Em 1980 Moraes Moreira seguia sua carreira com grande sucesso. O ex-componente dos Novos Baianos havia lançado no ano anterior um álbum de grande sucesso, "Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira", e vinha fazendo muitos shows pelo Brasil. Na ocasião a revista Música, em matéria assinada por Cleide Nascimento, falava de Moraes e sua mistura de chorinhos, frevos e rocks:
"Antonio Carlos Moraes Pires, o Moraes Moreira, já não é mais o músico de Ituaçu, do interior da Bahia. Também não pertence ao grupo Novos Baianos, com quem conviveu durante 7 anos e que se tornou figura nacional. Pós-tropicalistas, como eles mesmos se definiam, chegaram a São Paulo numa época pouco fácil aos cabeludos e às irreverências.
Hoje, Moraes Moreira é o músico universal, o poeta que em versos intuitivos fala de seu novo tempo. Pombo Correio, uma espécie de hino carnavalesco deste ano, que o diga.
O pique de Trio Elétrico, aliás, está em tudo o que Moraes faz: 'o Trio pintou quando eu era menino. Totalmente original, desde o caminhão até a música'. Mas, só em 74 que Moraes partiu para a carreira solo, onde participou com duas músicas do LP Trio Elétrico de Dodô e Osmar, e de lá para cá gravou quatro discos só dele: 'Moraes Moreira', 'Cara e Coração' (com o sucesso de Pombo Correio), 'Alto Falante' (lembrando das audições musicais de fim de tarde na sua cidadezinha).
Moraes, no limite entre o popular e o popularesco, não perde o equilíbrio. Suas melodias, simples e diretas, saem sem querer, quando a gente começa a assobiar. E, ao mesmo tempo, são complicadas e trabalhadas, mistura de Jimi Hendrix - dizem - com um pouco do carnaval da Bahia.
Rock, xote, baião, xaxado, frevo, samba... Tudo é válido. Essa sonoridade Moraes Moreira colocou também em 'Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira', nome de seu último LP e do show que apresentou no Teatro Procópio Ferreira.
Neste show, sempre cabeludo e ainda misturando chorinhos com rock, Moraes se apresentou maravilhosamente bem, acompanhado de Oswaldinho (acordeon), Aroldo (guitarra baiana), Tony Costa (guitarra), Guilherme (baixo), Inácio (bateria), Baixinho (percussão), André (bumbo) e Zeca Barreto (vocal e cavaco elétrico).
'Sou da geração dos cabeludos, a geração da cabeça desfeita, que escuta tanto João Gilberto como Jimi Hendrix'. É assim que o baiano Moraes Moreira, 32 anos, costuma se definir.
'Eu e o João Gilberto vimos uma mulata descendo umas ladeiras do Rio de madrugada, mas na maior energia, no maior swing. Aí, o João disse: 'lá vem o Brasil descendo a ladeira'. Eu guardei essa visão poética e, só no verão do ano passado, é que virou música. O João acabou batizando o meu disco e eu acabei dando o nome deste show, que venho apresentando por todos os estados e cidades brasileiras'.
'Sou da geração dos cabeludos, a geração da cabeça desfeita, que escuta tanto João Gilberto como Jimi Hendrix'. É assim que o baiano Moraes Moreira, 32 anos, costuma se definir.
'Eu e o João Gilberto vimos uma mulata descendo umas ladeiras do Rio de madrugada, mas na maior energia, no maior swing. Aí, o João disse: 'lá vem o Brasil descendo a ladeira'. Eu guardei essa visão poética e, só no verão do ano passado, é que virou música. O João acabou batizando o meu disco e eu acabei dando o nome deste show, que venho apresentando por todos os estados e cidades brasileiras'.
''Geração da cabeça desfeita'',adorei.
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