Palavras Domesticadas

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quinta-feira, 14 de julho de 2016

Carlos Santana - O Eterno Gênio Latino - Revista MIX (1987)

Em 1987, a revista MIX trazia uma matéria com o guitarrista mexicano Carlos Santana. Dono de um estilo pessoal e um toque e um swing latino que só ele sabe fazer, Santana é um guitarrista que sempre é lembrado entre os melhores do mundo. Com uma longa carreira, iniciada ainda nos anos 60, e uma grande coleção de álbuns lançados, o genial guitarrista continua na ativa, sem nunca ter entrado em declínio ou fazer concessões. A matéria, que traz como destaque o álbum que Santana estava lançando à época, Freedom, tem por título "Em busca do tempo perdido", e é assinada por Sérgio Matorelli:
"Desde 62, quando se mudou com a família para a louca San Francisco, que na época era o reduto do nascente movimento hippie, Carlos Santana nunca deixou a música. No final dos anos 60 (69, para ser mais explícito), lançou seu primeiro álbum-solo, Santana, pela CBS. O disco já trazia uma interessante mistura de rock com ritmos latinos, como salsa, rumba, merengue, soca, calipso e o escambau, e acabou despertando a atenção do público e da crítica, se convertendo num razoável sucesso. Os álbuns que vieram em seguida - Abraxas (70), Santana 3 (71), Caravanserai (72), Welcome (74), Borboletta (75), Amigos (76), Festival (76), Devadip Oneness Silver Dreams Golden Reality(77), Inner Secrets (78), Marathon (78), Moonflower (79), The Swing of Delight (80), Zebop (81), Shango (82) e Havana Moon (83) - seguiram pela mesma praia, assim como os discos que gravou com John McLaughlin (Love, Devotion, Surrender, de 73), Alice Coltrane (Iluminations, de 74) e Buddy Miles (Carlos Santana & Buddy Miles, 71).
Talvez tenha sido por isso que Santana esperou quatro anos para lançar seu mais recente LP, Freedom: medo da saturação. O nome de Carlos Santana estava ligado diretamente ao 'rock latino' (ou 'cucaracha rock', segundo alguns críticos da revista japonesa Music Life), e era difícil vê-lo fazendo outra coisa. Por isso, é curioso notar que Freedom, mesmo tendo a intenção de ser algo diferente, é tão igual aos outros. Trazendo um pop bem feito, o LP conta ainda com a participação de Chester Thompson nos teclados, Alphonso Johnson no baixo, Armando Perazza na percussão e Buddy Miles - recém-saído da cadeia - na voz, entre outros. 
Freedom, como o nome indica, versa sobre a liberdade, e o encarte é recheado de figuras históricas que lutaram por ela - Cristo, Ghandi, Lincoln, Luther King, Zapata, Mandela, Roosevelt, etc. As letras abordam invariavelmente o mesmo tema, a não ser aquelas que falam sobre 'amor sob os coqueiros, debaixo da lua prateada de Havana'.
Nesse novo disco, Santana mostra que continua fidelíssimo às suas raízes roqueiras e latinas. Com praticamente a mesma banda dos discos anteriores, Santana continua arrepiando os pelinhos com seus solos refinadíssimos e transcedentais, fundindo rock, latinidad e toques de música indiana - influências do guru Sri Chinmoy, que o apelidou de Devadip. Isso pode ser constatado praticamente nas duas faixas instrumentais, 'Mandela' e 'Love is You', que são de fazer a gente ter que pegar o maxilar no andar térreo.
Mas falar na guitarra de Santana é bancar o pedal de eco, pois tudo já foi dito sobre ela. O negócio é falar da banda. E que banda! Armando Perazza, um percussionista estupidamente competente, cria ritmos e batidas que nos deixam incapazes de ficar parados. Alphonso Johnson é um senhor baixista que não se limita apenas a marcar as canções, e adora adicionar novas texturas ao ritmo. Chester Thompson é um bom tecladista, e divide a maioria das músicas com Santana. E Buddy Miles... bem, esse daí é fora de registro. Sua voz é tão gostosa que entra por um ouvido, acaricia o cérebro e fica por lá uns dois dias até sair pela outra orelha. E isso se você ouvir o disco apenas uma vez. O que, pode crer, não vai conseguir. "




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