Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 27 de abril de 2012

Raul Seixas Fala da Sociedade Alternativa

Em abril de 1975 a revista Pop trazia uma matéria sobre Raul Seixas, falando da Sociedade Altertnativa. Na época Raul vivia uma de suas melhores fases em sua carreira. Seu disco Gita teve uma vendagem fantástica, e a Sociedade Alternativa, uma utopia que sua mente criativa e inquieta, que junto a seu parceiro de então, Paulo Coelho, tentava tornar uma realidade, era uma de suas metas. Eis a matéria:
"Música , está provado, é um dos melhores veículos para a transmissão de suas ideias. Por isso, Raul Seixas transforma seus shows e discos numa espécie de pregação, onde suas bases filosóficas da Sociedade Alternativa são gritadas com veemências para o público. Nessa zoeira, frases isoladas como 'faça o que quiser, pois é tudo da lei, 'quem não tem colírio usa óculos escuros ou 'eu sou o princípio o fim e o meio' juntam-se e ganham um significado poderoso. Mas,afinal, o que é essa tal de Sociedade Alternativa de que Raul sempre fala? 'Antes de mais nada, uma atitude. É cada um ter a coragem suficiente para questionar tudo o que foi ensinado e partir para uma reavaliação de valores. É a descoberta de si mesmo - fraco, tolo, impensado por uma sociedade em decomposição. A Sociedade Alternativa vive e absorve as coisas por um espelho retrovisor.
No palco, vestindo uma camisa com passadores nos ombros e usando a guitarra como uma arma, Raul parece mais um guru do que um cantor, quando faz suas proclamações, amplificadas por dois mil watts de som. A plateia responde com asplausos, gritos, descontração e gestos de solidariedade, e assim passa a fazer parte da Sociedade Alternativa. Mas, Raul garante, o movimento não fica aí. Ele recebe centenas de cartas de jovens de todo o país pedindo orientação. Responde todas contando coisas de sua própria experiência; 'Aos 18 anos, comecei a questionar a família como instituição. Afinal, de todas as coisas que serviam para meu pai e ele me ensina, nem todas serviam para mim. quando descobri a mim mesmo, livre para pensar e agir, encontrei o verdadeiro sentido da vida.' E quando alguém lhe pergunta se o mundo não viraria um caos total quando todas aderissem à Sociedade alternativa, Raul responde com outra pergunta: 'O homem está à beira da falência moral. O mundo é uma grande fome onde a maioria não dorme e uma minoria fica acordada com medo dos que não dormem. A ganância, a maldade, a poluição, tudo, enfim, obedece às leis criadas durante séculos. O computador substitui o homem e gera o monstro do desemprego. Pergunto: pode continuar assim?'."

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