Palavras Domesticadas

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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tetê Espíndola no Sesc Campos


O Sesc Campos trouxe na noite de ontem um show com a cantora Tetê Espíndola. Dona de uma voz peculiar, que alcança notas agudíssimas, e que levou o poeta Augusto de Campos a dizer que ela tem "pássaros na garganta", Tetê é uma intérprete que prima pela boa escolha de seu repertório. Ela ficou marcada por Escrito nas Estrelas, vencedora do Festival dos Festival da Globo, em 1985, e desde então a música passou a tornar-se obrigatória em seus shows, tamanho o sucesso que fez e ainda faz. Muitas pessoas costumam medir o valor dos artistas pelos sucessos que colocaram nas paradas e execuções nas rádios, discos vendidos, etc. Essas pessoas, com certeza, dirão que ela só tem Escrito nas Estrelas para interpretar, e suas demais músicas são desconhecidas. Para essas pessoas o show de ontem não seria recomendado, já que Tetê, ao longo de sua carreira, que já soma mais de trinta anos, não se preocupou em emplacar outros sucessos da envergadura daquele que a consagrou. Certamente ela deve ter recebido propostas de gravadoras, para direcionar seu trabalho para uma linha mais popular, aproveitando o sucesso e a exposição que alcançou naquele festival. Porém, Tetê continuou trilhando o caminho que já seguia antes da consagração da música que interpretou no festival. Ela chegou a fazer parte do movimento Vanguarda Paulistana, nos anos 80, e fez parte da banda Sabor de Veneno, de Arrigo Barnabé. Na verdade, o espetáculo de ontem foi um pocket-show, um show curto, onde ela procurou cantar músicas dos cds que lançou, e algumas mais conhecidas, como Índia, que já recebeu inúmeras regravações, e Iracema, de Adoniram Barbosa. Acompanhada apenas de uma craviola, para quem não conhece, um tipo de violão inventado pelo violonista Paulinho Nogueira e que tem uma sonoridade diferente, entre o cravo (espécie de órgão muito utiizado em músicas clássicas religiosas), e a viola, Tetê fez um show curto, que era a proposta do evento. Apesar de no anúncio do show constar a participação de dois músicos, ela se acompanhou sozinha. Antes do show, ela falou um pouco sobre sua vida profissional e seus projetos ligados à ecologia, meio-ambiente, etc - ela que é da região do pantanal matogrossense, é engajada e ligada à natureza, e a música que interpreta e produz reflete essas preocupações. Ao final do show, logicamente não poderia faltar Escritos nas Estrelas, e ao voltar para o bis, ela propôs alguma sugestão para o público, sendo sugerido Refazenda, de Gil, que ela gravou no disco Piraretã , de 1980, que por sinal, eu levei o vinil para ela autografar após o show. Foi sem dúvida um belo espetáculo.

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