Quem conhece um pouco da história dos Beatles, sabe que antes de Ringo Starr fazer parte do grupo, um outro baterista fazia Parte da banda: Pete Best. Por ser considerado um músico um tanto limitado para as pretensões da banda, Best foi mais tarde substituído por Ringo Starr. Essa substituição não foi muito bem recebida pelos fãs da banda, que já era bem conhecida nos meios musicais de Liverpool. Por ser na época considerado pelas fãs, o mais bonito dos quatro Beatles, gerou uma onda de protestos, e acabou até sobrando para George Harrison, que chegou a levar um soco no olho por conta de um tumulto que aconteceu devida à mal vinda substituição, além do próprio Ringo, que em seus primeiros tempos como um beatle oficial chegou a ser hostilizado pelos fãs mais exaltados de Best, até tudo se ajeitar.
Logicamente a demissão da banda causou grande frustração ao antigo baterista, principalmente com o enorme sucesso mundial que os Beatles fariam mais tarde. Apesar de ter ficado de fora da fase de maior sucesso dos Fab Four, Pete Best também é considerado uma celebridade, e sempre é lembrado e solicitado para matérias e entrevistas. Em sua edição de 17 de maio de 1998, o Jornal do Brasil trouxe uma matéria com Best, assinada por seu correspondente em Londres, Nelson Franco Jobim:
" Quando Sargent Pepper's tornou-se o maior disco da história do rock, em 1967, ele embrulhava pão ganhando o equivalente a R$ 35 por semana. Era um funcionário público aposentado quando o lançamento da Antologia dos Beatles o resgatou do fundo do poço, onde tentara até o suicídio. Agora, mais em paz com seu passado, Pete Best, o beatle fracassado, afasta a amargura para relembrar em entrevista ao jornal conservador The Sunday Telegraph seus dois anos ao lado de John Lennon, George Harrison e PaulMcCartney.
Pete Best conheceu os futuros beatles através de sua mãe, Mona. Quando ela abriu um clube noturno chamado Casbah, a primeira banda escalada era Les Stewart Quartet, na qual George Harrison tocava. Mas ele chegou para a mãe de Pete e disse: 'a banda acabou mas tenho dois amigos e posso formar outra.'
Os amigos eram Paul e John. Eles criaram The Quarrymen com Ken Brown. Ganhavam o equivalente a R$ 1,50 por noite. Pete se dava melhor com John.: 'Ele tinha um lado terno e carinhoso que guardava para si e escondia dos outros. Ele vinha até nossa casa e saíamos para fazer compras. Notei que John não era avesso a colocar no bolso algo que quisesse. 'Esta é a maneira que faço compras', dizia John. 'Sai muito mais barato'.
Pouco tempo depois, Pete fazia um teste de bateria. Tocou seis músicas e foi aceito. Eles se apresentaram no Jacaranda, em Liverpool. Nessa época, Paul recebeu um telefonema da Alemanha; 'Entramos clandestinamente em Hamburgo', recorda o beatle esquecido. 'Não tínhamos visto. Foi uma aventura, com adrenalina fluindo. Quando chegamos em Hamburgo, nosso empresário, Alan Williams, aconselhou: se a imigração perguntar, digam que são estudantes.'
Uma camionete Austin os deixou no Kaiserkellar, um clube noturno do Reeperbahn, na zona rosa de Hamburgo, um antro de prostitutas e travestis 24 horas por dia. Os Beatles iam tocar no Indra, no fim da rua, avisou o gerente. 'Só tinha duas pessoas lá dentro', conta Best. 'Nosso desafio era fazer daquilo outro Kaiserkellar. Depois de algumas noites, começou a encher. Nos disseram para tocar mais alto e ser mais arrojados no palco.'
Em vez de hotel, os Beatles foram alojados num cinema pulguento que passavas filmes vagabundos e apresentava shows de streaptease. Eles ficavam em dois espaços próximos aos banheiros que Best não ousa chamar de quartos. 'John, George e Stuart Sutcliffe (o baixista que entrou em 1960 e deixou a banda) se adiantaram na 'suíte presidencial', que tinha lâmpada, uma cama de campanha e um sofá. Eu e Paul chegamos por último e ficamos no 'buraco negro de Calcutá', uma bosta de peça que mal dava espaço para uma cama. Não tínhamos luz. Só uma lanterna e velas.'
Neste ambiente punk, os Beatles trocavam suas garotas ou elas decidiam experimentar os outros. Ingleses e de cabelo comprido, eles também eram alvo de alemães bêbados. John brigou duas vezes na rua e Paul uma, revela Best. Uma noite um marinheiro levou um monte de bebidas para o show e depois convidou os Beatles para jantar. John e Pete decidiram roubar o cara, enquanto Paul e George caíam fora. 'Ele reagiu e chegou a puxar o revólver. Jogamos a carteira dele no chão e saímos correndo, entrando de fininho no Kaiserkellar .Ainda bem que ele nunca mais apareceu.'
Eles tocavam seis a sete horas por noite, sete dias por semana, das seis ou sete da noite até duas da madrugada, para ganhar R$ 25 a R$ 30 por semana. 'Antes de Hamburgo costumávamos tocar 15, 20 minutos. Quando voltamos para a Inglaterra, com toda aquela força e energia, começamos a atrair grandes plateias.' Quatro meninos de Liverpool tinham ido para a Alemanha e voltado homens. Nos primeiros acordes, arrebataram a cidade sonolenta de sua modorra pós-industrial, terra de um porto em declínio, desinvestimento e desemprego.
