Palavras Domesticadas

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terça-feira, 12 de abril de 2011

Baden Powell e os Afro-Sambas


Baden Powell é um dos músicos mais completos, e mais internacionalmente conhecidos que o Brasil já teve. Dono de uma técnica fantástica ao violão, Baden não tardaria a conquistar o mundo, pricipalmente a Europa, onde fez uma brilhante carreira.
Costuma-se dizer quando um músico cria um novo estilo de tocar, que ele "fez escola", ao influenciar outros músicos, que seguem seus ensinamentos. Embora seja referência para vários violonistas, pode-se dizer que não existe propriamente uma "escola Baden Powell", já que nenhum músico ousou seguir sua linha de tocar. Por isso Baden Powell é único.
Além de músico Baden se destacou também como compositor, de harmonias e melodias refinadas. Um dos pontos altos de sua carreira como compositor é o histórico disco que compôs em parceria com Vinícius de Moraes, chamado Os Afo-Sambas. Gravado no verão de 65 para 66, de um jeito informal, como se a dupla não tivesse conhecimento da dimensão que a obra alcançaria através dos anos (e acho que não sabiam mesmo), o disco era considerado por Vinícius como não-comercial e semi-amador. O próprio Vinícius, um não-cantor assumido, fez os vocais masculinos (Baden, com seu fiapo de voz não ousaria cantar nesse disco). Dulce Nunes, uma boa cantora da época, e o Quarteto em Cy fizeram as vozes femininas. Um coro meio improvisado foi formado entre amigos para fazer o apoio vocal. As orquestrações ficaram a cargo do Maestro Guerra-Peixe, que soube dar ênfase ao violão de Baden e a percussão de candomblé em meios às orquestrações.

O disco produziu clássicos da MPB, como Canto de Ossanha, Berimbau e Consolação. Outras composições, mesmo não se tornando sucessos, e até pouco conhecidas hoje em dia, podem ser consideradas verdadeiras obras-primas, como Canto de Xangô, Bacoché, Canto de Iemanjá, Tempo de Amor e Labareda.
Tive a oportunidade de assitir a um show de Baden pouco antes de sua morte, com o músico já com a idade um tanto avançada, e já sem o mesmo vigor, mas era ele com sua batida de violão, sua técnica apurada e única. Era um pouco da história de nossa música a nos brindar com seus acordes.

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