando um novo caminho, vem gerando algumas dúvidas quanto à consolidação de sua carreira. As mudanças, com muita frequência, nem sempre são sinônimo de criatividade. Evidentemente seu sucesso comercial não está sendo abalado - pelo menos por enquanto - devido ao bom momento que ela atravessa: das cantoras que surgiram nos últimos cinco anos, Diana é uma das poucas a manter boa posição no mercado, tanto em vendas quanto em afluência de público aos seus shows.
Seu último disco, Sinal de Amor, representou o grande impulso em direção a uma nova fase, desta vez desgarrada de todas as influências anteriores, principalmente da corrente musical que vinha da caatinga, e que marcou profundamente o início de sua carreira. Mas devemos levar em conta sua vivência inteiramente urbana, é que o contato com a música de Elomar ocorreu em Salvador e não na caatinga.
Mas, se esta nova opção de Diana foi benéfica como libertação, inclusive de compromissos ideológicos, musicalmente decepcionou aqueles seu seguidores que queriam ver conservada a simplicidade que marcou os dois discos anteriores, não muito pela temática, agora um tanto urbanizada, mas principalmente pela instrumentação, eletrificada em excesso.
E ao transpor este trabalho para o palco em seu show, também chamado 'Sinal de Amor', Diana escolheu uma autêntica banda de rock 'Cheiro de Vida', mais preocupada em mostrar seus malabarismos eletrônicos, do que tentar acompanhar a voz forte, sufocada pelo som estridente das guitarras, porém muito valorizada quando o acompanhamento fica a cargo do rabequeiro e violonista Zé Gomes, ou quando ela se acompanha ao violão. É verdade que o público aderiu ao som da banda, pois qualquer som 'pauleira' é um convite à dança... Mas qual o papel de Diana Pequeno nisso tudo? Não acredito que ela pretenda ser uma nova revelação do gênero, principalmente se a intenção for a de adaptar músicas folclóricas, como 'Regina', para o rock. A não ser que mude radicalmente.
Para seu próximo disco, Diana Pequeno pretende realizar um seu grande projeto: gravar textos de poemas brasileiros musicados por ela. Depois da tentativa mal sucedida com poemas de Cecília Meireles (os poemas já estavam gravados, mas os herdeiros exigiram uma quantia exorbitante, que a gravadora não quis pagar), agora parece que tudo vai dar certo, já que com o poeta escolhido, Mário Quintana, não existirão tais problemas. Eles tornaram-se amigos em Canela, no Rio Grande do Sul, onde a ideia da gravação nasceu.
Portanto, para o próximo disco de Diana, o poeta Mário Quintana terá presença garantida (o desejo da cantora era fazer um LP inteiro com seus poemas, mas ela mesma reconhece que é difícil). Alguns poemas já estão musicados, entre eles 'De Repente' e 'Noturno'. Com esse disco Diana acredita poder divulgar a obra do poeta que já está com 76 anos.
Quintana passou a ser valorizado somente a partir de 1970; mesmo assim ainda não é conhecido em todo o Brasil.
Quanto ao seu próximo disco, Diana diz que pretende ser mais individual, desenvolvendo um trabalho com pessoas que sintam a música como ela, e desenvolver novas ideias, inclusive gravar composições suas, o que não tem feito até agora justamente por não ter explorado sua individualidade. "
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