Em 1985 uma notícia mexeu com a cena do rock brasileiro, que vivia o auge do sucesso do chamado Brock: Cazuza, vocalista, compositor e principal nome de uma das bandas de maior sucesso do rock brasileiro da época, o Barão Vermelho, iria deixar a banda e seguir carreira-solo. O futuro do Barão ficou indefinido com a notícia. A banda conseguiria sobreviver sem a figura de Cazuza à frente? A banda teria fôlego para seguir em frente? Seria um duríssimo desafio para os demais componentes, mas o tempo provou que o Barão saberia dar a virada e seguir adiante com Frejat assumindo os vocais, e sem a parceria com Cazuza. Em seu nº 21 a revista Roll trazia uma matéria sobre a recente novidade no mundo do rock nacional, que ganharia o título de "Os Ossos do Barão":
"A notícia estourou como uma bomba: numa fria noite de domingo, o Brasil tomava conhecimento da saída de Cazuza, um dos mais festejados cantores/compositores da nova geração, do não menos idolatrado Barão Vermelho. O pior é que na mesma semana o nosso Caza adentrou um hospital, vítima de uma mononucleose que deu margem aos boatos mais grosseiros. Hoje, passado o pânico geral, os boatos e ti-ti-tis continuam. A maioria sem nenhum fundamento.
Em primeiro lugar, o divórcio não foi tão litigioso como pensam muitos. Durante a excursão-monstro do Barão por todo o Brasil, no primeiro semestre, o blues da saída recebia seus primeiros acordes. Parecia ponto pacífico, mas um acordo chegou a ser esboçado e o grupo estava prestes a entrar em estúdio para gravar o novo LP, quando Cazuza resolveu sartar de vez.
Para Frejat, a decisão não deixou de ser surpreendente, embora já fosse esperada. A ideia era fazer esse disco - provavelmente o último com Cazuza -, talvez uns shows, e, para encerrar com chave de ouro, um álbum ao vivo. Cazuza, no entanto, não se sentia mais no mood, e preferiu sair a fazer um trabalho que não correspondesse. O mais importante é que todos garantem não haver problema nenhum entre eles.
O Barão com o produtor Ezequiel Neves |
Para gravar seu primeiro disco, que deve sair entre novembro e dezembro, Cazuza ainda vai aproveitar quatro parcerias suas com Frejat, além de trabalhos com Lobão (como 'Mal Nenhum', apresentada pelo Barão no Rock In Rio), Leoni (Kid Abelha), Paulinho Soledade e outros. A produção musical fica por conta do tecladista Nico Resende (presente em 'Normal', o mais recente LP de Lulu Santos), que transará os arranjos junto a Cazuza. Ele pensa em chamar uma banda de apoio para tocar no disco e seguir em shows, não descartando as participações especiais, é claro (Lobão já está confirmado na bateria).
Já o Barão só entra em estúdio ano que vem, por volta de fevereiro. Até lá continuarão os ensaios, até para decidir a questão vocal. A princípio, todos dividirão o canto, mas não descartam a hipótese de um novo vocalista. As composições não chegam a constituir problema, já que todos compõem com certa desenvoltura. O grupo deve iniciar uma excursão pelo interior no final do ano, para chegar tinindo à gravação. O que se nota no Barão é um entusiasmo e uma garra muito grandes para provar que o grupo tem o seu valor e espaços próprios, independente da superexposição a que a mídia submeteu Cazuza.
Caza também se sente muito cobrado e acha graça das expectativas alimentadas sobre sua carreira solo. Garante não terem nenhum fundamento as notícias de que partiria para o samba-canção, por exemplo. Como ele mesmo diz, seu lado de autor é muito marcado para que possa fugir ao seu estilo característico. E promete muito blues, rock, hard e até bossa-nova.
Tanto Cazuza como o Barão estão dispostos a provar que podem seguir seus caminhos sem descambarem carreira abaixo. Enquanto isso, vão deglutindo o arsenal de abobrinhas detonadas por aí, prometendo muitas surpresas. Esperemos pra ver em que praia vai bater essa onda."
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