Palavras Domesticadas

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

James Dean e a Síndrome da Juventude Transviada


James Dean se tornou um mito, uma figura lendária, um símbolo de juventude, principalmente após sua prematura morte, aos 24 anos. Um acidente automobilístico com seu Porshe, que dirigia em grande velocidade fez de Dean um mito e símbolo de uma juventude que passou ainda mais a cultuá-lo. Dono de um grande carisma e um talento todo especial para encarnar a imagem do jovem americano do pós-guerra e seus conflitos tão característicos daquela geração, James Dean teve em Rebel Without a Cause (no Brasil, Juventude Transviada) o seu grande papel no cinema.
Adaptado de um livro escrito por um autor pouco conhecido, Robert M. Lindner, o filme, lançado em 1955, acabou ganhando uma projeção enorme, e elevou James Dean à categoria de astro de primeira grandeza do cinema americano, por sua imagem e sua excelente interpretação do anti-herói Jim Stark. Dirigido por Nicholas Ray, que logo sugere o nome de Dean para o papel de protagonista, o filme trazia às telas a questão da delinquência juvenil presente na classe média americana, os conflitos de gerações presentes nas conturbadas relações familiares, as brigas de gangues, etc. Inspirado um pouco no clássico Romeu e Julieta, que segundo a visão do diretor era a melhor peça já escrita sobre delinquência juvenil, o filme procura mostrar o mesmo sentimento dos personagens de Shakespeare, adaptado àqueles tempos, com a diferença que o casal Jim e Judy (interpretado por James Dean e Natalie Wood) não morrem, e sim outros personagens do elenco de apoio.
O acerto na escolha de Dean para o papel principal ficou evidente logo no início das filmagens, pelo entusiasmo com que ele se entregou ao personagem, inclusive dando várias sugestões ao diretor, o que levou a muitos que participaram das filmagens a afirmarem que Dean até merecia ser creditado como co-diretor do longa.
 Uma das cenas mais marcantes do filme, é aquela clássica em que os personagens Jim e Buzz participam de um perigoso desafio: apostam uma corrida em carros roubados, em direção a um abismo, sendo que perderia aquele que pulasse primeiro. No instante do salto, o personagem Buzz não consegue pular, pois a manga de sua jaqueta fica presa na maçaneta do veículo. Após o ocorrido, vendo o outro carro em chamas, o personagem de Dean vive um conflito interior, e se julga responsável pela morte de seu desafiante. Momentos antes de entrarem nos carros Jim e Buzz, que faziam parte de gangues rivais, conversam particularmente, revelam seus sentimentos mais íntimos, e naquele breve e derradeiro encontro admitem uma estima mútua. Em seu último instante de vida, Buzz passou a ser um amigo. Mais um conflito freudiano para o já problemático Jim Stark.
Naquele mesmo ano, no dia 30 de setembro, a morte de James Dean, no auge do sucesso e popularidade, causou grande comoção mundial, e até hoje é mitificado. Por morrer jovem, deixou cravada pra sempre, sua imagem como um símbolo eterno de juventude.
Sobre Dean, e seu precoce desaparecimento, o escritor Antonio Bivar, que lançou nos anos 80 uma pequena biografia do ator, escreveu:
"A cem por hora, de tardinha, Jimmy sabia que no seu Porshe Spyder último tipo sua vida estava por um fio. Insistiu - queria mais, sempre quis mais. E correu, e conseguiu. Ficou o símbolo de uma geração moderna, ficou a genialidade de uma carreira meteórica e a marca destruidora de velhas ilusões. O que nos resta, além de um Camel e um mundo vermelho e azul? Muitas, novas ilusões. E a estrada, e o sol poente à nossa espera."

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