Palavras Domesticadas

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segunda-feira, 15 de março de 2010

Novos Horizontes


Trazíamos a tempestade nos olhos e o estranho e persistente desejo de abrirmos clareiras nas florestas interiores que pulsam em nossos corações. Buscávamos um ponto luminoso que nos guiasse nas noites sem luar que envolviam impiedosamente nossos corpos. Nossos passos cansados e trôpegos nos conduziam instintivamente por atalhos que nossos olhos, lacrimejados pela esvoaçante poeira, não alcançavam. Era uma cansativa e obstinada caminhada rumo a um ponto distante e desconhecido, que nos fazia derrubar as muralhas da incerteza, pois sentíamos que ao final da jornada teríamos um horizonte de visões belas e claras para mirar.
Nossa liberdade interior estava adormecida, e o silêncio a nossa volta nada fazia para arrancar de algum ponto próximo ou distante um sopro de vida que a despertasse daquele estado dormente. O próprio vento soprava mudo, como se procurasse no silêncio um cúmplice para seus temores, e desse vida ao desejo de passar despercebido e incógnito, sem trazer consigo as vozes de sua natureza.
Ficávamos a contemplar paisagens distantes, como se nossos corpos não carregassem a essência vital que abastece de luz e vida nossa alma, e o sabor do prazer estivesse abandonado em algum ponto esquecido e empoeirado de nossa mente. Sabíamos que o tempo era como uma chama, que com sua efêmera luz poderia se apagar tão rapidamente que nossos olhos só perceberiam os vestígios deixados pela fumaça, até sumir qualquer sinal de sua existência. Porém uma força interior nos impulsionava e nos fazia desviar os pensamentos de qualquer sinal de medo.
Nossos impulsos vitais nos conduziam através de sua força misteriosa, e nos faziam acreditar que o caminho a ser trilhado aguardava os nossos passos, pois sabia que o destino nos guiaria até ele. As evidências viriam trazer indicações, deixar rastros e abrir picadas em meio às densas florestas de incertezas que nossos receios cultivam em nossas mentes.
E ali estávamos nós, embriagados pelas visões de um mundo paralelo ao real e a tudo que se possa chamar de compreensível. Os impulsos provenientes da insaciável busca por algo mágico, e carregado de um sentido vital que nos fazia desviar dos caminhos óbvios que a vida nos indica, guiavam nossos passos e mentes em rotas alternativas que somente uma visão interior inexplicável poderia nos transportar.

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