Um dia após a morte de Tom Jobim, o Jornal do Brasil trazia um caderno especial falando de nosso grande compositor. Dentre os muitos textos sobre sua música, sua personalidade e seu pensamento, a edição de 09/12/94 falava sobre os muitos parceiros que o maestro teve ao longo da carreira, para valorizar ainda mais sua música. Segue abaixo o texto:
"Perfeito letrista das próprias músicas, Tom Jobim nunca se furtou a dividir com parceiros variados a sua produção musical. O primeiro deles foi Alcides Fernandes, com quem fez Solidão, cantada por Nora Ney e regravada por Caetano Veloso. Alcides era marido de uma empregada de sua família e, como contou o próprio Tom, ele o levou ao morro para conhecer de perto os sambistas. Nesse tempo - início dos anos 50 - Tom compôs com o baterista Juca Stockler, o Juquinha, em geral sambas-canções bem ao sabor da época, como Faz Uma Semana e Pensando em Você.
Em seguida, Tom começou a compor com parceiros mais conhecidos, como Dolores Duran (Por Causa de Você, Estrada do Sol e Se É Por Falta de Adeus) e Marino Pinto (Aula de Matemática, Ai Quem Me Dera). Em 1955 conquista um novo parceiro, Billy Blanco, com quem faz a ambiciosa Sinfonia do Rio de Janeiro e uma canção que seria seu primeiro sucesso de fato: Teresa da Praia. Era o início de uma penca de músicas de Tom que louvariam o Rio e seu estilo de vida.
Nesse mesmo ano, ele tem o mitológico e fundador encontro com Vinícius de Moraes. Um sem-número de pessoas afirma ter feito a tal apresentação. Mas o próprio Tom se encarrega de desfazer mal-entendidos: 'Várias pessoas me apresentaram ao Vinícius. Mas a apresentação oficial foi a do Lúcio Rangel. Essa é que ficou na história. Foi lá no Vilarino, no Centro da cidade, onde o pessoal bebia uísque e eu bebia minha cervejinha. Foi ali que o Lúcio Rangel me disse: 'O Vinícius está aqui precisando de um músico para sua peça de teatro'. Essa peça era o Orfeu da Conceição'. Começava ali a mais célebre parceria (ou grife) Tom & Vinícius: de Orfeu saíram pérolas como Se Todos Fossem Iguais a Você e Um Nome de Mulher. Dois anos depois, em 1958, a dupla seria finalmente lançada em disco através de Elizeth Cardoso em Canção do Amor Demais. Tom e Vinícius fariam cerca de 60 músicas regularmente até 1963, ano em que lançaram a mais famosa de todas, Garota de Ipanema, uma das cinco músicas mais executadas no mundo em todos os tempos.
Outro parceiro fundamental de Tom nos primórdios da bossa nova foi Newton Mendonça, que morreu cedo, em 1960, mas a tempo de deixar várias composições em parceria com Tom: Desafinado, Discussão, Foi a Noite, Caminhos Cruzados. Aloysio de Oliveira também compôs com Tom músicas como Dindi, Só Tinha de Ser com Você, Samba Torto e Inútil Paisagem.
Já na segunda metade dos anos 60, certa vez perguntaram a Tom o que havia e novo. 'Chico Buarque de Hollanda', foi a resposta. Pois o novato Chico seria seu novo parceiro. Foram ao todo doze canções: das primeiras Retrato em Branco e Preto e Pois É, até a linda e vaiada Sabiá (a vaia no Maracananzinho fez Tom Jobim chorar no Rebouças, voltando pra casa, testemunhou Chico), as canções da trilha do filme Para Viver Um Grane Amor e a última, Piano na Mangueira. Recentemente, Tom ficou meio sem parceiro fixo, compondo com letristas esparsos e musicando poemas que admirava. Com Cacaso fez Dinheiro em Penca, com Ronaldo Bastos, algumas músicas como Senhora Dona Bibiana e Rodrigo Meu Capitão. Tom também musicou poemas de Fernando Pessoa (Cavaleiro Monge e O Rio da Minha Aldeia) e Manuel Bandeira (Trem de Ferro)."
Tom teve duas parcerias com Luiz Bonfá : Amor sem Adeus e Correnteza.
ResponderExcluirObrigado pela informação
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