Palavras Domesticadas

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domingo, 10 de abril de 2011

Langston Hughes


Nos anos 90, através de um jornal cultural chamado Nicolau, que era editado pela Secretaria Estadual de Cultura do Paraná, conheci alguns poemas de um poeta americano de quem nunca havia ouvido falar, chamado Langston Hughes. O poeta era inédito, e talvez ainda seja, no Brasil. Quem fez a apresentação e tradução de seus textos foi o cineasta Sylvio Back, que também é poeta e escritor. O texto sobre Hughes é o seguinte:
"Conhecido no Brasil (talvez) apenas pela emblemática primeira estrofe de seu poema 'Democracy', Langsston Hughes (1902 - 1967) é um dos maiores poetas norte-americanos do século, porém ainda inédito entre nós.
Publicou seis livros de poesia, além de contos, ensaios, peças e, inclusive, letras de canções populares, cujo lirismo tem origem nos blues e spirituls. Em 1944 teve editada no Brasil uma autobiografia com o título de 'O Imenso Mar'.
Cantor da negritude americana, do Harlem vem a inspiração mais densa, e na esteira dela, a miséria, a solidão e a morte. Na contramão, Hughes sublima as vicissitudes de sua raça com o orgulho, a fraternidade, a esperança e o humor. A dicção de Lanston Hughes, que não disfarça certo parentesco com a de Walt Whitman, sobrevive intacta pelo seu viço e alta invenção.
Esses poemas foram extraídos de uma seleção feita pelo autor pouco antes de sua morte."

Democracia
Democracia não virá
hoje, este ano
jamais
pelo compromisso e o medo.
Tenho tanto direito
quanto qualquer sujeito
de ficar
sobre meus dois pés
e ser dono da terra
Estou cheio de ouvir, deixe assim,
Amanhã é outro dia.
Não preciso da minha liberdade, morto.
não consigo viver com o pão prometido.

Liberdade
Liberdade
É uma semente forte
plantada
na maior necessidade.
Vivo aqui, também
Quero liberdsde
como você

Esperança
Levantou-se do leito de morte e pediu peixe.
A mulher dele consultou o livro dos sonhos
e tranfigurou-se

Sonho
Ontem sonhei
o sonho mais louco
por tudo eu via
o que parecia inverossímil:
Você não estava ali comigo!
Acordado me virei
e toquei você
adormecida
o rosto virado
Aí pensei:
como os sonhos podem mentir
Mas você não estava mesmo ali

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