Em sua edição nº 20, de junho de 1974, a revista Pop trazia uma entrevista com Elis Regina. A cantora na ocasião estava lançando o antológico álbum em parceria com Tom Jobim, e falou do disco e de outras coisas, naquele jeito franco, que sempre foi sua característica. A matéria, assinada por Nelson Rubens (que não sei se é o mesmo que ficou conhecido pelas colunas de "fofocas" do mundo artístico na TV) traz como destaque a frase: "Já apanhei muito da vida. Agora ninguém mais me dá pancada". Antes da entrevista propriamente dita há um texto introdutório que diz:
"Ela está mais segura, tranquila, com mil coisas novas para contar. O álbum junto com Tom Jobim (saindo aqui), gravado nos estúdios MGM, em Los Angeles, Estados Unidos; o concerto no Teatro Municipal de São Paulo, em setembro, também com Tom; e uma temporada nos EUA, no começo do ano que vem. Elis está de bem com a vida. A fala mansa e os gestos descontraídos revelam uma incrível paz interior, de quem sabe o que quer. 'Eu quero cantar, viver e até sonhar. Em paz!'.
Abaixo, a entrevista;
Pop - Elis, você mudou bastante, de uns tempos pra cá. Até o cabelo cresceu. Há alguma razão especial?
Elis - Bom, eu acho que a gente não muda. A gente se acrescenta. Esse lance do cabelo mais comprido, por exemplo, foi coisa do meu filho, o João Marcelo. Ele um dia me perguntou: 'Mamãe, por que todas as mães dos meus amiguinhos têm cabelos e você não?' Já viu, né? Aí, eu tive de tomar uma atitude.
Pop - E essa tranquilidade, Elis, onde você encontrou?
Elis - Há dois anos eu venho tentando botar minha vida em ordem. E consegui. Hoje, eu canto e vivo em paz. O fundamental é que me sinto amparada por gente que gosta de mim. E isso se reflete no meu trabalho. Eu nem me grilo mais com as críticas ao meu comportamento. O que importa agora é a Elis profissional, que agora existe mais que nunca!
Pop - E esse novo disco com o Tom Jobim? O que ele representou na sua carreira?
Elis - Olha, esse é um disco cheio de recordações que pertencem à minha adolescência, quando eu achava tudo divino-maravilhoso. Ele inclui músicas de quinze anos atrás, que nem aparecem nas paradas de sucesso. Mas tem também bossa nova e as composições novas de Tom e Chico Buarque. É uma boa seleção. A gente ouviu mais de duzentas músicas, antes de escolher as que iam entrar na gravação.
Pop - Foi bom trabalhar com Tom Jobim?
Elis - Ah, foi sensacional. No começo eu estava meio inibida . Sabe como é, né? Ele é um cara que tem uma tremenda fama! Mas, aos poucos, mil papos foram pintando e eu descobri que ele é uma pessoa maravilhosa, muito sensível, que conhece profundamente a música brasileira, de Villa-Lobos a Pixinguinha. A gente se deu tão bem, que no final da gravação, quando ouvimos a fita, houve uma choradeira geral. Tom chorou. Eu chorei. Choramos juntos, como duas crianças. Foi incrível! Eu senti umas das emoções mais fortes da minha vida.
Pop - Conta como foram os seus dias nos Estados Unidos.
Elis - A gente ficou o tempo todo em Los Angeles, onde estão os estúdios da MGM. De dia, nós discutíamos sobre as músicas que íamos gravar. Às 7 da noite já estava todo mundo no estúdio para trabalhar até de madrugada. Mas o importante é que gravar naqueles estúdios dá gosto. Quando a gente terminava uma faixa, as luzes se apagavam. Aí ficava todo mundo deitado no tapete, no maior silêncio, ouvindo a fita. Foi um trabalho duro, mas compensador. Normalmente, Tom demora para gravar um disco. O nosso levou vinte dias. Sacou a correria?
Pop - E agora, quais são os seus planos?
Elis - O Roberto Oliveira (seu empresário) está transando uma temporadas nos Estados Unidos, além da apresentação que eu e Tom faremos em setembro, no Teatro Municipal de São Paulo.
Pop - Isso também é reflexo dessa fase boa?
Elis - Claro! Eu hoje faço tudo com calma. E tenho até tempo para sonhar. Afinal, tenho só 29 anos e ainda pretendo sonhar muito. Antes, eu vivia apanhando da vida. Agora não, está tudo legal. Ninguém mais me dá pancada. Acho que esta é a melhor fase da minha vida."
Pop - E essa tranquilidade, Elis, onde você encontrou?
Elis - Há dois anos eu venho tentando botar minha vida em ordem. E consegui. Hoje, eu canto e vivo em paz. O fundamental é que me sinto amparada por gente que gosta de mim. E isso se reflete no meu trabalho. Eu nem me grilo mais com as críticas ao meu comportamento. O que importa agora é a Elis profissional, que agora existe mais que nunca!
Pop - E esse novo disco com o Tom Jobim? O que ele representou na sua carreira?
Elis - Olha, esse é um disco cheio de recordações que pertencem à minha adolescência, quando eu achava tudo divino-maravilhoso. Ele inclui músicas de quinze anos atrás, que nem aparecem nas paradas de sucesso. Mas tem também bossa nova e as composições novas de Tom e Chico Buarque. É uma boa seleção. A gente ouviu mais de duzentas músicas, antes de escolher as que iam entrar na gravação.
Pop - Foi bom trabalhar com Tom Jobim?
Elis - Ah, foi sensacional. No começo eu estava meio inibida . Sabe como é, né? Ele é um cara que tem uma tremenda fama! Mas, aos poucos, mil papos foram pintando e eu descobri que ele é uma pessoa maravilhosa, muito sensível, que conhece profundamente a música brasileira, de Villa-Lobos a Pixinguinha. A gente se deu tão bem, que no final da gravação, quando ouvimos a fita, houve uma choradeira geral. Tom chorou. Eu chorei. Choramos juntos, como duas crianças. Foi incrível! Eu senti umas das emoções mais fortes da minha vida.
Pop - Conta como foram os seus dias nos Estados Unidos.
Elis - A gente ficou o tempo todo em Los Angeles, onde estão os estúdios da MGM. De dia, nós discutíamos sobre as músicas que íamos gravar. Às 7 da noite já estava todo mundo no estúdio para trabalhar até de madrugada. Mas o importante é que gravar naqueles estúdios dá gosto. Quando a gente terminava uma faixa, as luzes se apagavam. Aí ficava todo mundo deitado no tapete, no maior silêncio, ouvindo a fita. Foi um trabalho duro, mas compensador. Normalmente, Tom demora para gravar um disco. O nosso levou vinte dias. Sacou a correria?
Pop - E agora, quais são os seus planos?
Elis - O Roberto Oliveira (seu empresário) está transando uma temporadas nos Estados Unidos, além da apresentação que eu e Tom faremos em setembro, no Teatro Municipal de São Paulo.
Pop - Isso também é reflexo dessa fase boa?
Elis - Claro! Eu hoje faço tudo com calma. E tenho até tempo para sonhar. Afinal, tenho só 29 anos e ainda pretendo sonhar muito. Antes, eu vivia apanhando da vida. Agora não, está tudo legal. Ninguém mais me dá pancada. Acho que esta é a melhor fase da minha vida."
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