Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 7 de maio de 2012

The Allman Brothers at Fillmore East - O Melhor Disco ao Vivo da História

Muitos críticos consideram o álbum "The Allman Brothers at The Fillmore East", gravado em 1971, como o melhor disco ao vivo da história. Realmente é um discaço. O The Allman Brothers Band é uma das melhores bandas de rock de todos os tempos, e esse álbum, que é duplo em sua versão em vinil, capta bem toda a magia de um show deles no palco. Em 1993 esse disco foi relançado com algumas faixas-bônus e takes que ficaram de fora da versão original, e que só vieram a valorizar esse magnifífico álbum. Na ocasião desse relançamento, o crítico Carlos Albuquerque fez uma resenha para a sessão dominical Rio Fanzine, do jornal O Globo:
"É tendencioso o disco 'The Allman Brothers at The Fillmore East'. Depois de ouvi-lo, você tende a achar sem graça todos os outros discos já lançados. Pior. Você tende a perder a moderação. Afinal, 'At Filmore East' - o registro de duas apresentações da banda no legendário teatro de Nova York em março de 1971 - é o melhor ao vivo da história da humanidade, um disco insuperável, sublime, genial, fantástico, uma coisa de louco.
E agora, o mais incrível. Conseguiram aperfeiçoar o que já era perfeito. Isso mesmo! Mais de 21 anos depois do seu lançamento, "At The Fillmore Concerts', cd duplo produzido por Tom Dowd (o mesmo do disco-mãe) com takes alternativos e músicas não incluídas no disco original - algumas retiradas de um terceiro concerto no mesmo local, no dia 27 de junho de 1971, data em que o Fillmore abriu suas portas pela última vez.
Motivos não faltam para tamanho culto a um disco só. Adeptos distantes da máxima futebilística de que treino é treino e jogo é jogo, os Allman Brothers sempre souberam que estúdio é estúdio e palco é palco. A garotada que entrava em filas e pagava alguns dólares para ver os shows do grupo sabia que o retorno era certo e imediato. Os AB suavam cada cent do ingresso em sets que duravam no mínimo duas horas. Na excursão americana do grupo em 1971 - foram mais de 140 shows em ginásios, clubes e arenas - a química entre seus integrantes chegou ao auge exatamente nos shows no Fillmore. A formação era a clássica do AB: as baterias de Jaimoe e Butch Trucks, o órgão Hammond e a voz bluseira de Greg Allman, o baixo de Berry Oakley e as guitarras afiadas de Duanne Allman (ao lado de Ry Coder, o maior slide guitar de todos os tempos) e Dickey Betts. A receita: um misto quente de blues e rock básico, bem traduzida em músicas como 'Statesboro Blues' e 'Stormy Monday' (de Elmore James). O ponto forte: as longas improvisações do grupo, em jams que chegavam a incríveis 30 minutos de duração (caso de 'Mountain Jam', uma inédita incluída em 'The Filmore Concerts), sem que um momento sequer a coisa descambasse para o exibicionismo gratuito. Os Allman Brothers tinham um entrosamento orgânico poucas vezes visto e ouvido na música pop. Pura magia. Espontâneas, apaixonadas, transcendentais, as apresentações da banda no Filmore ganharam com esse 'The Fillmore Concerts' um refil capaz de mantê-las por mais 21 anos na lista dos grandes momentos do rock and roll. É a tendência natural das coisas."

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