Palavras Domesticadas

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domingo, 14 de agosto de 2011

Rita Lee 1973 - Retomada na Carreira



Em julho de 1973 a revista Pop trazia uma matéria com Rita Lee, recém-saída dos Mutantes. Na época ela retomava a carreira, ao lado de Lúcia Turnbull, quando formou a efêmera dupla as Cilibrinas. Na matéria Rita afirma que sua saída dos Mutantes foi pacífica e na boa, fato desmentido por ela muitos anos depois, quando afirmou ter sido expulsa da banda. Também fala de drogas, afirmando que não as usava na época, coisa que também não corresponde a verdade. Interessante também é o uso do verbo transar, que na época tinha outro sentido. Transar com alguém significava trocar experiências, interagir com essa pessoa. Abaixo trechos da matéria:
"No começo, ela não sabia exatamente o que ia fazer. Pensou uma banda só com mulheres e até ir pra África fazer Teatro Mágico. Achou que era piração e ficou.
Nessa jogada, a Rita fica com o teclado, mexe com o mug, flauta, harpa e violão. Lúcia, que apareceu, pela primeira vez, num palco brasileiro cantando na peça Casamento do Pequeno Burguês e já havia transado em Londres (com um grupo de música folk) é quem toca pra valer no Cilibrinas. Ela está com os instrumentos de corda, banjo, viola americana e guitarra.
Cândido é o técnico de som do conjunto e vai ter uma participação ativa, dando efeitos eletrônicos, jogando o som de um lado para o outro, mexendo com o eco, as fitas. Horácio vai cuidar da parte visual: luzes, ilusão de ótica, cenário.
O afastamento de Rita dos Mutantes não foi como o dos Beatles. Tudo aconteceu na base da paz e amor.
'Nós não nos desunimos. No nosso caso, o que ocorreu foi uma multiplicação. Agora, em vez de apenas os Mutantes, existem Rita e Lúcia. A música dos Mutantes sempre foi muito do meu gosto, apesar da letra um pouco fraca. Saí para abrir novos caminhos.'
Antes de Caetano e Gil, tudo era uma caretice no Brasil, diz Rita Lee. 'Agora, o que se vê é uma reviravolta geral, na cuca das pessoas, no som. Esse papo de astral, de interesse pela pessoa humana está sendo curtida pra valer pelo pessoal. Agora a turma está mais solta, mais bem informada, sem medo do imprevisto. Ou estou pirando ou as coisas estão mesmo melhores.'

Ela não tem religião, mas é ligada no zen-budismo. Curte muito horóscopo, seu signo é Capricórnio, e sabe que pode transar legal com Touro e Virgem. É contra droga e outros baratos que só fazem intoxicar o organismo e diz que o importante é ter fé pra chegar até Deus.
Separou-se do marido, Arnaldo, porque 'isso de transar com uma só pessoa limita muito'. Atualmente, Rita dorme na casa de Lúcia, passa na sua só para apanhar as roupas e ensaia na casa de Arnaldo. Lúcia Turnbull, a parceira de Rita Lee, tem vinte anos, é paulista e estuda canto e teoria musical. Com catorze anos começou a tocar violão, já vidrada nos Mutantes. Em 1969 morou em Londres, onde tinha um grupo de música folk, que se apresentava em clubes e praças públicas. Sempre curtiu muito som americano, o que determina, de certa forma, seu modo folk de cantar e pensar as coisas. Seu entrosamento com Rita foi natural e espontâneo.
Grande inovação no Cilibrinas: utilização de vários aromas nos shows.'É pra obrigar as pessoas a usar todos os sentidos'"

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