Palavras Domesticadas

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domingo, 11 de setembro de 2011

Peter Tosh - A Segunda Voz do Reggae


Peter Tosh foi uma figura lendária do reggae. Companheiro de Bob Marley nos Wailers, e propagador do reggae, quando o ritmo estava sendo descoberto fora dos domínios da Jamaica, Tosh, como Marley, teve uma morte prematura. Foi assassinado durante um assalto. Quando se completaram dez anos do ocorrido, foi lançada uma caixa de cds com várias de suas gravações, algumas delas inéditas. A sessão Rio Fanzine do jornal O Globo destacou o lançamento, e ainda lembrou a passagem de Peter Tosh no Brasil, em 1980. Ele esteve aqui para se apresentar no Festival de Jazz de São Paulo, e ainda apareceu em uma cena da novela Água Viva, da Globo. Lembro bem da cena da novela: ele cantando ao violão, e um gupo de jovens ao redor, entre eles, a atriz Lucélia Santos. Eis a matéria, intitulada O Cidadão Honorário do Reggae:
"Dez anos atrás, boom, boom, boom. Vários tiros disparados pelo marginal Denis 'Lepo' Loban acabaram com a vida de Peter Tosh, um dos gigantes do reggae, num assalto em sua casa em Kingston, Jamaica. Uma década depois da tragédia, plin, plin, plin, as máquinas registradoras saúdam a chegada às lojas da caixa 'Honorary Citzen' (Sony legacy), com três cds que passam a limpo a carreira de Tosh. O controverso astro que sempre atacou a 'shitstem' (a forma, intraduzível,como se referia ao sistema de valores do mundo ocidental) é lembrado por esse mesmo 'sistema' com um produto comercial - belíssimamente acabado, diga-se de passagem. Poderia ser diferente?
Talvez. Mas para os fãs, ainda bem que não foi diferente. 'Honorary Citzen' traz espalhados pelos três cds tanto clássicos da carreira solo de Tosh (Don't Look Back, Bush Doctor), como versões ao vivo até então inéditas (o clássico Johnny B. Goode, Mystic Man) e singles de valor histórico, alguns com a presença dos seus companheiros na primeira fase dos Wailers, Bob Marley e Bunny Wailler. Material bom.
Peter Tosh esteve no Brasil em 1980 como uma das atrações do Festival de Jazz de São Paulo, que aconteceu no Anhembi. Tosh chegou ao país um pouco antes do horário do show. Segundo jornais da época, o atraso se deu porque ele demorou a conseguir um visto da imigração americana, embora fosse apenas um passageiro em trânsito. Mesmo com esses problemas, ele acabou fazendo uma apresentação histórica.

Acompanhado por uma banda que tinha como destaques os fantásticos Sly Dunbar (bateria) e Robbie Shakespeare (baixo), ele subiu ao palco vestindo uma roupa árabe (incluindo o turbante), e com óculos escuros. A galera, que nunca tinha visto um show de reggae daquele porte, ficou maluca. Tosh acendia um baseado atrás do outro, dava golpes de karatê no ar, intercalava as músicas com a saudação rasta (Jah, rastafari!) e desfilava um leque de canções militantes (como Get Up Stand Up) num país que começava a se libertar da ditadura e via ser ensaiado o processo de abertura política. Foi um baque.
No dia seguinte ao show, Tosh veio para o Rio. Ficou num hotel em Ipanema e circulou pela cidade. Foi ao Canecão, onde acontecia um concurso de patins (moda na época) e chegou a ser barrado pelos seguranças. Entrou, mas não teve a mesma sorte na sua parada seguinte, um bar no Jardim Botânico, onde sua entrada foi realmente vetada. Toque pitoresco da visita: sua participação na novela 'Água Viva', cantando e tocando violão numa festa na casa da personagem Estela, vivido por Tônia Carreiro."

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