Palavras Domesticadas

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sábado, 9 de março de 2013

Thimoty Leary - Entrevista à Playboy

O Dr. Timothy Leary foi uma das mais polêmicas e marcantes figuras da contracultura. Psicólogo, neurocientista, professor e escritor, Leary se tornou famoso por ter desenvolvido experiências com o LSD, inclusive com seus alunos na universidade de Harvard, o que provocou sua expulsão da entidade.
Tudo começou em 1960, no México, quando Leary coloca na boca alguns cogumelos, e passa ater visões e alucinações. De volta a Harvard, ele começa a experimentar em centenas de voluntários os efeitos da psicolocibina (princípio ativo dos cogumelos sagrados mexicanos). Após sua expulsão da universidade onde lecionava, Leary organiza a IFIF (Fundação Internacional para a Liberdade Interior), no México, onde intensifica suas atividades com a mescalina, ahuasca, ácido lisérgico, e é convidado a retirar-se do país. Suas atividades, consideradas ilícitas mo levaram à prisão. Em 1966 ele afirmava: "O homem está pronto para utilizar a fabulosa rede elétrica que carrega no crânio e deslizar nesta corrente".Leary morreu em 1996, aos 65 anos, e no fim de sua vida se dedicava à informática, vislumbrando na Internet uma revolução tão fantástica quanto lisérgica.
Abaixo, transcrevo trechos de uma entrevista que Leary deu à revista Playboy, nos anos 70:
"- Quantas vezes o senhor tomou LSD?
- Até este momento passei por 311 sessões psicodélicas
- O que elas fizeram com você?
- Não é fácil responder. Eu estava com trinta e nove anios quando tive minha primeira experiência psicodélica. Era um homem agonizante. Minha alegria de viver, minha disposição sexual, minha criatividade estavam indo por água abaixo. Desde então, seis anos atrás, minha existência tem se renovado em todas as dimensões. A maioria de meus colegas na Universidade da Califórnia e em Harvard pensam que me tornei excêntrico. Creio que apenas 15% deles entendem e concordam com o que estou fazendo.
- Quanto dura cada sessão?
- De oito a doze horas.
- Com elas são? O que ocorre a você?
- Respondendo de uma maneira geral, as pessoas têm uma experiência de aceleração e intensificação dos sentidos e do processo mental, o que causa certa confusão àqueles que não estão preparados para isto. Através de milhares de sinais que eclodem por segundo em seu cérebro, em cada sessão de LSD você sintoniza mensagens que conscientemente nem perceberia. Isso pode levá-lo ao êxtase ou a um estado de confusão.. Em vez de uma, duas ou três coisas ocorrendo linearmente em sequência, você é arremessado subitamente num turbilhão de centenas de luzes, cores, sugestões e imagens. O LSD mostra que a visão normal é como a imagem de uma televisão mal ajustada. Sob o efeito da droga seus olhos tornam-se microscópicos e você vislumbra os radiantes detalhes de tudo que aparece. Tudo se anima nas iridescentes ondas de luz em seus olhos.
- A audição também é intensificada?
- Tremendamente. Com o LSD o órgão de Corti em nossos ouvidos interiores torna-se uma membrana tremulante vibrando com as tatuagens das ondas sonoras. As vibrações penetram fundo dentro de você. Escuta uma nota de uma sonata de Bach e ela continua soando suspensa, num tempo dilatado e interminável. Você orbita em torno dela. Então inicia-se a segunda nota e você desliza vagarosa e suavamente em torno das duas, contemplando a harmonia e as dissonâncias que se refletem na história da música. Mas quando seu sistema nervoso realmente sintoniza-se ao LSD e todos os fios se conectam, os sentidos começam a se amalgamarem. Você não apenas ouve, mas começa a ver a música emergindo dos alto falantes como partículas dançantes, como serpenteantes ondulações de pasta de dente.
- Experiências psicodélicas vão enriquecer a existência humana?
- Com LSD o homem estará apto para compreender que a história completa da evolução humana está impressa em seu corpo. Em vez de incorrer num conhecimento enlatado, estático e acabado, vai utilizar seus oitenta ou mais anos neste plano para vivenciar cada possibilidade de sua aventura humana e até sub-humana. Esta será a solução natural para o problema do lazer.

Um comentário:

  1. Massa! Ainda não li toda a entrevista, apesar de me interessar pelas matérias da época sobre o assunto.

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