John começava sua ascensão passando de músico a showman para macaquear no palco. 'Arregaçava as calças ao redor do piano como Nureiev. Uma vez baixou as calças e mostrou a bunda pra plateia. George entrou no palco uma vez com uma tábua de privada no pescoço.' Os Beatles começaram a cobrar o equivalente a R$ 140 por semana para cada um. Brian Epstein, o novo empresário, achava que eles valiam R$ 100 por hora. No final de um show no Cavern Club, 36 anos atrás, Epstein convocou Best para uma reunião no escritório na manhã seguinte. Estava demitido. Foi um raio fulminante. Eles já estavam trabalhando em Love Me Do e P.S. I Love You, o primeiro compacto. A banda já estava descontente com a performance de Pete, o que foi confirmado pelo produtor George Martin, com quem fizeram um teste. Martin chegou a contratar um baterista profissional para tocar com os Beatles na primeira sessão de gravação. Foi neste ínterim, entre o teste e a entrada em estúdio para gravar um single, que a banda demitiu Best e arregimentou Ringo.
Pete caiu na deprê, tentou o suicídio. Tornou-se funcionário público e chefe de programas especiais no distrito de Merseyside. Mas só quando foi chamado a participar de um festival de Beatles em Liverpool sua vida mudou. Criou a Pete Best Band, tocou três semanas no Canadá e não parou mais. As músicas dos Beatles são mais da metade do show. Foi um resgate emocional. Dinheiro mesmo, ele só começou a ganhar quando saiu a Antologia dos Beatles, na qual Pete toca em 10 músicas gravadas ao vivo em Hamburgo, nos melhores dias de sua vida cheia de atribulações. "
Em vez de hotel, os Beatles foram alojados num cinema pulguento que passavas filmes vagabundos e apresentava shows de streaptease. Eles ficavam em dois espaços próximos aos banheiros que Best não ousa chamar de quartos. 'John, George e Stuart Sutcliffe (o baixista que entrou em 1960 e deixou a banda) se adiantaram na 'suíte presidencial', que tinha lâmpada, uma cama de campanha e um sofá. Eu e Paul chegamos por último e ficamos no 'buraco negro de Calcutá', uma bosta de peça que mal dava espaço para uma cama. Não tínhamos luz. Só uma lanterna e velas.'
Neste ambiente punk, os Beatles trocavam suas garotas ou elas decidiam experimentar os outros. Ingleses e de cabelo comprido, eles também eram alvo de alemães bêbados. John brigou duas vezes na rua e Paul uma, revela Best. Uma noite um marinheiro levou um monte de bebidas para o show e depois convidou os Beatles para jantar. John e Pete decidiram roubar o cara, enquanto Paul e George caíam fora. 'Ele reagiu e chegou a puxar o revólver. Jogamos a carteira dele no chão e saímos correndo, entrando de fininho no Kaiserkellar .Ainda bem que ele nunca mais apareceu.'
Eles tocavam seis a sete horas por noite, sete dias por semana, das seis ou sete da noite até duas da madrugada, para ganhar R$ 25 a R$ 30 por semana. 'Antes de Hamburgo costumávamos tocar 15, 20 minutos. Quando voltamos para a Inglaterra, com toda aquela força e energia, começamos a atrair grandes plateias.' Quatro meninos de Liverpool tinham ido para a Alemanha e voltado homens. Nos primeiros acordes, arrebataram a cidade sonolenta de sua modorra pós-industrial, terra de um porto em declínio, desinvestimento e desemprego.
John começava sua ascensão passando de músico a showman para macaquear no palco. 'Arregaçava as calças ao redor do piano como Nureiev. Uma vez baixou as calças e mostrou a bunda pra plateia. George entrou no palco uma vez com uma tábua de privada no pescoço.' Os Beatles começaram a cobrar o equivalente a R$ 140 por semana para cada um. Brian Epstein, o novo empresário, achava que eles valiam R$ 100 por hora. No final de um show no Cavern Club, 36 anos atrás, Epstein convocou Best para uma reunião no escritório na manhã seguinte. Estava demitido. Foi um raio fulminante. Eles já estavam trabalhando em Love Me Do e P.S. I Love You, o primeiro compacto. A banda já estava descontente com a performance de Pete, o que foi confirmado pelo produtor George Martin, com quem fizeram um teste. Martin chegou a contratar um baterista profissional para tocar com os Beatles na primeira sessão de gravação. Foi neste ínterim, entre o teste e a entrada em estúdio para gravar um single, que a banda demitiu Best e arregimentou Ringo.
Pete caiu na deprê, tentou o suicídio. Tornou-se funcionário público e chefe de programas especiais no distrito de Merseyside. Mas só quando foi chamado a participar de um festival de Beatles em Liverpool sua vida mudou. Criou a Pete Best Band, tocou três semanas no Canadá e não parou mais. As músicas dos Beatles são mais da metade do show. Foi um resgate emocional. Dinheiro mesmo, ele só começou a ganhar quando saiu a Antologia dos Beatles, na qual Pete toca em 10 músicas gravadas ao vivo em Hamburgo, nos melhores dias de sua vida cheia de atribulações. "
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